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 | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Serviço

Torneio Internacional de Futsal (HMG Cup)

Onde: Ginásio Max Rosenmann / Av. Rui Barbosa, s/nº, em frente ao terminal Afonso Pena, São José dos Pinhais.Quando: 19 a 22 de março. Ingressos: R$ 10,00 mais 1 kg de alimento não perecível. Locais de venda: Ginásio Ney Braga – Rua Izabel A Redentora, 2.355, São José dos Pinhais e Lojas Flairplay Brasil (Shoppings Palladium e Barigui).

Aos 36 anos de idade Alessandro Rosa Vieira, o Falcão, não foge de novos desafios. O ala da seleção brasileira, quatro vezes eleito melhor jogador de futsal do mundo, disputa a primeira competição por seu novo clube, o Brasil Kirin/Sorocaba, a partir de amanhã, em São José dos Pinhais – o torneio conta ainda com ADC Intelli/Orlândia, atual bicampeão nacional e antigo clube do craque, e os argentinos River Plate e Racing.

Antes de entrar em quadra, Falcão falou sobre a sensação de enfrentar seu ex-clube pela primeira vez, o processo de criação do novo time, seu futuro na seleção e fez fortes críticas à Confederação Brasileira de Futsal.

Qual a sensação de enfrentar o Orlândia?

Sempre que enfrento uma ex-equipe é algo diferente. Em Orlândia foram só dois anos, mas foi um período muito intenso, vários títulos conquistados. Não tenho colegas de trabalho por lá, tenho amigos. Mesmo com o respeito entre os dois lados, quero vencer.

Como é criar uma equipe do zero? O processo é semelhante ao que você passou no Santos?

No Santos também fui um dos responsáveis pelo projeto. Mas o final de­­le ninguém entendeu até hoje, é algo inexplicável. A semente foi a mesma: apareceu uma empresa e enxergou no Futsal uma forma de crescer. Apresentaram a ideia, perguntaram como funcionava, qual o custo de um time comigo e após um tempo disseram que aceitariam a proposta se eu fizesse parte. Foi um compromisso enorme. Escolhi a cidade, iniciei os contatos e auxiliei na montagem do elenco depois que a comissão técnica foi definida. Infelizmente tivemos alguns problemas com nossa Arena devido às chuvas que caíram em Sorocaba, este foi um ponto negativo até agora. Uma equipe com três campeões do mundo já chega bastante respaldada.

Está é sua segunda vez em Curitiba [a primeira foi em 2010, em um amistoso em que a Malwee perdeu para o Paraná Clube]. Lembra daquela partida?

Lembro, claro! Jogamos em um quadra pequena, havíamos treinado muito forte pela manhã e quando "acordamos" o jogo já estava 5 a 2 [acabou 5 a 4 para o Paraná Clube]. Estávamos saindo de uma viagem de 20 dias, ninguém mais aguentava ficar em pé e não acreditávamos que o Paraná tivesse um time tão bom.

Por que o Futsal não dá frutos em grandes cidades?

Os grandes centros trazem dificuldades. E, geralmente, clubes de futsal, basquete, vôlei, são clubes-empresas, então quando você está no interior, fica mais fácil envolver a cidade. E é uma febre absurda. Joguei oito anos em Jaraguá e a cidade respirava o esporte, tínhamos uma média de 10 mil torcedores por jogo. Já nas grandes cidades, se não for um time de camisa e competitivo, não chama o público. Os outros esportes não devem visar aos grandes centros, o foco tem de ser o interior por ser clube-empresa e você conseguir carregar o nome da cidade.

Você se arrepende da passa­gem-relâmpago pelo futebol de campo? Faria algo diferente?

Quando cheguei no São Paulo senti uma aceitação muito grande. Torcida, imprensa, toda expec­­tativa por me ver jogar. Enfim, foi o lugar certo, com o treinador errado. Tenho mi­­nha autocrítica, não sei até onde poderia ir no futebol, mas tinha condições de jogar. Mas o Leão passou no Santos e mandou o filho do Pelé embora; no Atlético-MG, afastou o Taffarel; e quanto mais a torcida pedia por mim, mais ele me afastava. E eu nunca havia brigado com ele, então quando vi que era uma questão de ego, percebi que não precisava passar por aquilo porque tinha o futsal batendo na minha porta, com as pessoas querendo minha volta.

Vemos uma carência de ídolos no futsal atual. Não falta personalidade para os novos talentos assumirem essa responsabilidade?

80% de uma carreira de sucesso, dentro de qualquer esporte, é personalidade. O que faço dentro de quadra fazia jogando na escola. Também fiquei sempre no Brasil, o que ajudou a criar identidade. Hoje o moleque faz um campeonato bom e já vai para fora, não cria essa ligação.

O futsal há muito tempo tenta se tornar um esporte olímpico. Ainda vale a pena esta luta?

O futsal não depende do selo olímpico, os números são muito fortes. Só que são mal vendidos por nossa Confederação. Temos uma liga com 20 equipes enquanto o vôlei briga para ter um campeonato com 10, 12 clubes. O Paraná, por exemplo, tem um estadual com 16 equipes, mais segunda e terceira divisões. A nossa audiência durante a final da Copa do Mundo foi semelhante à de último capítulo de novela. Mas é um produto mal vendido pela própria Confederação. O futsal, hoje, caminha sozinho.

O que falta para aproveitar melhor esse potencial?

Falta divulgar. O futsal não se organiza, andamos para trás, essa é a atual realidade da nossa Confederação. Está na hora de procurarem alguém que queira mudar essa estrutura, porque ultimamente eles só envelhecem o pensamento. Quem mantém o esporte são os clubes, que constroem uma liga competitiva e atraem investimento. Mas pouco vemos a Confederação nos ajudando.

Isso compromete sua continuidade na seleção?

Ainda me vejo na seleção. Mas teremos algumas novidades ainda nesta semana. Vem acontecendo muita coisa errada. Aqui mesmo pretendo me reunir com o Vinicius [ala do Orlândia], vamos aproveitar para conversar sobre diversas situações para que a seleção possa evoluir. A sensação que tenho é que, após oito anos, com dois títulos mundiais, tudo que fizemos, foi perdido nos últimos 12, 18 meses. Eu não preciso mais da seleção, o Vinicius também não, mas pensando em tudo que o esporte me proporcionou, me sinto obrigado a fazer algo. Porque estamos vendo que as coisas estão ficando feias e queremos evitar que o futsal feche as portas.

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