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O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), candidato à reeleição, participou ontem da série de sabatinas da Gazeta do Povo. Explicou por que usou a imagem da presidente Dilma Rousseff em sua campanha ao mesmo tempo em que critica o PT. Defendeu sua gestão, dizendo que ela Curitiba não deixou de inovar. E se comprometeu a erradicar a miséria na cidade e a retirar todos os moradores de áreas de risco na beira de rios.

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FOTOS: Veja a galeria de imagens da sabatina de Ducci

VÍDEO: Assista alguns trechos da sabatina com Ducci

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Um dos seus slogans de sua campanha é dizer que o sr. e o governador Beto Richa estão "juntos". Na propaganda eleitoral, é destacada essa parceria, diz que vai ser positiva para a cidade. Isso significa que o governador não teria essa parceria com os demais candidatos? Ele deixaria de cuidar da Curitiba? Não estaria "junto" com a cidade caso algum outro candidato se eleja?

São duas coisas diferentes. Eu tenho certeza que o Beto, como uma pessoa republicana e democrática, independente de quem seja o prefeito, vai manter as parcerias do governo com a prefeitura. Não tem nenhum motivo para que possa ser diferente disso.

Mas qual seria a vantagem de o sr. estar "junto" com o governador em relação aos demais que não estão "juntos" com o governador na campanha?

A vantagem é que a parceria que nós temos é de longa data. Nossa parceria é muito forte.

No início do seu programa eleitoral, apareciam muitas propostas que são, na verdade, atribuição do governo fazer. Por exemplo: batalhão da Polícia Militar, escolas estaduais. Esses projetos, na verdade, vão acontecer independentemente de quem for o prefeito...

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Eu tenho convicção de que vou vencer as eleições. Mas você acha que, se o resultado for diferente, o governador agora vai desmontar as UPSs que montou, vai tirar o 23.º Batalhão da CIC ou não vai fazer as três escolas estaduais que estão no seu plano de governo? Com certeza ele vai dar continuidade a isso.

Mas não é estranho, sendo que isso vai acontecer de qualquer maneira, que isso esteja no seu programa eleitoral? Nesse aspecto tanto faz então que o sr. ou outro seja eleito?

Não é que tanto faz; não é estranho. Eu tenho identificado as demandas, indo atrás e buscado a parceria para fazer [os investimentos]. Eu entendo que os outros candidatos não tenham a percepção das demandas e das necessidades. Então é um pouco diferente. Quando você tem essa percepção, quando propõe que o 23.º Batalhão que ele seja lá na CIC, é porque você teve iniciativa e foi pró-ativo. Quando você vai discutir onde vão ser as UPSs, é porque você sabe o que a cidade está necessitando. Eu tenho convicção que as três escolas estaduais [Audi-União, no Ganchinho e no Tatuaquara] hoje são importante para a cidade porque eu sei da demanda. Agora, se ou outros não colocam [investimentos estaduais] no plano de governo, talvez seja porque eles acham que não sejam necessários.

Sua propaganda eleitoral estava usanda a imagem da presidente Dilma. Ao mesmo tempo, havia uma propaganda de sua coligação "demonizando" o PT, dizendo que os curitibanos não querem o PT. Como o sr. separa a presidente do PT?

A presidente Dilma é presidente do Brasil. Não é presidente do PT. O presidente do PT é o Rui Falcão. Vamos separar um pouco.

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Mas ela não deixa de ser filiada ao PT e uma grande liderança do PT...

Tudo bem. Mas ela tem sido uma grande parceira nossa, da cidade. Isso não dá para desconhecer. Como todo governo federal tem sido. Mas a questão do PT aqui em Curitiba, e no Paraná, já é uma discussão antiga. Há uma divergência antiga entre o grupo do qual nós fazemos parte e o grupo do PT.

Mas qual é a sua avaliação do governo federal, do PT?

Eu avalio de forma positiva. Como prefeito da cidade, eu não posso me queixar.

Mas então não é estranho o sr. gostar de tantos petistas e criticar o PT como um todo?

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Não é estranho. Nós estamos em uma disputa local já de décadas, entre o nosso grupo político, e o grupo do PT. É uma coisa diferente. Mas a relação com o governo federal, não com o PT nacional, é muito boa.

O sr. falou das UPSs, parceria do município com o estado. Hoje [ontem] teve a troca do secretário estadual de Segurança. O sr. sabe se houve algum problema na gestão das UPSs [principal programa estadual de segurança]?

Eu não tenho acompanhado pessoalmente essa questão da mudança do secretário. Mas a gestão das UPSs está boa. [A troca de secretário] não tem nada a ver com a UPS, imagino eu.

