Nathalie ganhou a chance de disputar a divisão de acesso para a elite da WSL. Foto: Vinicius Araújo/Mágica Surf| Foto: Vinicius/Mágica Surf

O título conquistado pela paranaense Nathalie Martins, de 26 anos, no último domingo (30), em Punta de Lobos, no Chile, é tão grande quanto seu significado. “É um troféu gigante, não sei nem como vou levar para casa”, vibra a primeira brasileira campeã da liga sul-americana de surfe, braço da WSL (Liga Mundial de Surfe) na América do Sul, criada no ano passado.

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A conquista veio com emoção. Literalmente. Ela ganhou as manchetes no fim de semana por estar na água em companhia de um tubarão.

Curitibana radicada em Pontal do Paraná, a surfista terminou o Maui and Sons Pichilemu Woman´s Pro na nona colocação, resultado suficiente para finalizar o circuito à frente da chilena Lorena Fica, vice-campeã. Além da taça, Nathalie garantiu vaga em todas as principais etapas do Qualifying Series (QS) – a divisão de acesso para a elite da WSL – em 2017.

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Participar efetivamente da briga por um lugar no Championship Tour (CT), no entanto, ainda é uma incógnita para a paranaense, que chegou a desistir do esporte em 2010, logo depois de perder seu principal patrocinador e do campeonato brasileiro feminino deixar de ser disputado.

Frustrada e passando por problemas familiares, ela então focou sua vida na faculdade de gestão ambiental e começou a trabalhar em uma ONG. Mas a paixão pelo surfe a fez largar tudo no fim do ano passado para perseguir o retorno.

Nathalie levanta o troféu do sul-americano de surfe, no Chile. 

“Sai do emprego para voltar a surfar. Fui trabalhar na praia, dando aula na Ilha do Mel, ajudando uma amiga em uma loja de roupas...”, conta Nathalie, que ainda não sabe se conseguirá pagar a viagem para a Austrália, local da primeira etapa do QS.

“Na situação que estou é difícil, mas vou tentar de todos os jeitos. Com fé, torcendo para o dólar cair, fazendo bingo, rifa para juntar dinheiro. Espero que esse título abra portas para poder mostrar meu surfe. Não estou 100%, fiquei esse tempo trabalhando, estudando, não estou onde sei que posso chegar”, completa.

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O mais difícil ela já fez. Com a classificação garantida, a curitibana não fica na dependência de desistências para disputar as etapas mais importantes – e que podem fazê-la subir no ranking. Antes, o planejamento era feito em cima da hora, com viagens e gastos bancados por empresários locais, além da ajuda de amigos que organizam jantares, bingos e rifas.

“Foi isso que me fez viajar o ano inteiro”, agradece Nathalie.

Tubarão na água

Situação bizarra, descreve a surfista sobre a presença de um tubarão na água durante a competição no Chile. “O narrador gritou ‘chicas, saiam da água’, a buzina tocou, a bateria foi interrompida e eu não entendi nada. A última vez que tinha visto isso foi na África do Sul [quando Mick Fanning escapou de um ataque]. Pensei: ‘tá bom que isso está acontecendo aqui’. Quando cheguei na pedra que falaram que tinha um tubarão na água”, recorda Nathalie.

Logo depois, veio à cabeça da paranaense o relato de uma amiga competidora que afirmou ter visto um tubarão naquela área. “Achei que ela tinha confundido com um golfinho. Sorte que não vi o tubarão. Acho que não voltaria para a água”, brinca a campeã.

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Nathalie chegou a desistir do surfe em 2010.