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Wanderlei Silva troca socos com Maurício Shogun: treino forte para fazer bonito no UFC | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Wanderlei Silva troca socos com Maurício Shogun: treino forte para fazer bonito no UFC| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

O ‘Bruce Buffer’ do MMA brasileiro

O traje de gala – normalmente um smoking– está sempre impecável. O cabelo, grisalho pelos mais de 50 anos de idade, traz um ar de sobriedade e experiência. Sempre na mão esquerda, o microfone anuncia a voz marcante que comanda o ringue.

O perfil acima bem que poderia ser de Bruce Buffer, famoso announcer de lutas do UFC, mas é de Xicão Joly, a versão brasileira do mais importante apresentador do MMA mundial. Inspirado no estilo do americano, o paranaense chega a quase 30 anos de carreira com mais de 2.500 lutas no currículo, e hoje carrega a bandeira de profissionalização do esporte.

Francisco Paulo Joly in­­gres­­sou no mundo da luta por acaso. Ex-funcionário público com formação em Administração, ele começou a carreira apresentando, despretensiosamente, um combate de muay thai na academia onde treinava, em Curitiba.

Isso foi em 1985. Cerca de 300 eventos depois, ele se orgulha por ser chamado de ‘Bruce Buffer brasileiro’. "Eu me espelho muito nele. Não em tudo, mas na maioria das coisas. O tipo de smoking que ele usa, se está de colete, o tipo de gravata...", conta Joly, que só não se arrisca a imitar os tradicionais giros de 360º de Buffer.

O crescimento desestruturado do esporte, porém, inco­­moda o veterano. Segundo ele, pode representar um nocaute contra o próprio esporte. "Não tem mais espaço para amador. Muita gente depende disso para viver. Não é só o lutador que ganha dinheiro [com a luta]. É um negócio. Se não for assim, a coisa não vai andar", conclui.

Power Fight

A sétima edição do Power Fight Extreme ocorre hoje no ginásio do Paraná (Av. Presidente Kennedy, 2.377), em Curitiba. O tradicional evento de lutas terá sete combates de MMA e dois de muay thai. O primeiro duelo está programado para as 18 horas. Ingressos a R$ 25 (arquibancada) e R$ 50 (cadeira). Quem levar 1 kg de alimento tem direito à meia-entrada.

  • Xicão Joly: smoking alinhado

Por muitos anos a academia curitibana Chute Boxe foi referência mundial no vale-tudo. Formou atletas de alto nível, acumulou títulos e ganhou fama internacional. Tudo baseado em um espíri­­to agressivo de muay thai dentro do ringue. Agora, dois dos maiores expoentes desse estilo se reencontram em Curitiba para conseguir novos nocautes no UFC.

Com residência fixa em Las Vegas, nos EUA, desde 2007, Wanderlei Silva voltou à sua cidade natal para fi­­nalizar a preparação para o combate contra o norte-americano Rich Franklin no UFC 147, no dia 23 de junho, em Belo Horizonte. Não por acaso, o lutador de 35 anos esco­­lheu treinar ao lado de Maurício Shogun Rua, seu amigo e ex-parceiro de treinos na Chute Boxe.

"Sei que não vou pegar um cara tão duro quanto ele na hora da luta", analisa Silva, o Cachorro Louco. "O Shogun é um atleta completo, bom em pé, bom no chão, bom de queda, forte... Para dizer bem a verdade, não é muito agradável treinar com o Shogun. Às vezes, vou pra casa meio chateado...", brinca o lutador, fazendo referência ao alto nível técnico do parceiro de treinamento.

Para Shogun, 30 anos, que volta ao UFC no dia 4 de agosto, contra o norte-americano Brandon Vera, o pensamento é o mesmo. Além de poder treinar com um ídolo, o suor extra será recompensado quando o gongo soar de verdade. "Se eu aguentar o Wanderlei, sei que na luta vai ser mais tranquilo, mais fácil do que no treino", elogia o ex-campeão dos meio-pesados do UFC.

O encontro dos "velhos tempos" fica ainda mais evidente se olharmos para o estafe dos lutadores. André Dida e Rafael Cordeiro, que comandam os treinos de Shogun e Wan­­derlei, respectivamente, também foram forjados na academia de Rudimar Fe­­drigo. Parceria que promete funcionar. "Os dois juntos no tatame sempre deram resultado positivo na luta. Como eles se conhecem muito bem, sabem os pontos fortes do outro, sempre vão no máximo", confirma Dida, líder da academia Evolução Thai.

Apesar da longa amizade entre Shogun e Wanderlei, no rigue não há moleza. E, mesmo para um veterano, o aprendizado continua. "Em todo treino, a gente aprende. Quando treino com o Sho­­gun, por exemplo, ele faz um movimento que me chama atenção, um chute, um soco, aí eu copio isso e uso nos outros", fecha Wanderlei, que ganhou o reforço do peso-pesado do UFC, Fabrício Werdum, e do participante do TUF Brasil, Serginho Mo­­rais, na preparação para o duelo contra Franklin.

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