Algumas comunidades que receberam as UPSs ainda têm alguma resistência à ocupação policial... O que a prefeitura pode fazer, no campo social, para melhorar essa situação?

Acho que ainda existe uma disputa da turma do bem com a turma do tráfico. E a turma do tráfico ainda não se conforma de ter uma ocupação permanente da polícia. Vai demorar ainda um pouco de tempo para as UPSs acabar se consolidando. Isso é um processo que não se resolve em uma semana, um mês. No Audi-União, por exemplo, nós temos vários equipamentos sociais. A gente está implantando agora um clube da juventude, com piscina, cancha. Agente acredita que com esse tipo de atividade acabe harmonizando esses locais.

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O candidato Gustavo Fruet (PDT) afirmou que a candidatura dele à prefeitura pelo PSDB foi barrada pelo ex-vereador [João Cláudio] Derosso com aval do sr. O Derosso foi interlocutor do senhor na articulação de sua candidatura? Qual foi o papel – se é que houve algum papel – do Derosso na articulação de sua candidatura?

Imaginar que o Derosso tivesse o poder de definir a sucessão municipal ultrapassa o meu limite de pensamento. Acho que é uma coisa totalmente fora de propósito. O Derosso era presidente local do PSDB, depois deixou a presidência do PSDB na sequência, e em nenhum momento o Derosso foi autorizado a fazer nenhum tipo de negociação, ainda mais uma negociação do porte de definição da sucessão municipal. Que é uma definição que acontece sempre, em qualquer situação, na reta final da pré-campanha. Nunca dois anos antes.

Fruet disse que Derosso foi levar a ele, a pedido do sr., a proposta de que fosse seu vice. Isso aconteceu?

O Fruet conversou comigo várias vezes antes de sair do partido. Sempre tivemos uma boa relação. Tanto é que, quando ele se candidatou ao Senado [em 2010], eu coordenei a campanha dele em Curitiba e região metropolitana. A irmã dele [Eleonora Fruet] foi secretária tanto de Beto, depois foi minha secretária. Mas ele que tomou a iniciativa de sair do PSDB para disputar a eleição a qualquer custo. Então acho que é uma definição dele, e não do grupo nosso. E o nosso grupo nunca teve uma definição a priori de quem seria candidato.

Durante muito tempo no meio político especulou-se o nome do ex-vereador Derosso como vice do senhor. Havia acertos para isso?

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Nunca houve essa conversa. Essa história foi plantada. A questão de vice se decide, como aconteceu agora, 15, 20, 30 dias no máximo antes do processo eleitoral. Os vices dos outros candidatos, se for ver, também foram definidos na semana das convenções, e nunca um ano e meio antes.

No início do ano, o sr. propôs um projeto de lei para formalizar a redução de salário em 30%, já que o sr. já devolve esses recursos aos cofres públicos. Mas o projeto foi rejeitado pela Câmara Municipal porque haveria um vício de origem: partiu do Executivo e deveria ter sido proposto pelo Legislativo. E o projeto foi engavetado. O sr. não conversou com nenhum vereador da sua base para reapresentar o projeto?

Conversei, propus. Mas me parece que não é interesse da Câmara, ou da Procuradoria da Câmara. Eu continuo devolvendo 30% do seu salário. E, caso eleito, vou continuar.

Seus adversários fazem acusações em relação a um possível uso da máquina tanto da prefeitura tanto do governo do estado em seu favor nesta campanha. No caso do asfalto [da Rua Vicente Machado] que Rafael Greca tirou com a mão, logo em seguida apareceram máquinas da prefeitura para refazer a obra O fato de ter acontecido a obra logo em seguida, no mesmo dia, não foi um uso da máquina?

Ali é uma descida com base de paralelepípedo e um local de frenagem de ônibus ali. Aquele ponto de ônibus sempre demanda uma manutenção mais persistente. Para fazer qualquer coisa, teria que tirar o granito, ou fazer uma base de concreto. Mas a opção sempre foi de manter em termos de asfalto. E não houve uso da máquina; a prefeitura faz a manutenção da cidade É mais um factoide político.

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Ontem [quarta-feira] o candidato Rafael Greca soltou um vídeo com esse tipo de denúncia. E Fruet disse que o ICI [Instituto Curitiba de Informática] tem uma base de dados de eleitores da cidade, um mailing, que na época das pesquisas é usado para fazer telemarketing de sua campanha...

