Atlético e Coritiba esquentaram o clássico antes da hora. Os jogos intermediários ACP e Palmeiras na agenda rubro-negra e Operário, na alviverde ficaram em segundo plano, assim como o pudor de alfinetar o principal adversário no caminho do título. O esperado duelo começou.
A rodada do meio de semana passada deflagrou a rivalidade antecipada. Extenuado após a difícil vitória de virada sobre o Operário (3 a 2), Paulo Baier disse esperar ver o Fantasma correndo da mesma forma quando enfrentar o Alviverde amanhã. Até um certo favorecimento da arbitragem foi levantado. "Eles tiveram vários pênaltis duvidosos marcados a favor", reforçou o meia.
O contra-ataque veio rápido. Após a vitória sobre o Iraty, na quinta, o goleiro Édson Bastos criticou a arbitragem, que teria beneficiado o Atlético no clássico com o Paraná. Na cobrança originária do gol da vitória rubro-negra, a bola estaria fora do quarto de círculo de escanteio. O capitão Jéci escancarou: "Eu não sou de ficar transferindo responsabilidade. Isso de favorecer o Coritiba com pênalti, coisas desse tipo, eu nem comento. Quando eu era criança meu pai me disse: quando você for falar besteira, nem abra a boca".
O técnico Leandro Niehues preferiu evitar a polêmica. "Tanto o Paulo como o Édson Bastos são jogadores experientes, ídolos em seus clubes e o clima decisivo faz parte e cria essas situações. Prefiro deixar para me concentrar no clássico depois", afirmou o comandante rubro-negro, de olho no jogo contra o Paranavaí hoje, às 16 horas na Arena. A linha de Ney Franco foi a mesma, mas não sem deixar de repreender o experiente meia atleticano. "Tudo que se fala antes de um clássico que leve para rivalidade exagerada é prejudicial. Mas a gente não vê nenhum favorecimento para A ou B e se as palavras do Paulo quiseram dizer isso, ele está equivocado".
É impossível se desvencilhar da "decisão". No Atlético, para chegar com força máxima ao Couto Pereira, Niehues resolveu poupar atletas. Os pendurados Chico, Valencia e Manoel, este também com dores no ombro, estão fora do confronto com o ACP. "É um risco calculado", justificou. Já Ney Franco vai esperar o resultado de hoje para definir. A tendência é a manutenção da equipe que bateu o Iraty.
Além das alfinetadas, houve ainda insinuações de um incentivo financeiro ao Operário."Pelo tanto que eles correram aqui, comentaram isso. Mas também tem o fato de que é uma chance de mostrar seu futebol", ponderou o zagueiro Rhodolfo. E o Fantasma é o último obstáculo alviverde antes de um jogo histórico: há 32 anos o Coxa não é campeão sobre o Furacão jogando no Couto. "É uma oportunidade única", diz Jéci. "A gente fez alguns cálculos, já no primeiro turno, que poderíamos definir tudo diante do Atlético. Dinheiro, lesão... tudo passa. O que não passa é a glória de uma conquista dessas, diante do nosso maior rival. É marcante, realmente histórico".
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É proibido piscar
Goleada? Uma para cada lado. Sofrimento? Em quase todos os jogos. Atlético e Coritiba chegam à penúltima rodada antes do Atletiba com 100% de aproveitamento e se alternando na liderança.
1ª rodada
Atlético
Se ano passado, o J. Malucelli quase anulou o supermando atleticano, agora o Corinthians-PR não teve chance. Vitória por 4 a 1 e pressão sobre o Coritiba, que no dia seguinte teria o clássico com o Paraná.
Coritiba
Obrigado a vencer para retomar a liderança e tirar um rival da briga, o Coritiba sofreu até o fim. Marcos Aurélio perdeu um pênalti e coube a Ariel, nos minutos finais, garantir a vitória por 1 a 0. Liderança recuperada.
2ª rodada
Atlético
Nem deu para sofrer. Em sete minutos, o Furacão liquidou o jogo contra o Cascavel e voltou a liderar com um folgado 5 a 0.
Coritiba
Mais uma vez a pressão de vencer. Mais uma vez sofrimento. Mais um pênalti perdido. E mais uma vez Ariel saiu do banco para decidir: 2 a 1 sobre o Corinthians-PR.
3ª rodada
Coritiba
Pela primeira vez, o Coritiba abriu a rodada. A pressão agora vinha da eliminação na Copa do Brasil com pênalti perdido. Titular, Ariel fez três, deu uma assistência e o Coxa bateu o ACP por 4 a 1. A pressão ia para a Baixada.
Atlético
A vez de o Atlético enfrentar o Paraná. Fechado, o Tricolor resistiu o quanto pôde a um Rubro-Negro menos inspirado. A vitória só poderia sair dos pés de Paulo Baier, que mandou na área para a casquita de Javier Toledo: 1 a 0.
4ª rodada
Atlético
Único time a bater o Atlético na Arena em 2010, o Operário quase aprontou de novo no Caldeirão. Esteve duas vezes em vantagem, tirou Bruno Mineiro com uma jogada dura. Mas os dois pênaltis convertidos por Alan Bahia e o renascimento de Patrick garantiram ao Atlético uma heroica vitória por 3 a 2.
Coritiba
Heroísmo se paga com heroísmo. Melhor do interior e responsável por tirar a taça do Alto da Glória ano passado, o Iraty era não só respeitado, como temido. Na pressão, vitória por 3 a 1 e pela terceira vez, o Coxa retomou a liderança do octogonal.
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