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Khiuani: novo ânimo no Flamengo | Daniel Munoz/Reuters
Khiuani: novo ânimo no Flamengo| Foto: Daniel Munoz/Reuters

Problemas

Estrelas vivem temporada de inatividade

O destino pós-seleção permanente foi de inatividade para os principais nomes da ginástica artística feminina. Daiane dos Santos, Laís Souza, Daniele Hypólito e Jade Barbosa conviveram mais com as lesões do que com os aparelhos de ginástica na última temporada.

Atleta do Pinheiros-SP, Daiane foi submetida a uma cirurgia no joelho direito e além da recuperação enfrentou a polêmica de ter sido flagrada no exame antidoping pelo uso de furosemida. Com a alegação de estar fora das competições, conseguiu uma pena branda, de apenas cinco meses, em julgamento realizado na semana passada.

Laís também não teve oportunidade de competir pelo clube paulista. Operada para a retirada de uma cartilagem do joelho direito no início de 2008, passou o primeiro semestre em recuperação e na volta aos treinos admitiu que "nunca mais estaria 100%". Sem poder encarar com intensidade os treinamentos, sofre para manter o peso.

Problemas nas costas e uma distensão no abdome, após uma lipoaspiração, reduziram a agenda e os resultados de Daniele Hypólito em 2009. Única entre as veteranas a integrar a seleção, foi penúltima colocada (14ª) na última edição do Campeonato Brasileiro, disputada no fim de novembro.

Melhor resultado teve Jade Barbosa. Apesar do problema crônico no punho direito, garantiu a sexta melhor colocação nacional no individual geral. "Por tudo que passou, foi bom. Ela é um talento", afirmou Eliane Martins, que exalta os resultados das meninas que treinam em Curitiba.

As três melhores atletas adultas do país são preparadas aqui: Bruna Leal, Priscila Cobello e Ethiene Franco. A equipe fez campeãs em todas as categorias neste ano.

Primeiro as estrelas. Agora as promessas. O fim da seleção permanente apagou parte do brilho da ginástica em Curitiba, por oito anos a casa da modalidade no país. As despedidas iniciadas há dois anos tiveram duas novas baixas há duas semanas. As últimas a sair foram a potiguar Ana Cláudia Araújo e a paranaense Khiuani Dias, ambas com 17 anos. Con­­tratadas pelo Flamengo, treinam desde a semana passada com a dupla de ex-companheiras do Ta­­rumã Jade Barbosa e Daniele Hy­­pólito.

Com a mudança na cúpula da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), em 2008, o funcionamento da seleção brasileira foi extinto nos antigos moldes. As meninas que moraram e treinaram na capital paranaense durante os dois últimos ciclos olímpicos – Grécia e China – tiveram de vol­­tar para os seus clubes e se reunirem às vésperas dos torneios. Diante da nova estrutura, as primeiras a deixarem a cidade foram Daiane dos Santos e Laís Souza, contratadas pelo Pinheiros-SP ainda em 2008.

Na última seletiva para formar a equipe nacional em 2009, das 11 meninas escolhidas, 9 pertenciam ao antigo grupo que treinava na capital e permaneceram aqui na mesma estrutura usada pela seleção. Ficaram sob o co­­mando da antiga assistente de Oleg Osta­­penko (que regressou para a Ucrâ­­nia), Irina Ilyashenko, e competindo pela Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apecef-PR), que empresta o nome à equipe.

Ana Cláudia e Khiuani estavam entre as remanescentes. Até este mês. "No final do ano já estava pensando em mudar mesmo, treinar em outro lugar, outra cidade. Precisava de uma mudança porque estava um pouco sem ânimo. Resolvi vir para cá e me aceitaram", justificou, por telefone do Rio de Janeiro, a ginasta de São José dos Pinhais.

Uma saída amigável, mas que chateou a antiga coordenadora da CBG e hoje na Federação Para­­naen­­se de Ginástica, Eliane Martins.

"Usamos todos os argumentos para ela não ir embora. Mas não há nada que a prenda e foi sem briga, tudo bem. Claro que é ruim. Sempre que um atleta formado sai para outro clube é péssimo. Perde-se o investimento feito", lamentou e disparou: "Temos os melhores resultados. Somos o clube a ser batido e a única maneira de nos vencerem é levando as nossas ginastas. É mais fácil do que formar as próprias atletas."

Técnico de Khiuani e Ana Cláudia no Flamengo, Ricardo Pereira, disse que ninguém procurou as meninas. "Elas vieram e nós aceitamos, só isso", diz.

Para Eliane, elas devem ter recebido uma proposta salarial mais vantajosa. "Nem quis saber sobre isso pois não poderíamos competir com qualquer valor. Não temos dinheiro. Para 2010 ainda não temos nada, nem a ajuda mensal das atletas", explicou. As 30 ginastas recebem entre R$ 300 e R$ 600, do contrato com a Caixa Eco­­nômica Federal, encerrado em dezembro.

As conversas para a renovação com a Caixa já começaram e a Fe­­deração aguarda ainda a resposta nos próximos dias de uma empresa local interessada em investir na ginástica por meio da Lei de Incen­­tivo ao Es­­porte. O projeto, de R$ 1 mi­­lhão por ano, foi aprovado no Mi­­nistério do Esporte.

Khiuani alegou que o desejo pela independência e os novos ares pesaram mais na escolha do que a oferta financeira feita pelo clube da Gávea. "Vou receber um salário não muito maior do que eu recebia em Curitiba. Aqui tem o projeto de um centro de treinamento, estou junto com as meninas que eu já conhecia", justificou.

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