• Carregando...
Rubens Barrichello treina no Autódromo Internacional de Curitiba para a prova derradeira da Stock Car. na qual pode conquistar o troféiu da temporada 2014 | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Rubens Barrichello treina no Autódromo Internacional de Curitiba para a prova derradeira da Stock Car. na qual pode conquistar o troféiu da temporada 2014| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
  • Barrichello está perto do título da Stock

Rubens Barrichello pode quebrar amanhã um jejum que dura 23 anos. Caso chegue entre os quatro primeiros na etapa de Curitiba da Stock Car, garantirá o título da categoria. Sua última conquista em uma temporada aconteceu em 1991, na Fórmula 3 inglesa. A mostra de como o tempo passou está nos próprios concorrentes de Rubinho pelo troféu.

Seu principal adversário, Átila Abreu, tinha apenas quatro anos quando Rubinho assegurou a taça em Thruxton. O único então recém-estabelecido nas pistas era Cacá Bueno, com 15 anos e algumas conquistas no kart. Três dos pilotos da Stock nem sequer eram nascidos na época: Fábio Fogaça, Felipe Fraga e Gabriel Casagrande.

Para Rubinho, esse hiato de conquistas deve ser encarado de forma relativa. Afinal, esteve na Fórmula 1 durante 19 anos, sendo o piloto mais longevo na categoria máxima do automobilismo e conquistado dois vice-campeonatos.

O paulista de 42 anos recorda a luta pelo acesso à maior categoria do automobilismo mundial. Era 1991 e ele tinha apenas 19 anos. "Naquela época, eu corria junto com muitos pilotos que almejavam subir para a Fórmula 1. A gente precisava do título, o que aumentava a dificuldade. Eu, o [escocês Deivid] Coulthard, o Gil [de Ferran, também brasileiro]. Era uma sensação diferente do que vivo hoje", afirmou Rubinho, reconhecendo que a experiência adquirida durante sua carreira faz diferença.

"Hoje até existe o friozinho na barriga. Mas, acima de tudo, me sinto lisonjeado por, aos 42 anos, ainda estar competitivo, pilotando no kart ou na Stock, andando em alto nível", explica Barrichello, que conta receber elogios de outros pilotos e torcedores. "Isso me deixa muito honrado", admite.

Enquanto Rubinho competia na Fórmula 1, grande parte dos pilotos da Stock Car ainda estava no kart, e tinha nele um ídolo, uma referência. Hoje, correndo ao lado de companheiros que são fãs confessos, Barrichello diz estranhar a situação, não se vendo acima dos outros.

"É esquisito, acho irreal. Não tenho essa sensação de idolatria. Eu tinha idolatria pelo Ayrton Senna, mas sentia isso como um moleque tentando chegar perto", lembra Rubens, citando churrascos com os companheiros de Stock e mostrando que isso é um sinal de proximidade.

"Talvez no dia em que eu pare possa perceber isso. Mas hoje, sinceramente, não me vejo assim", diz o piloto. Em sua segunda temporada completa na Stock, Barrichello admite estar satisfeito com a adaptação à categoria, mais rápida do que o esperado.

"A imaginação do público leigo diria que o cara veio da Fórmula 1, deveria estar atropelando todo mundo. Mas há muitas diferenças, e os outros pilotos sabem disso", comparou, lembrando da posição dentro do carro e no contraste entre o modelo turismo e o monoposto.

"Aqui na Stock há situações de ultrapassagem que seriam impossíveis na Fórmula. Se eu tentasse passar de alguns jeitos, perderia o bico. Agora, estou mais acostumado, fico feliz com a adaptação, e agradeço minha equipe pelo apoio, por me dar o que preciso", diz o líder da temporada.

Outra mudança percebida por Barrichello na categoria é a relação com os torcedores, muito mais aberta do que na Fórmula 1. "Para mim, isso é uma forma de agradecer ao público, que torceu por mim durante esses 19 anos, mas não conseguia chegar perto. Agora até corro na cidade deles", comenta.

Na última etapa, em Salvador, Barrichello foi alvo de um assédio enorme dos fãs. "Lá estava uma loucura, saí quase sem um pedaço da minha camiseta. Mas é a forma que tenho de agradecer", revela, sem esconder o sorriso.

O balanço desses anos de carreira é positivo para Barrichello, que diz não se arrepender de nenhuma escolha. "A coisa mais legal é você se olhar no espelho é ver que você está satisfeito, que fez o que gostaria", aponta. Até mesmo o episódio da Caterham, na Fórmula 1, foi mencionado, ainda que de forma concisa.

Rubinho, que cresceu ao lado de Interlagos, disse ter sido convidado pela escuderia inglesa para a disputa do GP do Brasil, e tem certeza de que nenhum piloto negaria a oportunidade de correr em sua casa. "Duvido que alguém fosse dizer não", garante.

Perguntado sobre quando pretende deixar as pistas, o piloto lembra do maior campeão da Stock Car, e se mostra animado para continuar. "O Ingo [Hoffmann] parou com 55. Falei isso pra minha mulher e ela quase teve um ataque do coração [risos]", disse Barrichello, que deixa um recado para os críticos.

"Converso com meus filhos sobre isso, e falo, pergunto se uma pessoa com 42 anos e segue na briga por um título é lento. Isso não existe. O cara que fala alguma coisa assim, não me conhece", disparou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]