A Fifa distribuirá o total de US$ 38 milhões de premiação na Copa do Mundo feminina 2019. Deste montante, a seleção campeã receberá US$ 4 milhões.
O maior torneio de futebol das mulheres começa nesta sexta-feira (7), na França. O Brasil estreia domingo (9), às 10h30, contra a Jamaica.
Na comparação com o Mundial masculino, os valores são baixos. A Copa do Mundo 2018 ofertou o total de US$ 400 milhões para as seleções participantes. Só a campeã, França, levou para a casa US$ 38 milhões – mais do que toda a recompensa oferecida às mulheres.
A explicação da Fifa para diferença gritante entre as premiações é que a Copa masculina tem maior arrecadação com patrocínios e direitos de transmissão.
Mesmo assim, as reclamações das mulheres dentro da entidade são fortes. Isso por que as reservas da Fifa alcançou US$ 2,74 bilhões, com receita de US$ 6,4 bilhões. Ou seja, a premiação da Copa do Mundo Feminina representa menos de 1% do tesouro da instituição.
“A diferença entre a premiação de homens e mulheres é ridículo”, afirmou Tatjana Haenni, que foi chefe do departamento de futebol feminino da Fifa por 19 anos e saiu em 2017.
O último Mundial feminino, vencido pelos Estados Unidos, ofereceu o total de US$ 15 milhões. Mas apesar do valor ter sido dobrado em 2019, a projeção de aumento para os homens segue maior.
A Copa 2022, no Catar, terá adição de US$ 440 milhões. São US$ 40 milhões a mais do que 2018, quantia que por si só já supera as bonificações pagas na Copa do Mundo feminina 2019.
Reação por direitos iguais
"“Queremos ter certeza de que haverá uma repartição justa dos lucros que vem sendo obtidos”, afirmou a técnica da seleção norte-americana feminina, Jill Ellis, às agências internacionais. Na França, ela e suas lideradas vão tentar o bicampeonato, após faturarem o troféu da edição passada do Mundial.
"“A diferença entre a premiação de homens e mulheres é ridículo”, afirmou Tatjana Haenni, que foi chefe do departamento de futebol feminino da Fifa até 2017. “É muito decepcionante que esta diferença entre os dois Mundiais esteja crescendo cada vez mais. Isso envia a mensagem errada”, diz ela, que trabalhou na entidade por 19 anos. O problema é saber a definição exata do valor que o futebol feminino gera para a Fifa. “Isso é algo que nunca é analisado. Qual é o potencial de valor do Mundial Feminino? Ninguém sabe o valor comercial do Mundial porque ele não é vendido separadamente. Isto é algo que ao menos deveria ser discutido.”
Para o sindicato dos jogadores (FIFPRO), esta disparidade é reflexo das prioridades da Fifa e do status do futebol feminino dentro da entidade. “Na maioria dos países, o ritmo de mudanças não é veloz o suficiente para alterar décadas de negligência quanto ao futebol feminino.”
“Mesmo hoje em dia, o futebol feminino segue como secundário para muitos gestores do futebol e o futebol está ficando constrangedoramente para trás nesta busca pela igualdade em comparação a outras modalidades e até em outros setores da sociedade”, completa o sindicato.
Maior salário vai boicotar Copa
Vencedora das últimas três edições da Liga dos Campeões feminina e tetra do Campeonato Francês, norueguesa Ada Hegerberg abriu mão da seleção pela luta por direitos iguais no futebol… Na Noruega! Hegerberg tomou a decisão de não atuar pela seleção norueguesa por não concordar com a maneira como as mulheres eram tratadas no esporte do país.
Em 2017, a federação norueguesa assinou um termo pela igualdade de gênero no esporte. No entanto, Ada acredita que o acordo não trouxe progresso.
"Há situações onde você diz: "Caramba! Estamos em um mundo muito dos homens". Pode ser uma situação do dia a dia. Como mulher, há muitas situações que devemos discutir. Mas, ao mesmo tempo, nunca olhei para mim mesma de maneira diferente do futebol masculino. Sempre senti a mesma coisa", disse ano passado à Associated Press.
Maiores salários do futebol feminino (top 5)
- Ada Hegerberg, Lyon >> 400 mil euros/ano (R$ 1,76 milhões)
- Amandine Henry, Lyon >> 360 mil euros/ano (R$ 1,58 milhões)
- Wendie Renard, Lyon >> 348 mil euros/ano (R$ 1,53 milhões)
- Carli Lloyd, do Blue Sky >> 345 mil euros/ano (R$ 1,51 milhões)
- Marta, do Orlando Pride >> 340 mil euros/ano (R$ 1,49 milhões)
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