O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach,
descartou nesta quarta-feira adiar ou cancelar os Jogos Olímpicos de
Tóquio, marcado para julho. Ele fez as declarações um dia depois de a
ministra da Olimpíada do Japão, Seiko Hashimoto, cogitar a possibilidade
de remarcar o grande evento para o fim do ano.
"Eu posso dizer a vocês que, na reunião do Comitê Executivo do COI, as
palavras 'cancelamento' e 'adiamento' não foram mencionadas", afirmou o
dirigente. O Comitê Executivo do COI esteve em reunião nesta terça e
quarta, em sua sede, em Lausanne, na Suíça.
Questionado sobre a confiança que demonstrou na realização da Olimpíada,
marcada para acontecer de 24 de julho a 9 de agosto, Bach respondeu
rapidamente: "Porque nós conversamos com especialistas". "Nós somos uma
organização esportiva e nós seguimos os conselhos da Organização Mundial
da Saúde [OMS]."
Com origem na China, o coronavírus apresentou seus primeiros casos no
fim do ano passado e já infectou cerca de 90 mil pessoas pelo mundo,
causando mais de 3.100 mortes. Surtos mais intensos aparecem no Irã e na
Itália.
Em razão da preocupação com o surto, a própria Suíça, onde fica sediado o
COI, decidiu banir reuniões públicas com mais de 1000 pessoas até
meados de março, numa tentativa de conter a expansão do vírus pelo país,
que é vizinho da Itália.
"Não vou acrescentar combustível ao fogo da especulação", declarou Bach,
ao se esquivar de algumas perguntas. Questionado sobre uma possível
declaração de pandemia pela OMS, ele afirmou: "Não vou fazer parte de
nenhum tipo de especulação."
Diversos eventos-teste e classificatórios para a Olimpíada foram
cancelados em meio ao surto do coronavírus nas últimas semanas. Diante
disso, o canadense Dick Pound, vice-presidente do COI, sugeriu que os
Jogos de Tóquio-2020 pudessem ser cancelados se a contaminação do vírus
seguisse aumentando.
"Temos desafios agora com os torneios pré-olímpicos", admitiu Bach. "É
desafiador, sim, mas ao mesmo tempo posso fazer que estou muito
orgulhoso do movimento olímpico pela solidariedade e flexibilidade que
todos demonstraram diante destes desafios, de forma a garantir a
realização dos torneios."
O presidente do COI lembrou que preocupações com doenças e problemas
geopolíticos às vésperas de uma Olimpíada não são novidade. "Tivemos uma
situação em que não sabíamos se teríamos Jogos na península da Coreia
[Jogos de Inverno de Pyeongchang-2018]. E, antes do Rio-2016, havia as
especulações sobre o vírus da zica."
Até o momento, o novo coronavírus já contaminou mais de 91 mil pessoas
em todo o mundo e fez mais de 3,1 mil vítimas. O balanço no Japão
desconsidera os 706 casos e seis falecimentos ligados ao navio Diamond
Princess, que estava em quarentena na Baía de Yokohama.
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