Sobre o vídeo, a gente já está pedindo para a Polícia Federal investigar, porque é uma montagem. Já o ICI é um instituto que presta um bom serviço na área de sistemas na cidade. Não existe interferência do que o ICI faz com campanha política. E o Gustavo Fruet sabe muito bem disso. Ele ficou seis anos no mesmo grupo político que a gente. Qual informação que qualquer instituto, para fazer uma pesquisa, precisa do ICI?

Não só o seu adversário Gustavo Fruet, como quase todos ser adversários falam, de alguma forma, que o ICI seria uma "caixa preta", bem como a Urbs. Existe falta de transparência no ICI e na Urbs?

Todos os contratos do ICI ou da Urbs estão no portal da transparência da prefeitura. E todas as contas, tanto do ICI quanto da Urbs, passam pelo Tribunal de Contas. E todas elas foram aprovadas.

Parece que a questão não é exatamente essa, prefeito. A prefeitura, sabe-se, faz repasses bastante grandes para o ICI para prestação de serviços. A previsão é de cerca de meio bilhão de reais até 2016. E o que se sabe é com relação a esses repasses. Mas não se sabe como o ICI emprega esses recursos: para quem ele terceiriza, de que maneira contrata os seus terceirizados. Essa é a caixa-preta que se questiona porque o ICI alega, muito embora seja um organismo que sobrevive dos recursos repassados pela prefeitura, não se sente obrigado a prestar contas desses seus serviços por não se tratar de uma empresa pública e sim de uma OS [organização social].

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Ele presta contas para o Tribunal de Contas. Se presta contas ao Tribunal de Contas, está prestando contas à sociedade.

O sr. fez uma gravação de campanha em uma escola particular sob a justificativa de que não poderia usar espaços públicos. Mas também foi criticado por fazer gravação em outros espaços públicos, como o Hospital do Idoso...

Com a minha presença no hospital não foi feita. Não lembro. Em relação à escola, a maioria das crianças era de escolas públicas.

Como foram chamadas essas crianças?

Quem faz isso é a produtora. Ela que viabilizou o local, fez contato com a escola, levou as crianças. Os pais foram juntos e foi feita a gravação.

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No seu programa eleitoral da tevê, o sr. pede desculpa pelas obras estarem atrapalhando a população... Não é um erro deixar tanta obra importante para a cidade esperando e depois fazê-las todas ao mesmo tempo?

Para conseguir um dinheiro para uma obra, você vai negociar. Depois de várias rodadas de negociação, apresenta os projetos. Aí tem de passar no Tesouro Nacional... Eu felizmente consegui viabilizar recursos de várias fontes, upacote de obras interessante para a cidade, que não vale a pena perder [se não fizer as obras agora]. Quando sai o pacote de obras e se consegue o recurso, você tem que fazer.

Muitas licitações têm "empacado" na Justiça, como no caso do lixo, das funerárias... Por que está havendo tanta demora? existe algum problema de planejamento ou de formatação nas licitações?

É disputa judicial entre as empresas. A licitação do Sipar [Sistema de Processamento e Aproveitamento de Resíduos, uma usina re reciclagem de lixo], por exemplo, tem quatro consórcios participando. E um entra na Justiça contra o outro. Tínhamos 44 processos judiciais desde o início. Hoje só temos três. Na prefeitura, eu tenho uma Procuradoria com mais de 100 procuradores, uma boa equipe. Tudo que faço é com base nos pareceres da Procuradoria. Somente solto uma licitação, assino um contrato, se eles aprovarem. Mas temos uma gestão pública complexa.

O sr. diz que tem um zelo com o que diz a Procuradoria... Tivemos um caso emblemático no ano passado que diz respeito aos radares. Houve uma denúncia de corrupção, de que a empresa contratada [a Consilux] vinha manipulando dados e multas. O sr. cancelou o contrato. Depois determinou outra contratação. Mas nada parece ter dado certo. Tanto que a mesma empresa acusada de corrupção ainda mantém o contrato com a prefeitura. Como se explica isso?

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Ela não mantém contrato com a prefeitura. Nós rompemos o contrato com a Consilux com base em um parecer jurídico. E fizemos a ocupação dos equipamentos [de radar] por interesse público, o que é permitido por lei. Continuamos pagando a ocupação com base em um parecer técnico. Antes, o contrato era de aproximadamente R$ 900 mil. Hoje pagamos cerca de R$ 700 mil. Como não podemos deixar a cidade sem controle de velocidade estamos mantendo os radares [da Consilux]. Paralelo a isso, foi feito todo um procedimento de buscar uma tecnologia nova para instalação de radares. Nós estamos comprando o radar, para que passe a ser de propriedade exclusiva da prefeitura. Isso tem criado um debate jurídico sobre esses procedimentos. Mas não temos dúvida de que o radar vai ser 100% público em Curitiba.

