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A polêmica

Quando foi batido por Alan Fonteles nos 200 metros rasos na Paralimpíada, o sul-africano Oscar Pistorius reclamou do tamanho nas próteses do brasileiro. A reclamação foi considerada sem fundamento, mas servirá para deixar mais clara a regulamentação da prova. Pistorius usou como critério uma competição de dois anos atrás, quando Fonteles tinha 17 anos e ficava com altura de 1,76 m, contra o 1,82 m atual. Nesse meio tempo, o brasileiro disputou competições com a altura adotada em Londres. "É óbvio que ele cresceu, até pela idade. Pelo regulamento, ele poderia ter até 1,86 m. Foi um risco calculado, pois ele ganhou em passadas, mas perdeu em arrancada", diz o coordenador do CPB, Ciro Winckler.

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Alvos de polêmica na Olimpíada de Londres e imprescindíveis nas Paralimpíadas, as próteses mecânicas dos corredores amputados estão perto de uma nova revolução. Bom para o esporte, ótimo para quem confia na tecnologia para se locomover.

O acessório permite que os atletas desenvolvam grandes velocidades com menos ferimentos nas partes em que se conectam ao corpo, cada vez mais aproximando os tempos dos realizados pelos corredores sem deficiência. Agora, o próximo passo é a adaptação personalizada aos corredores – pensando cada peça ao usuário. Um passo que a indústria dá para beneficiar não só os atletas.

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"Depois de Londres [Jogos Paralímpicos], fomos procurados por várias empresas de próteses. Nosso próximo passo é customizar, fazer as pernas mecânicas sob medida para os competidores e às características deles", explicou o coordenador do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Ciro Winckler. A demanda, além de ajudar no esporte, seria uma necessidade do mercado.

O máximo de customização atual é a flexibilidade das lâminas. Um atleta de 60 kg, como Alan Fonteles (ouro nos 200 metros), utiliza uma prótese do tipo 4. Se ele tivesse 90 kg, teria de usar o tipo 9. Próteses inadequadas atrapalham o desempenho do atleta. Moles demais, elas se deformam e perdem a função, podendo quebrar. Duras demais, não amortecem os impactos e machucam.

Mesmo com a diferença entre os tipos de próteses, o coordenador do CPB considera que o atletismo paralímpico está para a vida das pessoas com deficiência física como o automobilismo está para os carros usados na rua.

"A tecnologia é um processo bem dinâmico. É como a Fórmula 1: o que usamos aqui, em breve será usado nas próteses dos não atletas. Desenvolve na competição e leva para o cotidiano", concluiu.

Um exemplo clássico são as próteses tubulares, que eram usadas antes em competições. O princípio de material leve delas é usado nas próteses tubulares de metal do dia a dia de milhares de pessoas. A recuperação da capacidade motora dos amputados em geral tende a ganhar com esse salto em funcionalidade e também nas questões estéticas, algo deixado sempre sem segundo plano.

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