Entenda o caso
- De 2007 a 2010 a CBG repassava à Cegin a verba do patrocínio da Caixa ao projeto Clube Caixa, de suporte ao treinamento de ginastas.
- No final de 2010, a Federação Paranaense de Ginástica (FPRG) encaminhou à CBG as planilhas de custo para 2011. À Confederação cabia repassar os dados para a CEF, como parte dos projetos da ginástica brasileira para o ano.
- Na assembleia da CBG, no final de fevereiro, a presidente da FPRG, Vicélia Florenzano, viu no orçamento da Confederação que não havia informações sobre o repasse para a Cegin.
- Novo contrato foi firmado em 28 de fevereiro, no valor de R$ 9,5 milhões para o biênio 2011-2012. No início do mês, Vicélia entrou em contato com a Caixa e foi informada de que o Clube Caixa não estava entre os programas contemplados.
- No dia 21 de março foi comunicado oficialmente que a Cegin não receberá mais a verba. A FPRG ainda procura novos patrocínios.
Um clima que mistura incerteza e esperança domina o Centro de Excelência em Ginástica (Cegin), onde treinam quatro atletas da seleção brasileira. Mesmo sem recursos, o fim das atividades no estado onde a ginástica brasileira se revolucionou está descartado. A garantia é da presidente da Federação Paranaense de Ginástica (FPRG), Vicélia Florenzo, uma semana após o comunicado oficial de que não vai mais receber o patrocínio anual de R$ 437 mil, da Caixa Econômica Federal (CEF), para manter a estrutura no Paraná. De acordo com a dirigente, tanto setores públicos como empresas privadas têm sido receptivas em ajudar o Cegin, por isso existe o otimismo de receber uma resposta definitiva logo.
O caso começou no fim de fevereiro, quando a FPRG soube pelo orçamento da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) que não havia repasses previstos para o Cegin em 2011. Em entrevista à Gazeta do Povo, a presidente da CBG, Maria Luciene Resende, não esclareceu se o final do patrocínio veio da própria entidade responsável por escolher quais projetos bancar ou da Caixa.
Vicélia Florenzano afirma que o comunicado oficial do final da verba, após quase um mês do corte efetivo, foi recebido com tristeza, mas deixou o Cegin com mais liberdade para negociar com outras entidades. "Recebemos o comunicado só em março e muitas empresas já estão com o orçamento fechado. Mas estamos buscando apoios, mesmo que sejam temporários", ressalta Vicélia, que garante não existir a hipótese de o Cegin encerrar as atividades, pois algum patrocinador deve aparecer.
O contrato com a CEF valeu entre 2007 e 2010, período em que o Cegin participou de 15 campeonatos nacionais e teve 12 títulos por equipe. Segundo a diretora técnica da Federação, Eliane Martins, a verba servia para o pagamento mensal de 11 funcionários e mantinha a estrutura que treina 30 atletas e 400 crianças.
Por meio de um comunicado a CBG confirmou o envio do aviso oficial ao Cegin e disse que neste ano a prioridade são trabalhos de preparação dos atletas para diversas competições nacionais e internacionais.
Aflição das ginastas
Em meio à polêmica, as ginastas do Cegin tentam se concentrar nos treinos. "A gente ficou muito abatida com o cancelamento, porque este ano é importante e era só para se preocupar com treinamentos", lamenta Bruna Leal, 17 anos.
Ela e outras três colegas treinam em Curitiba e defendem a seleção brasileira em campeonatos internacionais. Neste ano o quarteto está com a agenda lotada. Além da preparação para a Olimpíada de 2012, em Londres, em outubro as atletas vão disputar o Pan no México e o Mundial, no Japão. "A gente trabalha com a insegurança por causa dos salários e para as meninas fica a ansiedade", afirma a treinadora Iryna Ilyashenko.
"O importante é não trazer esse problema para os treinamentos e perder a concentração", diz a ginasta Bruna, que veio do Rio de Janeiro há quatro anos especialmente para treinar no Cegin. "A situação do jeito que está mexe com o nosso emocional", descreve Ethiene Franco, 18 anos. Outra atleta da equipe, Priscila Coelho, 18 anos, acha que o quadro de incerteza vai afetar de certa forma o desempenho.
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