Apesar das conquistas recentes da natação brasileira, Cesar Cielo vê um retrocesso da modalidade no país. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, o campeão mundial dos 50 m livre e 50 m borboleta no Mundial de Barcelona, mês passado, afirma que o número de nadadores de alto nível no país não aumentou desde que ele conquistou o ouro na Olimpíada de 2008, reflexo da falta de um calendário de provas consistente.
"Há muitos projetos de iniciação pelo país, mas o cara aprende a nadar e só treina, treina, treina. Não tem competição", reclamou o nadador ao jornal paulista.
A solução para esse quadro, aponta Cielo, seria a criação de mais competições, mas em nível regional, já que os clubes não dispõem de estrutura para levar seus atletas a disputas pelo Brasil e, muito menos, internacionalmente. "Tem que ter em todos os lugares, tem que fazer competição no Nordeste porque o pessoal não tem dinheiro para viajar", enfatiza.
Na entrevista, Cielo também comentou a pressão que atletas estão fazendo para mudar a administração esportiva no Brasil nessa segunda-feira, jogadores de futebol do Campeonato Brasileiro que formaram o movimento Bom Senso F.C. se reúnem em São Paulo para pressionar a CBF a alterar o calendário de 2014, além do grupo de ex-atletas liderados por Hortência, Raí e Ana Moser que pressionou o Congresso a votar a medida provisória que limita o tempo de mandato dos dirigentes. O nadador defende neste caso a maior participação de ex-atletas.
"Fazer só barulho não adianta. Tem que fazer [pressão] de forma política, não tem jeito. E nessa parte o esporte precisa dos ex-atletas em ação. O atleta na ativa é um alvo muito fácil. É muito fácil prejudicar um cara desses. Por isso precisamos do pessoal que parou entrando em cena", declarou à Folha de S.Paulo.