Os 2,14 metros de altura sempre foram um trunfo do pivô Rolando em seus tempos de seleção brasileira de basquete e NBA. Mas se tornaram irrelevantes quando o curitibano e os companheiros de time foram desafiados, em 1996, a enfrentar uma equipe de cadeirantes no basquete em cadeira de rodas, em uma partida de demonstração, a pedido de Oscar Schmidt, então secretário de Esporte de São Paulo.
As lembranças de Rolando sobre como foi ter de jogar com restrição de movimentos vieram à tona nesta semana, quando aceitou o convite para se encontrar com atletas da delegação paralímpica brasileira que estiveram em Curitiba para promover o projeto Experimentando Diferenças, que visa apresentar ao público como é praticar esportes tendo algum limitador físico.
Ao lado dos velocista Alan Fonteles, atual recordista mundial dos 100 m e 200 m classe T43 (paratletas biamputados), e Ádria Santos, ex-campeã mundial e olímpica das provas de 100 m e 200 m classe T11 (cegueira total) e do esgrimista Jovane Guisone, campeão olímpico na espada para cadeirantes, o ex-jogador arriscou alguns arremessos à cesta novamente a partir de uma cadeira de rodas e viu os paratletas simularem as corridas com olhos vendados. Desta vez, sem competição, sem as dores nos braços.
O Experimentando Diferenças é realizado em uma estrutura que simula uma miniquadra de basquete e uma minipista de corrida. Ainda tem traves para chutes a gol no futebol para cegos, em que a bola emite sinais sonoros, dentro de um saguão de um shopping center e convida o público a sentir as restrições que esses atletas enfrentam em suas rotinas. "Dá para divagar observando esses atletas... A dedicação deles... É importante ter esse tipo de projeto para divulgar o trabalho deles. Porque, se o Brasil já mal conhece o esporte olímpico, imagina o esporte paralímpico? Trazê-los para perto do público é uma forma de dar a eles o devido reconhecimento", fala o ex-jogador de 49 anos.
Alan Fonteles, que ficou mundialmente conhecido ao bater na pista do Estádio Olímpico o sul-africano Oscar Pistorius na final da prova dos 200 m na Paralimpíadas de Londres, em 2012, conta que também tem se arriscado, mesmo que por pura diversão, em outras modalidades. "Tentei chutar a gol de olhos vendados. Você fica sem noção alguma do espaço, é difícil identificar de onde vem o som da bola. Mesmo correr vendado é bastante diferente para mim", diz o jovem de 21 anos, já acostumado a responder sobre a eficácia das próteses que usa para correr. "Já comprovaram que não trazem mais vantagens do que teria se eu tivesse as pernas normais. Me dão desvantagem. Se ajudassem, todos os paratletas estariam ganhando medalhas em mundiais", fala.
Serviço
Projeto Experimentando Diferenças, até 30 de março, no Shopping Mueller. Horários: Segunda a sábado, das 10 às 22 h; domingos e feriados, das 14 às 22 h. Das 16 às 20 h atletas paralímpicos acompanham o público nas atividades.
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