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Jonathan Anjos foi descoberto no Youtube e está treinando no time sub-17 do Flamengo. | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Jonathan Anjos foi descoberto no Youtube e está treinando no time sub-17 do Flamengo.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O vídeo das melhores jogadas do paranaense Jonathan Castro dos Anjos, de 16 anos, nas quadras de basquete tem pouco mais de 300 visualizações no Youtube. Uma delas bastou para mudar a trajetória do garoto de 1,98 m.

Revelado no Tittãs, projeto curitibano que funciona desde 2013 no Sest Senat, no bairro Boqueirão, o ala impressionou um funcionário do marketing do Flamengo, que viu as imagens por acaso no Facebook. Algumas mensagens e telefonemas depois, o compilado de enterradas, bloqueios e bandejas chegou aos olhos do técnico da equipe sub-17 rubro-negra, Fernando Oliveira Pereira.

VÍDEO: Assista aos melhores lances de Jonathan

Chamado para fazer um teste em maio, Jonathan comprovou o potencial. Desde quinta-feira (25), ele está no Rio de Janeiro, com moradia, alimentação e estudos bancados pelo clube, além de ajuda de custo.

Se nas imagens a capacidade atlética do ala-pivô, chamou atenção, in loco a impressão foi ainda melhor. “Observei uma cognição muito boa, pegava rápido os exercícios e ele tem uma boa leitura de jogo”, diz o novo treinador. “Vamos trabalhar mais a parte técnica, arremessos de longa e média distância, mas há potencial para ser um bom ala”, prevê Pereira.

Revelador de talentos, Tittãs sonha em virar clube profissional

Criador e técnico do projeto Tittãs, Roberto Souza sonha em ser mais do que um revelador do futuros profissionais de basquete. Hoje o clube, que é bancado pelo Sest Senat, atende 220 crianças e jovens, entre nove e 22 anos. Porém, o plano é conseguir patrocínios para ingressar na Liga Ouro, a segunda divisão do NBB (Novo Basquete Brasil).

“Curitiba tem potencial para ter um time profissional. Infelizmente não saiu uma equipe ainda”, comenta Beto, que em 2013 viu uma tentativa de união de quatro clubes da capital naufragar.

Círculo Militar, Sociedade Thalia, Núcleo Viking e Tittãs iriam se juntar para formar o Novo Basquete Curitiba, que disputa a Liga de Desenvolvimento da NBB. Mas, segundo Roberto, o plano não vingou como projeto da cidade.

“Acabou surgindo como um sonho de todos, mas virou projeto só do Círculo Militar. Saí quando vi que as coisas estavam erradas”, comenta o treinador, que está em busca de investidores para ajudar a pagar os salários dos jogadores . O campeonato começa em novembro. “Dependemos da iniciativa privada. A vontade é 100%, mas hoje o lado financeiro está em zero”, explica Roberto, atleta amador que hoje dedica a vida ao basquete. Além de abrigar três futuros atletas em sua casa, ele adotou um deles, Luiz Rufino Souza, de 16 anos. “Minha vida é na quadra. Descobri que ser treinador é melhor porque você multiplica seu sonho por mil”, garante.

A oportunidade repentina pegou de surpresa até o técnico Roberto Souza, fundador do Tittãs, que tentaria encaixá-lo em um clube maior somente no ano que vem. “Foi até engraçado porque já no primeiro vídeo deu resultado”, comemora Beto. “Nosso papel é ser uma encubadora de atletas profissionais”, emenda.

Mestre e aluno começaram a trabalhar juntos no ano passado, apesar de se conhecerem desde 2011. E a evolução foi rápida. “Ainda não tinha visto ele enterrar. Passamos a fazer exercícios específicos e o desenvolvimento foi impressionante. Em um ano no Tittãs, ele pegou seleção paranaense sub-17 e seleção curitibana sub-18”, conta, orgulhoso.

Para conseguir treinar no Sest Senat, Jonathan deixou a casa da família, em Araucária, e passou a morar com o treinador. Relação que ultrapassou as quadras. “Ele é um segundo pai e meu melhor amigo também. Conseguiu conquistar minha confiança de um jeito que muitos que me conhecem há mais tempo não têm. Tudo que eu precisava, ele dava um jeito para conseguir”, diz Jonathan, escancarando gírias de adolescente e a paixão pela NBA.

Inspirado no estilo de jogo de Kevin Durant, do Oklahoma City Thunder, o garoto comemora o primeiro passo para se tornar profissional. E talvez, quem sabe, para chegar mais longe.

“Meus pais estão ansiosos, mas também muito felizes porque eles sabem que é mais um passo para o meu sonho, que é estar na NBA”.

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