Em sua primeira entrevista coletiva como técnico da seleção brasileira, Mano Menezes mostrou que seu trabalho será realmente pautado pela renovação da equipe, como quer o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Dos 24 jogadores convocados para o amistoso contra os Estados Unidos, dias 10 de agosto, em Nova Jersey, dez são estreantes no time principal e sete têm idade para disputar a Olimpíada de 2012: Renan, Rafael, Sandro, Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato, Neymar e André.
Mano disse que pretende fazer com que esses jogadores convivam com os mais experientes, ainda que não tenham tantas oportunidades de jogar neste início de trabalho. "Faremos um trabalho paralelo de ambientação desses jogadores, visando prepará-los para o momento em que dirigirmos nossas atenções para a Olimpíada. Temos uma ideia diferente para os outros jogadores, talvez eles vão jogar mais nos primeiros jogos. Mas os mais jovens vão conviver com eles e é aí que podemos conhecê-los no dia a dia", explicou.
O título do torneio olímpico de futebol é um dos poucos que faltam à seleção brasileira, que chegou no máximo à medalha de prata nos Jogos de Los Angeles, em 1984, e de Seul, em 1988. E a preocupação com a montagem da seleção para a Olimpíada de Londres é tanta que Mano revelou uma estratégia para melhorar a relação da CBF com os clubes europeus, que costumam resistir na hora de liberar seus jogadores com idade olímpica - até 23 anos.
"Vamos utilizar algumas datas lá na frente especificamente para a seleção olímpica. Vamos coordenar esse calendário para estabelecer essa relação com os clubes europeus, que não têm a obrigação de liberar os jogadores. Os clubes europeus exigem organização, apresentar a eles um projeto para esses trabalhos. Fazendo isso antecipadamente, temos mais chances de poder contar com eles", disse o treinador.
Na sua primeira lista, Mano convocou apenas quatro jogadores que atuaram na Copa de 2010 - Daniel Alves, Robinho, Ramires e Thiago Silva. Disse que conversou por telefone com todos eles, que se dispuseram a viajar com a seleção para os Estados Unidos mesmo estando voltando de férias, com exceção a Robinho, que já vem treinando e jogando pelo Santos. O técnico revelou que um atleta que esteve na África do Sul pediu para não ser relacionado, mas se recusou a dizer quem é - só afirmou não ter sido Kaká.
Mano afirmou também que não usará o local de atuação de um jogador como critério de convocação. Seus dois antecessores na seleção, Carlos Alberto Parreira e Dunga, diziam valorizar mais o atleta que atua no exterior pela experiência e pelo mérito de se estabelecer num mercado mais competitivo. "Nós não vamos convocar jogadores da Europa só porque estão atuando na Europa e têm um pouco mais de repercussão. Quando o jogador do Brasil estiver atuando bem, ele vai fazer parte da seleção", prometeu o treinador, lembrando que metade dos convocados em sua primeira lista atuam no Brasil.