Primeiro e até hoje único brasileiro a jogar na NFL, o paulista Cairo Santos, 24 anos, prevê um grande duelo no Super Bowl 50, que será jogado neste domingo (7), na cidade de Santa Clara, na Califórnia. De um lado da decisão da liga de futebol americana, avalia o kicker do Kansas City Chiefs, a defesa bem postada do Denver Broncos. Do outro, o forte ataque do Carolina Panthers.
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“Tem tudo para ser um grande espetáculo”, enfatiza. Mesmo assim, ele aposta que o quarterback do Panthers vá fazer a diferença. “Será um choque interessante, mas acredito que o Cam Newton vai levantar o troféu”, crava.
Santos terminou sua segunda temporada em alta. Titular do Chiefs, acertou 30 dos 37 field goals tentados em 16 jogos da temporada regular, quinta melhor marca do campeonato. Nos playoffs, o camisa 5 foi perfeito em cinco tentativas, ajudando sua equipe a chegar à semifinal da conferência americana – parado apenas pelo New England Patriots, atual campeão.
O brasileiro, inclusive, quebrou um recorde da franquia em 2015. Em outubro, na partida contra o Cincinnati Bengals, acertou sete chutes, maior marca do time criado em 1959. E um dos segredos da evolução pode parecer estranho, mas é treinar menos.
“Quando era calouro, treinava muito, muitas horas por dia. Agora, com a experiência da primeira temporada, passei a otimizar meus treinos”, conta o brasileiro, que em 2012 foi escolhido o melhor chutador da primeira divisão universitária americana por Tulane.
Confira a entrevista exclusiva de Cairo Santos à Gazeta do Povo por e-mail:
Como foi sua trajetória até a NFL? Chegou a praticar o esporte no Brasil?
Conheci o futebol americano quando me mudei para os Estados Unidos – tinha 15 anos. Sempre joguei futebol no Brasil, o que eles chamam de soccer por aqui. Queria sempre jogar nos momentos de lazer aqui nos EUA, mas era sempre mais fácil encontrar espaço para jogar futebol americano. Como eu já tinha habilidade com os pés, um amigo me recomendou fazer testes para o time do colégio como kicker. E deu tudo certo.
Você considera que tem a responsabilidade de mostrar aos EUA que o Brasil tem talentos para o futebol americano? Nosso país pode ser um exportador de jogadores para esporte universitário e até para a NFL?
Com certeza. Sei que sou exemplo para muitos jovens brasileiros. Através das redes sociais, sempre recebo muitas perguntas de como fiz para me tornar jogador da NFL, qual o caminho para isso. Vou ajudar no desenvolvimento do esporte no Brasil. Tenho total certeza que o Brasil pode ter grandes jogadores.
Sentiu preconceito por vir de um país sem tradição no esporte?
Não, nenhum. Sempre fui muito bem recebido, tanto no futebol americano universitário como na NFL.
Em quanto tempo você acredita que teremos brasileiros atuando em outras posições na NFL?
Não consigo falar em tempo, mas espero que seja em breve. Depende de como estão os brasileiros que atuam
no esporte universitário. Eles estão mais próximos da NFL, seja pelo draft ou por contratação.
Qual o segredo para a regularidade de um kicker? Apesar de estar no segundo ano apenas, você já tem números que chamam atenção.
A vida de kicker é complicada, então a regularidade se faz necessária sempre. Basta errar um chute que tudo feito no passado vai por água abaixo. Eu confio que o segredo é treinamento. Quando era calouro, treinava muito, muitas horas por dia. Agora, com a experiência da primeira temporada, passei a otimizar meus treinos. Espero que a terceira temporada seja ainda melhor que as duas passadas.
O que você diria para quem acredita que o trabalho do kicker é fácil?
Convido quem diz que é fácil para ter uma semana de treinos e uma partida com a gente.
Quem vence o Super Bowl 50? Por quê?
O jogo tem tudo para ser um grande espetáculo. O ataque do Panthers é incrível, mas a defesa do Broncos também é muito boa. Será um choque interessante, mas acredito que o Cam Newton vai levantar o troféu.
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