Bergisch Gladbach A seleção enfrenta hoje uma espécie de primo africano. Gana, assim como os atuais campeões do mundo, se orgulha de jogar no ataque, ter atletas habilidosos e não se preocupar com a defesa. O duelo ao meio-dia (de Brasília), em Dortmund define uma vaga nas quartas-de-final da Copa.
Ao saber que pegaria o time de Carlos Alberto Parreira, o meia e capitão Stephen Appiah chegou a rotular seu país como o "Brasil da África". A declaração faz certo sentido em alguns aspectos, mas não deixa de ser um retrato desfocado do futebol brasileiro.
"É um adversário que deve ser respeitado. Possuem uma forma agressiva de jogar. Estavam, antes de enfrentar a Itália na primeira fase, com 14 jogos de invencibilidade. Disputaram sete finais continentais, ganhando quatro. Têm ainda dois títulos mundiais do sub-17. Eles possuem jogo de cintura", descreveu Parreira.
Taxados no circuito da bola como irresponsáveis e com defesas frágeis, brasileiros e ganeses também mostram semelhança distorcida na configuração dos 23 convocados. Ambos têm 20 "estrangeiros" inscritos no torneio da Fifa. Porém a diferença está na graduação do elenco.
Os Estrelas Negras possuem atletas atuando por 12 ligas diferentes (recorde na Alemanha-2006). O único atuando em time de ponta é o apoiador Michael Essien, do inglês Chelsea. Suspenso, ele não entra em campo nesta tarde. Os demais defendem clubes do segundo escalão europeu como Turquia, Israel, Dinamarca, Bélgica, Suécia e medianos da Itália.
Já a distribuição verde e amarela ocupa a nata do Velho Mundo tanto que apenas o lateral Gilberto (do Hertha Berlim) não disputou a última edição da Liga dos Campeões, vencida pelo Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho.
"Eu, particularmente, conheço bem o grupo deles. Tem o Kuffour, da Roma, Appiah, do Fenerbahçe, o próprio Essien e outros que trabalham na Alemanha. Vai ser complicado", destacou Zé Roberto.
Identificação sem ressalvas apenas nas categorias de base. Assim como as denúncias de falsificação das certidões de nascimento (o chamado "gato"), os dois selecionados colecionam rivalidade e títulos na fase pré-adulta. No juvenil, abaixo de 17 anos, o Brasil faturou três taças da Fifa e Gana levou duas. Kaká, Dida, Adriano e Juan já cruzaram com o rival nestas competições.
O meia do Milan até falou ontem com certa amargura do oponente, que o eliminou em 2001 no campeonato de garotos. "Não foi legal. Perdemos no golden goal (morte súbita). Espero que dessa vez seja diferente", disse, visivelmente incomodado.
Mas nada causa mais contradição nessa suposta afinidade que o nome do maior ídolo. Os africanos também têm um Rei. Ao contrário do brasileiro, que venceu três Copas, marcou mais de mil gols, Abedi Pelé fracassou ao tentar levar seu país a três Mundiais (90, 94 e 98). Assim mesmo, o homônimo do Atleta do Século se orgulha de ter o prêmio de melhor do seu continente em três temporadas (91, 92 e 93).
Até nessa curiosidade há outra divergência. Se o Pelé de Gana visitou os compatriotas para dar apoio, o do Brasil ainda é visto como alguém que só fala besteira e prejudica o trabalho do grupo.
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