Diariamente, antes mesmo de o sol raiar em Matinhos, no litoral do Paraná, o garoto curitibano Ryan Coelho, de 9 anos, acorda em busca de um sonho: seguir a carreira de surfista profissional.
Campeão paranaense na categoria Sub-10 em 2015, vencendo sete das oito etapas, Ryan acumula troféus em eventos nacionais em Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao lado do pai, Alessandro Cabral e Silva Coelho, e do surfista profissional Jihad Khodr, Ryan inaugura as ondas de Matinhos todas as manhãs, entre seis e meia e oito e meia, antes de ir para a escola.
“Desde os quatro anos, o Ryan começou a brincar no mar, sem muito compromisso. Mas sempre foi muito competitivo. A partir dos seis anos, ele começou a surfar e a levar mais a sério. Desde a primeira vez que foi pra praia já ficou em pé na prancha”, conta Alessandro. “Antes do surfe, a grande paixão dele era pelo futebol. Mas com as ondas, isso mudou”, prossegue.
A juventude, por sinal, não é parâmetro para o currículo do jovem prodígio. Em 2014, Ryan passou um mês surfando na Califórnia ao lado dos pais. Já no ano passado, esteve no Peru por duas vezes e na Costa Rica. Em setembro de 2016, o menino voltará para a Califórnia, onde ficará por 45 dias. Parte desse tempo sob os cuidados do treinador Leandro Dora, o Grilo, que comanda um time que conta com o atual campeão mundial da divisão de elite do surfe profissional, Adriano de Souza, o Mineirinho.
“Nessa idade ele tem que treinar sem perceber, evoluir brincando. Na Califórnia, vai haver dois finais de semana de competições em que ele participará. Em outros dias, vamos fazer treinamentos. Mas também vamos passear, não ficar apenas com esse foco”, explica o pai do prodígio.
No final de junho, Ryan realizou o sonho de conhecer Gabriel Medina, primeiro brasileiro a vencer um mundial de surfe, em 2014. O menino paranaense ficou em terceiro lugar na categoria Sub-10 na primeira etapa do ASM Medina, evento de alto nível que reuniu os atletas mais talentosos do país na praia de Maresias, em São Sebastião, litoral norte paulista.
Ryan foi o único representando da Região Sul do país a alcançar as finais do evento, que já tem a próxima etapa marcada para os dias 30 e 31 de julho. “Ele conheceu a casa do Medina, bateu um papo e ficou super empolgado. É o seu maior ídolo. Ele tinha até mesmo dúvida se o Medina era de verdade”, brinca Alessandro.
Os planos de pai e filho para 2017 são ambiciosos. Ao lado da mãe do garoto e esposa de Alessandro, a professora de Educação Física, Luciana Cazarin Coelho, a dupla planeja passar o ano que vem morando na Indonésia.
“Em Bali [uma das ilhas indonésias], tem projetos para futuros surfistas e alguns eventos para jovens com potencial”, diz Alessandro. “O Ryan tem alguns apoios que nos ajudam bastante com equipamentos, acessórios e tudo, mas o grosso das despesas somos nós mesmos que pagamos”, encerra.
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