O sr. mandou fazer alguma investigação sobre aquelas denúncias?

O processo está na Justiça sendo discutido, encaminhado pela Procuradoria.

O sr. sancionou a lei, aprovada na Câmara, estabelecendo a hereditariedade da licença de táxis em Curitiba. O parecer da Procuradoria do Município foi pela constitucionalidade?

Sim.

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Mas a licença de táxi é uma permissão pública. Sendo pública, como pode virar hereditária?

A Procuradoria considerou que o cidadão que está trabalhando com táxi por 30 anos muitas vezes tem o filho e a mulher trabalhando junto. A lei é para que, caso ele morra, a família possa ter direito a continuar usando o táxi.

Uma crítica que vem sido feita não apenas por seus adversários, mas também por especialistas, é que Curitiba perdeu a capacidade de inovar, de se planejar. Na sua opinião, há uma perda de capacidade de planejamento e inovação?

Não. Há candidatos que nem sabem direito onde é o Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba]. Ele funciona muito bem, continua sendo uma referência no Brasil e no mundo. Quando se fala em inovação, não dá para dizer que está tudo parado. A gente muda às vezes o foco da inovação. Temos 45 Cras [Centros de Referência de Assistência Social] espalhados na periferia. No Brasil existem 31 Cras nota dez; 15 estão na nossa cidade. Então, não dá para dizer que está faltando planejamento. O ônibus ligeirão rodando com 100% de biocombustível, a primeira linha com ônibus híbrido elétrico na cidade, essas são outras inovações. No nosso plano de governo temos cinco conectoras [vias que fazem a ligação entre os eixos estruturais com a CIC]. Três já estão funcionando e ainda há duas ainda com interrupções: a 3, na João Bettega, e a 4, na Avenida Iguaçu. Essas duas últimas criam dificuldades porque não têm mobilidade maior nas grandes vias. Mas temos orçamento e projeto para fazer um trinário na 3. Na 4, ainda vai demandar a desapropriação de pequenos lotes para podermos fazer a revitalização das vias. Com isso, conseguiremos abrir novos eixos na cidade. Tem ainda o projeto do Inter 2, que vai passar por toda uma remodelação. É um projeto que envolve transposição de nível, faixas exclusivas para transporte coletivo, 76 quilômetros nos sentidos horário e anti-horário. Vai ter seis terminais e sete estações-tubo, faixas exclusivas de ônibus e em alguns locais o compartilhamento de canaletas.

Mas projetos inovadores, como o Ligeirinho, o Lixo que não é Lixo, ou as obras maiores, ficaram no passado?

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As conectoras 3 e 4, o novo Inter 2, a continuação da Linha Verde e as obras do metrô são coisas novas acontecendo.

Quando delegações estrangeiras chegam a Curitiba são mostradas obras cuja concepção se iniciou há 30, 40 anos. As últimas gestões estão apenas dando continuidade a essas obras. O que essas delegações estarão vendo daqui a 20, 30 anos. Qual o grande legado urbanístico que ficará para a cidade?

Às vezes é meio simplista dizer como vai estar a cidade daqui a 30 anos. Eu vejo Curitiba como uma cidade que vem com um planejamento continuado ao longo das últimas décadas. As obras que estamos falando são importantes. Bem como o sexto eixo de desenvolvimento da cidade, que é a Linha Verde, um projeto que se consolida em 10, 12 anos. Em termos de cidade sustentável, trabalhamos com as RPPNs [Reservas Particulares do Patrimônio Natural]. Implantamos as primeiras reservas particulares de áreas verdes. Estamos chegando a 11 reservas. Tem mais 20 sendo encaminhadas. Achamos que podemos chegar a 100 nos próximos quatro anos. Quando conseguirmos finalizar o processo licitatório do Sipar [usina de reciclagem do lixo], será um projeto novo: 85% do lixo será tratado, transformado em energia ou algum tipo de insumo. Somente 15% irá para o aterro. E qual cidade mais reduziu a pobreza e miséria no Brasil? Curitiba, em 65%. Existem coisas novas.

O senhor atribui a redução da miséria à ação da prefeitura?

Atribuo também à prefeitura -- quando tira gente da beira do rio, implanta o Armazém da Família, coloca creche, o programa Família Curitibana, quando dá habitação digna. Somos a cidade com a menor taxa de desemprego entre as capitais; temos o maior salário médio. Isso porque há seis anos mudou-se uma visão de trazer grandes indústrias para investir em tecnologia e serviço. Abrimos o Tecnoparque. Temos ainda o Parque do Software, o ISS tecnológico -- um incentivo para as empresas investirem em tecnologia. Tudo isso fez com que a renda da cidade desse uma alavancada e chegasse ao quarto PIB do Brasil.

