Duramente criticado pela fraca campanha do Paraná Clube nesta Série B do Brasileirão, o presidente Aurival Correia abriu o jogo em entrevista à Rádio Transamérica. O dirigente tocou em assuntos espinhosos, como a oferta de ajuda feita pelo ídolo Ricardinho, as condições financeiras complicadas do Tricolor e o excesso de jogadores durante a sua gestão 110 no total, segundo reportagem divulgada pela Gazeta do Povo nesta semana.
Sobre a parceria com empresários, Correia disse que não se faz mais futebol sem ajuda de parceiros. "Temos autonomia para contratar e vender jogadores, mas temos que falar com qualquer empresário para trazer jogadores para o Paraná. É algo que faz parte do futebol, não é possível se fazer futebol sem eles, o clube precisa de dinheiro porque não tem, essa é a realidade. Precisamos de parcerias", disse o presidente paranista.
Os casos polêmicos envolvendo as vendas de Everton e Rodrigo Pimpão, além da contratação de Dinelson, também foram abordados na entrevista à rádio. Confira os principais pontos das declarações de Aurival Correia.
Ajuda de Ricardinho
"Ele nos ofereceu o Amaral e o Vampeta, jogadores que não nos interessavam, e depois veio com o nome do Clodoaldo, mas o salário deste jogador está aquém do que podemos arcar, teria que ver se o Corinthians pagaria parte dos vencimentos. Não nos era viável, e o pai dele coloca as coisas de outra forma também. Ele veio com esses nomes, disse que tinha entrada no Corinthians, pedi para passarem a lista que iríamos avaliar. Se quisesse ajudar, teria feito isso, mas eu o procurei e disse que por telefone não queria conversar, até porque você não pode falar sobre uma pessoa que você não conhece, não dá para analisar assim o caráter das pessoas. Queria que ele viesse falar isso na minha frente, olhando nos meus olhos, mas ele disse que não poderia."
110 jogadores na era Aurival Correia no Tricolor
"Trinta e cinco jogadores daquela lista são da base, entramos o Paranaense do ano passado com o time júnior, e só ai você já tem uns 25 atletas. O técnico na época (Saulo) achou que seria melhor assim e o que eu iria fazer com os que não deram certo? Ficar com eles? Não dá. Foi o que foi possível fazer no momento, não fui eu quem colocou o Paraná na Segunda Divisão. Assumi com muita coragem o clube, ainda mais naquela situação. Conheço profundamente o Paraná, com R$ 87 mil por mês da televisão é o que dá para fazer. Alguns jogadores não dão certo, na faixa de valor que procuramos às vezes só cabem estes e aqueles nomes. Se não dá certo não dá para permanecer, agora pergunto se alguém que saiu ficou sem receber o que foi prometido. O jogador barato é o que podemos, o caro não dá. Fazer crítica é fácil, mas não temos dinheiro."
Parceria com a empresa Base
"A situação sempre foi complicada, ainda mais agora que temos 10% do que tínhamos na Série A. Até a renda do álbum de figurinhas caiu. Fazemos mágica, buscamos recursos, vendemos jogador, vendemos até à prazo justamente para pagar os salários, buscando parcerias. A nossa parceria com a Base nos custa R$ 80 mil, já que arcamos com 50% dos custos do belíssimo CT Ninho da Gralha. Os nossos parceiros da Base são paranistas de coração, nossos amigos, e este contrato é amplamente favorável ao clube. Nós decidimos quem sai. Tudo foi bem discutido, aceito pelos conselheiros e vai render muitos frutos."
Calotes de Vasco e Flamengo
"A venda (do Rodrigo Pimpão) para o Vasco foi feita através de uma empresa fiadora do contrato e eventualmente poderemos executar o contrato. Um contador fez um cálculo e só em multas o valor seria absurdo, o Vasco nos procurou no dia em que iríamos acioná-los na justiça e fizemos um novo acordo. Eles pagaram duas parcelas naquele mesmo dia e mais duas serão pagas no dia 20 de julho, esta situação está praticamente definida. Já com o Flamengo recebemos quatro jogadores no ano passado e acertamos mais R$ 100 mil para ceder o Everton. Ele sabia que iria ganhar R$ 60 mil lá e nem estava mais com a cabeça no Paraná. Aceitamos, mas os salários dos jogadores emprestados não foram pagos e tudo nos gerou um valor de R$ 340 mil, que não recebemos, nem os R$ 100 mil, até hoje. Eu mesmo fiquei três horas na sala de espera do presidente do Flamengo e, em poucos minutos que ele me concedeu, logo me mandaram para falar com o financeiro deles e acionamos o nosso advogado."
Caso Dinelson
"Nós fizemos um contrato de risco, o empresário que o adquiriu junto ao Coritiba e Corinthians (Luiz Alberto Oliveira) foi muito correto e o levou embora, o jogador também foi muito ético, viu que não estava rendendo, fizemos um destrato e acabou. O joelho operado dele estava bom, mas ele tinha uma tendinose no esquerdo. Com tratamento muitas vezes se cura rápido, mas ele viu a demora e pediu a rescisão. O contrato fomos nós mesmos que assumimos."
União no clube, eleições e ingerência
"Não existe nenhuma divergência interna, estas mesmas pessoas que estão no clube foram as que revitalizaram a Vila Capanema, senão nem estádio teríamos para jogar. Não tenho vaidade de me perpetuar no poder, qualquer outra pessoa que se sinta em condições, que tenha vontade e capacidade pode assumir o clube, não sei se irei me candidatar (à reeleição), tudo vai depender do nosso grupo. Estou preocupado mesmo é com o time de futebol, acredito 100% que podemos nos recuperar. Sobre esta suposta ingerência, não existe. Nós pagamos uma fortuna à comissão técnica e não vamos escalar o time. O técnico tem autonomia, não cabe ao dirigente escalar este ou aquele nome."
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