Projeto
Leões do Vôlei
Padrinho do projeto Leões do Vôlei, bancado pela Matte Leão, Emanuel comemora a oportunidade de tentar mudar a vida de 600 crianças desde 2008. "A gente não quer formar grandes atletas aqui, mas sim dar a iniciação para que sigam seu caminho, para que sejam cidadãos", discursa o atleta, que ontem virou a alegria de centenas de crianças na Fazenda Rio Grande. Ao todo, 280 crianças de duas escolas municipais da cidade têm aulas de vôlei duas vezes por semana no contraturno escolar.
O paranaense Emanuel, campeão olímpico em Atenas-2004, não precisaria se esforçar para ser um exemplo. Mas ele faz questão e se orgulha disso. Ontem à tarde, quando visitou o projeto "Leões do Vôlei", do qual é padrinho ao lado de Giba, na Fazenda Rio Grande, o atleta de vôlei de praia foi o modelo que não teve no início de carreira.
"Lembro muito bem que quando era criança teve um campeonato mundial aqui e as pessoas não me deram autógrafo. Aquilo me marcou muito. Falei para mim mesmo que quando eu fosse um atleta de ponta daria atenção para todo mundo", recorda. E ele faz bem mais do que o estritamente necessário.
Um dia após conquistar a primeira etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no Recife, o parceiro de Alison deu atenção, carinho, autógrafos e tirou fotos com mais de cem crianças de duas escolas municipais da cidade da Região Metropolitana de Curitiba que recebem seu projeto.
Ao tirar do bolso uma de suas medalhas de ouro ele tem dez títulos do Circuito Mundial e oito do Nacional arrancou um enfático grito de surpresa da meninada. A reação foi superada apenas por quem dividiu a quadra com o campeão durante uma atividade. Um sonho para os jovens. Obrigação para o mentor. "Nada mais justo do que eu ceder um pouco do meu tempo para que outras pessoas tenham essa possibilidade de aprender", justifica Emanuel, que começou a praticar o esporte aos 11 anos de idade.
Vinte e nove anos depois, aos 40, o paranaense segue dando exemplo também nas areias. Para jogar em alto nível contra adversários até duas décadas mais jovens, o medalhista de prata em Londres-2012 intensifica os treinos. "Esse é o grande diferencial. E que as novas gerações aprendam isso, que realmente o treinamento é importante. Nada de pensar só nos louros. Tem de pensar no suor mesmo", ensina o veterano, de olho na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
"Faz parte dos meus desejos. Realmente gostaria de representar o Brasil. Quero estar lá, mas as coisas não dependem mais de mim. Dependem da competitividade que vou ter, dos anos aí para frente, da nova geração chegando. Mas uma coisa eu digo. Tenho muito gás para chegar até lá", promete.
Mesmo merecedor da comparação Pelé do vôlei feita por Alison após o título no Recife, o curitibano faz questão de não aceitar o apelido. Começar a pensar em títulos passados, para ele, é sinal de estar no fim de carreira. Ainda não está na hora, defende. "Um dos meus desejos sempre foi ser uma fonte de bons exemplos, boa cultura, e hoje eu consigo isso. Então me dá muita tranquilidade [para seguir jogando] e fico muito feliz."
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