Pela primeira vez no quase meio século de história da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), as federações estaduais se reuniram e convocaram uma assembléia extraordinária, que será realizada na próxima segunda-feira, no Rio de Janeiro, na sede da entidade. Motivo principal: fiscalizar as contas.
Cada competição realizada no País paga R$ 160 mil de taxa para a CBA todo ano. Assim, só da Vicar, promotora da Stock Car, que reúne quatro categorias, são R$ 640 mil. E a CBA não arca com quase nenhuma despesa nas corridas. Em resumo: a entidade tem importante arrecadação, mas o Brasil, no entanto, vive momentos de penúria nas pistas.
O kartismo tem hoje poucos praticantes e não há uma categoria de carros tipo fórmula, de monopostos, para receber os jovens do kart. Em um curto espaço de tempo, a tendência é o Brasil, uma das nações que mais lançam talentos no automobilismo mundial, deixar de revelá-los. As federações querem saber onde está o dinheiro e o que é feito com ele.
Há cerca de dois meses, representantes das federações de Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Paraíba foram à CBA para verificar os livros fiscais da entidade e não puderam realizar o trabalho que desejavam, daí a convocação da assembléia extraordinária.
Um dado deixou todos mais intrigados: logo depois de as federações serem impedidas de consultar os documentos da CBA, seu diretor-financeiro, Afonso Daquer, pediu demissão. Paulo Scaglione, presidente da entidade, respondeu quase monossilabicamente, nesta quarta-feira, a respeito da convocação da assembléia extraordinária: "Nada a dizer". Ele afirmou que suas contas foram aprovadas pelo conselho fiscal e pela assembléia regular. Seu irmão, Cleacyr, é o diretor-jurídico da CBA.
Disputa eleitoral
Scaglione está no poder desde 2001 e concorrerá ao terceiro mandato em março. O primeiro vice-presidente da CBA, Clayton Pinteiro, da federação de Pernambuco, é o candidato de oposição.
"Não há democracia na CBA. Quem não apóia o presidente na eleição é excluído do contexto", afirmou Nestor Valdiga, da federação do Rio Grande do Sul. E dá mais detalhes de como o processo de sucessão está sendo tratado. "Em 2009, haverá eleições na CBA e o presidente faz agora inúmeras exigências para renovar a homologação das federações. Elas constam no estatutos, mas nunca haviam sido feitas antes".
A respeito da mudança de exigências para homologar as federações, Scaglione argumentou que em 2000 houve mudança nos estatutos da entidade e a norma era outra. "O que a CBA pede é o que consta no Artigo 8.º do seu estatuto", disse o atual presidente.
Além de cobrar livre acesso aos livros fiscais da CBA, a reunião extraordinária deseja discutir os critérios das eleições de março. E mais: "Queremos que expliquem as razões de alterarem as regras dos oito últimos anos para homologar as federações", contou Valduga.
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