A Gazeta do Povo traz em sua edição desta terça-feira uma reportagem em que mostra trechos de uma longa carta de Onaireves Moura sobre seus 57 dias de prisão. Assinada por Leonardo Mendes Junior, a reportagem mostra o presidente da Federação Paranaense de Futebol comentando a sua cela, os problemas de saúde, a solidão.
Veja alguns trechos da reportagem:
"Preso desde o dia 13 de março sob acusação de sonegação fiscal, falsidade ideológica e formação de quadrilha, o presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Moura, finalmente rompeu o silêncio. No último dia 30, o dirigente escreveu uma "carta aberta a quem interessar possa", como ele mesmo batizou, na cela do Centro Orientação e Triagem (COT) de presídio do Ahú, em Curitiba.
Na carta, Moura dá detalhes da rotina na prisão, diz estar sofrendo com problemas de saúde, agradece ao apoio dos dirigentes que o mantêm à frente da FPF e cita a Bíblia para garantir que é inocente. Veja os principais trechos:
Cela
"Aqui é difícil saber se é dia ou noite, porque a luz tem de ficar sempre acesa. O espaço é muito reduzido. A cela deve ter 1,30 m de largura por 5 m de comprimento. São dois triliches, e o espaço (altura) entre uma cama e outra (60 cm), não permite que se fique sentado na cama. Estamos em cinco pessoas, não tem cadeira, o banheiro é junto, não há divisão."
Saúde
"Hoje (30 de abril) está completando 48 dias de minha detenção. Fiquei 14 dias na Polícia Federal e, segundo fui informado, aquele espaço está interditado por diversos motivos, principalmente porque não existe ventilação e o cheiro é horrível. Tenho de fazer dieta alimentar em função da pressão alta, HDL baixo e PSA alto. Lá na Polícia Federal não é possível entrar comida de fora. Solicitei então, através de meu advogado, que meu médico prescrevesse uma dieta alimentar. A burocracia interna da Polícia Federal só liberou esta dieta após 11 dias de prisão. A pressão baixou muito. Meu filho Guilherme, que é médico, esteve no dia de visitas e tirou minha pressão, que estava em 10 por 6."
Solitária
"Fui transferido aqui para o COT. Comuniquei então a necessidade de dieta alimentar. Um dos agentes falou que eu era obrigado a comer e que se eu não fizesse isso, iria para o "Latão". É como denominam, aqui, a solitária."
Inocência
"Eu poderia ficar aqui descrevendo uma centena de humilhações e constrangimentos que estou passando, mas isto é tolerável porque também os outros internos passam por isso. Só tem um detalhe que me atormenta: Eu sou inocente!"
Antecedentes
"Aquele episódio de 1993, da cassação, demorou dez anos para que a Justiça me absolvesse. Mas mesmo assim, ainda pesa na avaliação de quem não conhece a verdade. Mesmo agora o fato de eu estar preso é atribuído a meus antecedentes. Que antecedentes são estes? Minha cassação, que foi injusta, tanto que fui absolvido pela justiça; os processos do INSS da Federação que agora com a negociação do REFIS na FPF não tem razão de existir."
Futebol
"Fiquei contente ontem (29/4) com a vitória do Coritiba contra a Portuguesa e do Atlético contra o Botafogo. À tarde tem o jogo do Paraná. Nós acompanhamos o jogo pelo rádio do segurança, quando ele gosta de futebol. Felizmente o de ontem foi árbitro da Federação nas décadas de 70 e 80. Falaram maravilhas do centroavante do Coritiba, Alberto, e do Pedro Oldoni, do Atlético. Isto é muito bom, estávamos precisando de novos ídolos no futebol do Paraná."
Leia mais na reportagem da versão impressa da Gazeta do Povo (conteúdo exclusivo para assinantes)
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