Ex-aliado
"Tenho sentido resistência dos órgãos públicos ao nome de Petraglia", diz Cid
Delator da contratação de empresas de parentes de Mario Celso Petraglia para prestar serviço na conclusão da Arena, o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, José Cid Campêlo Filho, defendeu a legalidade do projeto rubro-negro e prometeu para hoje a renúncia a todos os cargos que ocupa no clube. O advogado reafirmou que o único ajuste necessário na operação Copa é a mudança no comando rubro-negro. "A única coisa que precisa é que o presidente renuncie e venha um novo administrador para o projeto. Tenho sentido resistência dos órgãos públicos ao nome dele [Petraglia]", afirmou Campêlo.
Campêlo apresentou à imprensa ontem documentos que serviram de base para a reportagem publicada na Gazeta do Povo de domingo, sobre a contratação das empresas Kango Brasil Ltda. e Carlos Arcos Arquite(c)tura para prestação de serviços na conclusão da Arena. A Kango, que tem como sócio Mario Celso Keinert Petraglia, filho do presidente rubro-negro, fornecerá assentos para o estádio; Arcos, primo de Petraglia, presta serviço de fiscalização arquitetônica da obra.
Apesar de criticar a relação familiar, Campêlo defendeu a legalidade do projeto. Para isso, apresentou duas decisões judiciais. A primeira é de 2011, da Justiça paulista, que considera improcedentes quatro ações civis públicas que questionavam a isenção fiscal concedida ao Corinthians para a construção do seu estádio. Segundo Campêlo, processo semelhante ao da Arena. A outra é de setembro, proferida pelo juiz Marcelo Mazzali, da 6ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, considerando legais as desapropriações no entorno da Baixada.
O Atlético e a CAP S/A já comprometeram o pagamento de R$ 7,4 milhões ao escritório de arquitetura de Carlos Arcos, primo do presidente rubro-negro, Mario Celso Petraglia. Deste montante, o clube pagou por enquanto R$ 5,8 milhões e o crédito final, segundo previsto em um dos acordos vigentes, crescerá na mesma proporção que o orçamento do estádio.
Atualmente, o arquiteto mantém dois contratos com a CAP S/A, empresa responsável pelo gerenciamento, administração, construção e empreendimento imobiliário do estádio. O primeiro, para coordenar alterações no projeto, no valor de R$ 1,5 milhão (R$ 900 mil já pagos). O segundo, para fazer a fiscalização arquitetônica, planejamento, controle e aquisições referentes à obra, tem o custo de R$ 2.584.400 (R$ 1,5 milhão pago). Neste último acordo, a remuneração é atrelada ao orçamento total da obra 1,4%. Ou seja, quanto mais caro custar o estádio, maior será a quantia recebida por Arcos.
Foi Petraglia quem indicou a contratação do parente. A recomendação foi feita pelo principal dirigente rubro-negro na madrugada de 16 de dezembro de 2008, em e-mail enviado ao engenheiro Flávio Vaz, então responsável pela obra, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso. Na mensagem, copiada para o, à época, advogado do clube Rui Paciornik, constam instruções de como deve ser elaborado o contrato de prestação de serviço. As diretrizes foram seguidas por Marcos Malucelli, que havia assumido a presidência seis dias antes, com o apoio de Petraglia.
A remuneração atrelada ao custo da reforma, prática comum de mercado, foi uma das orientações do dirigente na mensagem. Também vinha sendo adotada no vínculo anterior, assinado em 2006, entre o Atlético e o escritório de arquitetura Vigliecca & Associados, autor do projeto básico. Nos dois casos, o porcentual era de 2,8%. De acordo com Petraglia, tanto o Vigliecca quanto o clube concordavam em rescindir esse contrato. O escritório, segundo Malucelli, recebeu R$ 2,7 milhões até a ruptura do vínculo.
"Temos de firmar com a empresa do Carlos Arcos um novo contrato, onde ele assume todo o acervo do contrato assinado e rescindido", escreveu Petraglia, que lembrou que o envolvimento do seu primo com o projeto existia havia mais de um ano. "A empresa do Carlos assumirá todos os serviços, como de fato faz desde outubro de 2007."
Este primeiro contrato entre o Atlético e Arcos, firmado em 2009, rendeu ao arquiteto R$ 475,5 mil. O valor é mencionado pelo próprio Arcos em um documento enviado, no dia 1.º de novembro de 2011, a dois dirigentes rubro-negros: Renato Requião, então diretor-superintendente, e Maria Aparecida Gonçalves, à época diretora financeira.
Neste documento, obtido pela reportagem, Arcos comunica a necessidade de reajuste no seu pagamento, conforme cláusulas previstas em um segundo contrato, celebrado em setembro de 2010. Neste acordo também está previsto repasse de 2,8% do custo total do orçamento ao escritório do arquiteto. O orçamento havia acabado de chegar a R$ 220 milhões, valor que caía para R$ 184,6 milhões com as isenções de imposto previstas.
Pelos cálculos de Arcos, em cima deste valor, sua remuneração seria de R$ 5.168.800. Desta quantia foram descontados os R$ 475,5 mil do primeiro acordo e R$ 3.079.650 pagos em dez parcelas mensais, entre novembro de 2010 e agosto de 2011. Restou um saldo de R$ 1.613.350.
Quarenta e três dias depois, em 13 de dezembro de 2011, Arcos enviou um e-mail a Malucelli cobrando este pagamento. O então presidente rubro-negro confirmou não ter feito o repasse. "Considerei o valor indevido diante do que já havíamos pago", explicou.
Nos seis dias seguintes foram assinados os novos contratos com Arcos, pelos quais o Atlético paga desde janeiro deste ano.
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