Rebaixamento
Técnico culpa "herança maldita"
O técnico Ricardo Pinto já elegeu um culpado pela situação dramática do Paraná: o primeiro turno coisa que evitou fazer quando chegou, dizendo que só pensava em fazer um bom segundo turno para evitar o desastroso rebaixamento no Estadual.
"Temos essa herança maldita: em dez jogos, apenas dois pontos é muito pouco. Mas não podemos voltar atrás. Tem muita gente no grupo querendo, buscando a recuperação. Temos de esquecer tudo isso e vencer os jogos que restam", disse, apontando o confronto de domingo contra o Iraty, na Vila Capanema, como a primeira batalha em busca dos nove pontos possíveis.
"A maior preocupação é cumprirmos o nosso dever, que é ganhar os três jogos [além do Azulão, Arapongas, também em casa, e o rebaixado Cascavel, fora]. A maior dificuldade reside aí e não nos resultados favoráveis dos outros adversários", comentou Ricardo Pinto.
Os "outros adversários" são Rio Branco e Paranavaí, que enfrentam na próxima rodada Arapongas e Atlético, respectivamente. Se ganharem suas partidas e o Tricolor não vencer o Iraty, o rebaixamento estaria decretado com duas rodadas de antecedência.
A três rodadas do fim do Estadual, o Paraná se encontra em uma situação na qual nenhum torcedor seria capaz de imaginar no início do ano. Além de vencer em campo, o Tricolor precisa se debruçar sobre a calculadora e fazer contas para escapar da degola. Caso o rebaixamento se confirme, os exercícios de matemática serão ainda mais complexos, envolvendo o calendário e o caixa do clube.
Em vez de 12 meses, a folhinha paranista teria menos luas. E a principal equação a ser resolvida é como colocar o time para jogar até quatro partidas na mesma semana. Isso porque a Segunda Divisão do Paranaense começa no final de maio, justamente quando a Série B do Brasileirão tem início. Com datas coincidindo, o Tricolor precisaria de dois times para disputar simultaneamente as competições.
Nos primeiros meses sobraria apenas a Copa do Brasil. Mas a competição que começa em fevereiro pode durar apenas duas partidas para o time da Vila Capanema, caso não passe da primeira eliminatória. Com isso, há a chance de o trabalho, normalmente iniciado em janeiro, ficar inerte por mais de três meses.
Se escapar do rebaixamento, o melhor para o Tricolor seria a antecipação da Série B estadual, para que seja disputada paralelamente à divisão de elite. A Federação Paranaense de Futebol (FPF), entretanto, refuta essa possibilidade em um primeiro momento. "Caso permaneça na Série B [do Brasileiro], terá de disputar com dois times. Vai ter de se virar. A Federação não vai mudar o que já está estabelecido", afirmou Luiz Antônio Gusso, gerente geral da FPF.
Apesar disso, o presidente da entidade, Hélio Cury, deixa a questão em aberto e prefere aguardar o fim do campeonato: "Não podemos trabalhar com hipóteses, é preciso o fato estar consumado. Temos de esperar para ver".
Além do problema de calendário, o Paraná teria de arcar com o ônus financeiro. De cara, deixaria de contar com cerca de R$ 800 mil, montante relativo aos direitos de transmissão comprados pela RPC TV. Além desta verba, teria a renda proveniente de público no estádio reduzida consideravelmente. E sem tevê e torcida, os patrocinadores tendem a escapar.
Mesmo com a Segunda Divisão batendo na porta, a diretoria do clube trabalha apenas com a permanência na elite. "Não posso pensar nessa possibilidade", declarou o vice-presidente financeiro, Celso Borba Bittencourt. Questionado sobre a eventual queda, ele se limitou a dizer: "Aí a gente vai ver".
O presidente Aquilino Romani não atendeu o telefone ontem. Já o assessor da presidência, Marcelo Romaniewicz, não quis falar sobre o assunto.
Colaborou Dâmaris Thomazini
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