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A mesa-tenista catarinense Bruna Alexandre, de 19 anos, conquistou em setembro a primeira medalha do país em Mundiais Paralímpicos | Arquivo/ Gazeta do Povo
A mesa-tenista catarinense Bruna Alexandre, de 19 anos, conquistou em setembro a primeira medalha do país em Mundiais Paralímpicos| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Os Jogos Paralímpicos

A primeira edição dos jogos especiais para atletas com deficiências físicas aconteceu em 1960, em Roma, na Itália, e contou apenas com atletas cadeirantes. Só a partir de 1976, quando os jogos foram realizados no Canadá, pessoas com outras deficiências passaram a competir. Atualmente, atletas amputados, deficientes visuais, pessoas com paralisia cerebral e deficiência intelectual também disputam 23 modalidades, entre elas futebol, basquete, atletismo, judô e natação. Um dos sonhos de muitos atletas paraolímpicos é superar seus limites físicos e conseguir disputar os Jogos Olímpicos em igualdade de condições. A edição de 2008 dos Jogos em Pequim, foi a primeira com a participação de atletas amputados. A pioneira foi a mesa-tenista polonesa Natalia Partyka, que é dona de quatro medalhas paraolímpicas, dois ouros e duas pratas, e é uma referência para a carreira de Bruninha.

Morar sozinha em outra cidade e ter uma rotina de pelo menos oito horas diárias de treinos físicos e práticos pode ser pesado para muitos atletas, e com a catarinense Bruna Alexandre não seria diferente. Mas a tranquilidade com que supera os desafios faz a paratleta de 19 anos nunca parar de dar risada. "Às vezes sinto os técnicos muito sérios, ninguém sorri demais, até porque muitos não são brasileiros, mas este é o meu jeito e eu treino pesado mesmo assim", assume.

Bruninha, como é conhe­cida, treina atualmente com a equipe olímpica de tênis de mesa, no Centro de Treinamento Olímpico em São Caetano (SP), e conquistou em setembro a primeira medalha da história brasileira em Mundiais Paralímpicos.

Foram dois bronzes no Mundial disputado na Chi­­na, um no torneio individual da classe 10, e outro na dis­­puta por equipes, ao lado de Jennyfer Parinos e Jane Rodrigues. Seu objetivo é justamente participar da edição convencional dos Jogos – e fazer história.

Disputando campeonatos internacionais desde 2009, quando ganhou três medalhas de ouro na Colômbia pela equipe juvenil, Bruna coleciona mais de 200 medalhas em sua carreira, e foi a atleta mais jovem na delegação brasileira que atuou nos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012, o que lhe garantiu a posição de número três do mundo. "Foi muito importante, mesmo tendo parado nas quartas de final, foi um grande aprendizado. Agora no Mundial eu já fui com outra cabeça, mais madura, o que me permitiu a conquista das medalhas", aponta.

No retorno ao Brasil depois da conquista inédita, Bruna e outros atletas da seleção brasileira paralímpica, foram recebidos pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, em Brasília. "Foi uma experiência muito bacana, pois é legal ver que o nosso esporte está sendo recompensado com conquistas e reconhecimento, ainda mais os paraolímpicos, que vêm ganhando um espaço maior nos últimos anos", defende.

O apoio da família sempre foi determinante na trajetória de Bruna, que teve parte do braço direito amputado aos três meses de vi­­da, por um erro médico. "Meus pais nunca me trataram de maneira diferente, sempre me deixaram fazer o que eu queria, e não me deixaram ficar dependente deles", menciona, falando ainda sobre as constantes idas à Criciúma, para ficar com a família. "Às vezes é difícil ficar aqui ou viajar sozinha para uma competição, não ter com quem falar".

Superando sua dificuldade, Bruninha sempre foi fã de esportes, e desde peque­na já gostava de praticar futsal e fazia trilhas de bike. "Quando eu estava com 8 anos, meu irmão mais velho me levou no centro de treinamento que existe lá em Criciúma para jogar tênis de mesa, e desde então eu não quis mais parar e só penso em ficar cada vez melhor", aponta.

Por causa da sua deficiência, a mesa-tenista precisa fazer algumas compensações nas atividades de treino. "Faço fortalecimento de pernas todos os dias, pois preciso treinar mais meu equilíbrio nas jogadas", define. "Treinar com a seleção olímpica é muito produtivo para mim, me sinto mais profissional e com mais experiência. Como a dificuldade é maior, isso me faz crescer bastante".

Até o fim do ano, Bru­­na ainda vai disputar o Bra­­si­leiro de equipes e as seletivas para os jogos Pa­­ra­­límpicos e Olímpicos, sen­­do a promessa de ser a primeira atleta brasileira a competir nas duas modalidades. "De um ano pra cá eu melhorei muito, viajei bastante e participei de vários campeonatos. Eu amadureci e evolui bastante dentro do esporte e agora estou totalmente focada nos jogos do Rio", antecipa.

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