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Como jogador de simples, sua melhor colocação no ranking de tênis havia sido um modesto posto de 221 do mundo. Quando decidiu dividir o espaço na quadra com outro jogador e investir na carreira em duplas, o mineiro Bruno Soares, 31 anos, deslanchou: hoje é o número 3 da lista da ATP e mostra aos tenistas brasileiros uma nova possibilidade de sucesso nas quadras.

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A máxima ‘um é pouco, dois é bom...’ de fato embala Soares. O seu melhor ano na carreira até aqui, afirma, ainda não é seu auge, o que o anima para manter-se entre os melhores do mundo em 2014, ao lado do austríaco Alexander Peya e também jogar mais com o conterrâneo e amigo Marcelo Melo, com quem pretende ganhar ritmo de jogo para disputar uma medalha olímpica nos Jogos do Rio, em 2016.

Em 2005, uma lesão no joelho o ajudou a decidir por jogar exclusivamente em duplas, pois conciliar o ritmo de jogos competindo também em simples seria demais para a articulação. Saiu de cena o ‘jogador comum’ para surgir uma das feras do esporte.

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O jogador esteve em Curitiba este mês para um bate-bola com os integrantes do projeto do Instituto Ícaro, que ensina tênis para crianças a partir dos 5 anos, quando atendeu a reportagem da Gazeta do Povo.

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O que ocorreu para que em 2013 você subisse do 19.º para o 3.º lugar do ranking de duplas?

Na verdade, o que mudou foram os resultados, que foram melhores... É fruto de um trabalho de anos. Foi uma temporada fantástica, mas meu auge ainda está por vir. Isso me deixa extremamente motivado, porque depois de uma temporada como esta, ter margem para crescer é muito bacana.

Para o tênis brasileiro, investir na carreira de duplas parece novidade...

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É uma escolha mais recente. Eu e o Marcelo [Melo] estamos levando essa ideia a outros níveis. No circuito, já tem bastante gente fazendo isso e é uma opção diferente da simples, uma dinâmica diferente de jogo, requer outros tipos de habilidades, e tem muita gente que tem uma característica especial para a dupla. Estamos abrindo para os tenistas brasileiros uma nova opção.

Você pensa ampliar a parceira com o Marcelo Melo tanto para reposicionar o Brasil na Copa Davis quanto para formar a dupla que vai disputar a Olimpíada do Rio?

Nossa dupla na Davis vem muito sólida, tivemos uma derrota só, dando confiança para os jogadores da simples. O Marcelo é um grande amigo, meu padrinho de casamento. Pensamos em estreitar essa parceria para 2016. Somos os dois de Belo Horizonte, nos conhecemos desde criança. O Rio é um foco extremamente importante nosso.

Por que o Brasil fracassou na Davis?

O problema é que hoje a gente ainda depende muito o Thomaz [Bellucci], esperamos que nosso número 2 do Brasil venha logo para competir em nível. Mas o grupo está melhorando. O Thomaz teve um ano ruim por causa das lesões. No ano que vem, vamos voltar com força total.

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Depois do Guga, viveu-se uma expectativa de que o tênis brasileiro iria deslanchar, o que não aconteceu?

A gente teve um grande desperdício da era Guga. O Guga transformou o nosso esporte, mas os caras que estavam à frente do nosso tênis não fizeram nada para aproveitar isso. Logo depois, foi feito o movimento para mudar a cara do tênis brasileiro e, depois de muito tempo, conseguimos. Temos uma confederação trabalhando, conseguindo recursos, fazendo projetos. Mas não é fácil fazer jogadores de tênis.

Se não é fácil, o que fazer?

Tem de ter paciência, principalmente [para se ter] um novo Guga. Isso aí é algo extremamente difícil, realmente uma exceção à regra, mas a gente tem se preocupado em fazer grandes tenistas. Fazendo grandes tenistas, eventualmente vai aparecer alguém de destaque. O que se precisa é mais gente jogando e paciência. Tênis é uma coisa de longo prazo, é difícil.

Sabe de alguma promessa?

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Temos dois garotos se destacando hoje, duas pessoas que acredito muito, que são o Guilherme Clezar [gaúcho, 20 anos, número 158 do mundo no simples] e o Thiago Monteiro [cearense, 19 anos, foi o número dois do ranking mundial em 2012 e, este ano, terminou seu primeiro ano entre os profissionais na 276.ª posição]. Tem de se lembrar que está cada vez mais difícil se tornar um bom profissional mais jovem. Toda a tecnologia, a evolução da medicina esportiva permite jogar até uma idade avançada, você vê cada vez mais jogadores acima dos 30 anos jogando em alto nível. Se antes era dois, três anos para entrar nesse circuito, hoje um jovem tenista precisa investir quatro, cinco. Tem de ter paciência.

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