Uma comissão independente instituída pela Wada (Agência Mundial Antidoping) aponta, em relatório que será divulgado ainda nesta quinta-feira (14), envolvimento do presidente russo, Vladimir Putin, em casos de doping do país no atletismo. A informação é da agência de notícias Associated Press.
Segundo a agência, o ex-presidente da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, foi informado antes do Mundial de Moscou-2013 pelo então advogado da entidade, Huw Roberts, que nove atletas russos foram flagrados no doping. O advogado queria saber como deveria proceder.
Diack, então, afirmou a Roberts que “estava em uma posição difícil que poderia ser resolvida apenas pelo presidente Putin, com quem ele havia construído uma amizade”. Nenhum dos nove atletas participou do Mundial em questão, mas seus casos não foram investigados pela IAAF.
Roberts se demitiu da associação no início de 2014, irritado por não ter controle sobre os casos positivos que envolveram os russos. Desde 2011, Diack delegava apenas a seu advogado pessoal, Habib Cissé, o manejo de doping envolvendo russos. Atualmente, Cissé é investigado pela Justiça francesa por corrupção.
Além de relacionar diretamente Putin, o relatório da Wada também conclui que não havia maneira de os principais dirigentes da IAAF estarem desavisados sobre a extensão dos casos de doping no atletismo e de corrupção.
Entre eles, o documento cita o inglês Sebastian Coe, que foi vice por oito anos e desde agosto preside a entidade, e o conselho, do qual faz parte o brasileiro Roberto Gesta de Melo.
O chefe da comissão independente da Wada, o canadense Richard Pound, afirma que a IAAF precisa se reestruturar. “A corrupção estava impregnada na organização”, escreve Pound no relatório, segundo a Associated Press.
O documento detalha ainda um súbito aumento de US$ 6 milhões para US$ 25 milhões pelos direitos de transmissão do Mundial de atletismo de 2013. O dinheiro foi fornecido por um banco da Rússia. O filho de Lamine Diack, Papa Massata Diack, participou da negociação. Ele e outros dois dirigentes, além de um técnico, foram banidos da modalidade na semana passada.
No primeiro relatório da comissão independente da Wada, divulgado em novembro, foi exposta uma ampla rede de dopagem na Rússia, principalmente no atletismo. O esquema envolvia também a agência antidoping russa, laboratório credenciado pela própria Wada, e o serviço secreto do país.
A comissão também recomendou o banimento do atletismo russo de todas as competições internacionais até segunda ordem, o que foi acatado pela IAAF.
A federação russa de atletismo precisa cumprir uma série de exigências com urgência para não ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.
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