À frente da defesa do atleta Thyê Mattos, acusado de abuso sexual no Canadá, o advogado Marcelo Franklin espera ter acesso nos próximos dias à investigação aberta pela polícia local contra o goleiro da seleção masculina de polo aquático. Obter informações precisas sobre as acusações e eventuais provas apresentadas pela jovem canadense contra seu cliente é fundamental para estabelecer a estratégia de defesa do brasileiro.
“O atleta se declara inocente e sem conhecer o processo e as provas não há porque alguém acreditar no contrário”, diz Franklin. O advogado conta que só conversou com Thyê por telefone da Rússia, para onde o atleta seguiu após os Jogos Pan Americanos de Toronto para participar do Mundial de Esportes Aquáticos. Após o episódio vir à tona ele acabou desligado da competição.
“O que posso dizer é que ele está muito abalado, mas confiante de que vai conseguir provar que não praticou nenhum ato ilícito”, afirma o advogado esportivo contratado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
O jogador chega neste domingo (26) ao Brasil. “Ele chega hoje ao Brasil. Se fosse meu filho eu não traria para cá. Não faz sentido trazê-lo ao Canadá”, disse o gerente executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, neste domingo (25), em Toronto.
Segundo o dirigente, nem a polícia canadense nem o comitê organizador dos Jogos passaram qualquer informação ao COB sobre o caso. Advogados do Brasil e um escritório em Toronto já foram acionados.
“Não tivemos acesso ou fomos notificados oficialmente de nada, nem pela polícia nem pelo comitê. A polícia canadense anunciou [o caso] e fez um pré-julgamento”, reclamou Freire.
Ainda de acordo com o dirigente, o caso faz com que o COB já comece a pensar novas formas de evitar este tipo de problema nos Jogos Olímpicos do Rio.
“Toda vez que surge um caso diferente como este a gente estuda o que fazer, o que está certo ou errado”, disse.
O advogado de Thyê frisa que o crime de abuso sexual no Canadá tem uma definição muito abrangente, englobando desde um abraço não consentido até o estupro. Em função disso, as penas podem passar por medidas sócio-educativas, multa e até prisão por até dez anos. “Pode ser uma acusação muito séria ou algo banal. O que quero é saber onde estamos pisando para depois tomar um posicionamento correto. Seria leviano fazer um prognóstico antes de conhecer os fatos”, afirma.
Embora reconheça que a polícia de Toronto agiu dentro da legislação canadense ao divulgar a identidade do brasileiro e mesmo ao pedir sua prisão, o advogado considera que isso gerou uma exposição excessiva da imagem de seu cliente. “Para a opinião pública mundial ele foi considerado culpado antes de ter a oportunidade de se defender”, critica.
O advogado descarta a possibilidade de Thyê Mattos ser preso agora, já que o Brasil não tem tratado bilateral de extradição com o Canadá. Em princípio Franklin não irá ao país e aguardará as informações de advogados contatados em Toronto, que deverão atuar em parceria com o brasileiro no caso.
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