Deodoro, na zona oeste do Rio, é um dos poucos bairros onde nem o trânsito da Olimpíada tem tirado o ânimo dos moradores.
Até dezembro de 2015, quando o Parque Radical, local de disputa da canoagem slalom e do ciclismo BMX e moutain bike na Rio-2016, foi inaugurado, os 250 mil moradores do bairro e cerca de 1 milhão dos municípios vizinhos da Baixada Fluminense passaram a ter uma opção de lazer. Até então, a opção mais próxima de diversão da região, a maior área bélica do país, com quartéis do período do Império, e que concentra a maior parte da população jovem do Rio, estava a 30 km de distância: a praia.
FOTOS: Confira imagens do Parque Radical
“Antes a gente tinha que invadir quartel para tomar banho de piscina. Agora tem um parque com piscina em frente de casa”, elogia o motorista Wagner Vinícius Sampaio, 26 anos .
Sampaio se refere ao canal artificial que ocupa 13 mil dos 500 mil metros quadrados do parque. Com bombas ligadas somente nas competições de canoagem para reproduzir a correnteza, o canal é na verdade um piscinão .
“Para quem viu isso aqui como um matagal com cobra e jacaré, agora está uma beleza. Valorizou muito as casas e o comércio”, comemora Carlos Vinícius Fusco Ferreira, 58 anos, que até mudou de profissão por causa do Parque Radical. De mecânico, passou a ser vendedor de sacolé. “Cheguei a vender R$ 700 só em um dia. Só espero que depois dos Jogos o movimento volte a ser como antes”, torce, referindo-se ao fato de o parque estar fechado para a Rio-2016.
O pós-Olímpiada, aliás, preocupa os moradores em geral. O medo é de que o poder público não consiga manter a manutenção do espaço. “Quem não gosta de abrir a janela de casa e ver um parque bonito desse? Mas quero saber se depois da Olimpíada vai ter polícia para evitar assaltos e pessoal para limpar as ruas, que ficam cheias de lixo de tanta gente que vem no final de semana”, cobra a dona de casa Aldaci Cardoso Guimarães, 67 anos, moradora do bairro há 40.
Canoagem
O canal artificial também ganha elogios dos atletas. Segundo o técnico da seleção brasileira de canoagem slalom, o italiano Ettore Ivaldi, o trecho é um dos melhores do mundo. “Como é em linha reta, permite a instalação de todo tipo de obstáculos, exigindo tanto na parte técnica quanto na parte física do atleta. E para o público é melhor assistir à competição de frente, sem curvas”, explica.
A qualidade das corredeiras está até despertando interesse de outras delegações. A comissão técnica da Grã-Bretanha procurou Ivaldi para saber se há possibilidade de treinar no local em 2017. Nesta quarta (3), a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCA) teve reunião com a prefeitura do Rio para oferecer o canal para treino de equipes internacionais . “Como os rios congelam no hemisfério norte no inverno, boa parte das equipes vai para a Austrália no começo do ano. Agora elas podem vir ao Brasil, que é muito mais perto”, ressalta Ettore.
Mas, assim como os moradores, o técnico teme pela manutenção. “O problema é a qualidade da água. Se para manter uma piscina limpa já dá bastante trabalho, imagina um canal frequentado por 4 mil pessoas ”, questiona.
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