São Paulo Assim que o avião começou a se movimentar na pista do Aeroporto Afonso Pena, o lateral-esquerdo Marcão se inclinou na poltrona e, em silêncio, fez sua oração. O ato é rotineiro. A cada início de viagem, o capitão atleticano troca o comportamento sempre extrovertido por um momento de meditação. "Não tenho medo de avião, mas como a gente está quase toda semana voando para alguma partida, gosto de pedir a proteção lá de cima", explicou o camisa 6. Desta vez, porém, a prece é especial. O vôo 2719, que saiu de Curitiba ontem às 16h28, foi o último do Rubro-Negro antes da final da Libertadores.
O líder rubro-negro não revelou o conteúdo de sua "conversa" com a divindade. Mas pelas palavras fortes ditas no desembarque em São Paulo, é fácil perceber o que se passa na cabeça dele. "Não vamos nos contentar com o vice. Viemos para buscar o título", bradou.
A confiança não está só nas palavras. Durante o percurso até a capital paulista, o clima era de seriedade, mas com tranqüilidade. Marcão, Fabrício e o goleiro Diego eram os mais empolgados, conversando sem parar. Na monótona apresentação dos procedimentos de segurança, os jogadores chegaram a deixar a aeromoça sem jeito. Puxados pelo camisa 1, eles levantaram os folhetos com as instruções, imitando o gesto mecanizado da comissária de bordo.
Na saída do aeroporto, Diego confirmou o entusiasmo do elenco: "Para um jogo como esse, tem que estar animado. É impossível controlar". Na opinião dele, no confronto dos dois melhores times da Libertadores ganha quem estiver mais concentrado. O arqueiro também reforçou o discurso do companheiro ao responder se o jogo é bom para consagrar o goleiro por causa de uma possível decisão por pênaltis. "É um jogo para consagrar todo mundo. Se eu fizer um bom trabalho, o time ganha com isso. E assim será com os zagueiros, meias ou atacantes. Se todos forem bem, ganha o grupo. Vamos continuar pensando no coletivo."
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