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A obra que mais marcou a atual gestão é a Linha Verde. Foi feito um empréstimo grande e o dinheiro acabou. Foi necessário um segundo empréstimo. Já se foram oito anos e a obra não está nem na metade. O sr. acredita que faltou planejamento?

O financiamento era em dólar. Na época em que o contrato foi fechado, estava na faixa dos R$ 3,50. Depois, caiu para R$ 1,70. Ou seja, o dinheiro virou a metade. Aí licitamos o primeiro trecho. Mas o trecho Atuba-Solar está com o projeto executivo pronto. Já o trecho da Victor Ferreira do Amaral está com o projeto em fase final, visto que vamos fazer outra trincheira. Isso está sendo viabilizado. Outras intervenções, como os viadutos da Anne Franke e da Tenente Francisco, já estão com a captação de recursos autorizada, assim como as trincheiras da Santa Bernadete e do Xaxim.

Outro tema que é objeto de debate é o potencial construtivo. Tivemos o caso da Arena do Atlético e agora o uso dele na Linha Verde. Parece que essa venda de potencial vai trazer um impacto grande no plano diretor da cidade, modificando a concepção inicial do processo de adensamento, indução de crescimento.

Nós tomamos a decisão de forma muito pensada da mudança de eixo de crescimento para a Linha Verde. É local de baixa ocupação populacional que, se deixássemos como está, seria de muitos barracões, área degradada. Houve uma opção de fazer um desenvolvimento urbano da Linha Verde, estimular área de comércio, moradia e serviços.

E a modelagem de potencial construtivo para financiar a obra da Arena?

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A Copa é um projeto nacional, não é exclusivo de Curitiba. Batalhamos [para ser subsede] e, com isso, vamos receber aproximadamente R$ 850 milhões em obras em Curitiba e região metropolitana. Sobre o estádio, poderíamos optar por construir no lugar do Pinheirão. É o que outras capitais estão fazendo, usando R$ 800 milhões de recurso público do BNDES. Em Curitiba, em vez de nos endividarmos para fazer um estádio para depois termos de gastar para mantê-lo ou doá-lo para um clube, optamos por uma forma diferente. A Arena foi viabilizado através do potencial construtivo para dar uma garantia para o Atlético poder pegar dinheiro do BNDES e construir um estádio orçado em R$ 180 milhões, sendo mais ou menos R$ 120 milhões dinheiro do potencial.

Que legado a Copa pode trazer para a cidade?

Primeiro, os investimentos que não aconteceriam se não fosse a Copa. Depois, a cidade será bem divulgada no mundo. Essa divulgação é impagável. Estimula o turismo, uma nova fonte de renda.

Há algum projeto de revitalização do Centro?

Fizemos bastante coisa. Fizemos a [revitalização da] Riachuelo. Não conseguimos vencer tudo, mas muitas coisas mudaram. Estamos revitalizando a São Francisco. O Paço Municipal foi mudado com parceria com a Fecomércio. Viabilizamos a reforma da Catedral. Reformamos a Praça Tiradentes. Estamos estudando dois projetos para a Rua Saldanha Marinho, para o calçadão e com uma ciclovia que sai daTiradentes, passa pela Saldanha e vai até o Parque Barigui. E tem a Nestor de Castro: uma intervenção grande que deve ocorrer depois da Copa, na qual se pretende fazer um túnel para a passagem de carro e, em cima, um calçadão ligando a Catedral com a Cândido de Abreu, que também vai ser revitalizada.

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Um problema da cidade é o vandalismo, a pichação. O que o senhor planeja para acabar com isso?

Precisamos identificá-los, pegar em flagrante, fazer intervenções da Guarda Municipal. Uma outra forma de combater é com as câmeras de segurança que estão sendo implantadas. São 150 hoje. Há projeto para chegarmos a 450 câmaras nas ruas e mais 620 também dentro do projeto do PAC da Copa nas estações-tubo e terminais.

E campanhas educativas para a prevenção? Não vale a pena a prefeitura realizar campanhas para evitar a pichação e retomar outras, como foi a do Lixo Que Não É Lixo?

Sem dúvida. Temos que trabalhar com campanha educativa. Temos feito campanhas educativas. Talvez não tão criativas como as realizadas anteriormente. Pode estar faltando a criatividade da Família Folhas. Também tivemos momentos melhores de educação no trânsito. Temos que reconhecer algumas coisas que poderíamos avançar mais.

Caso o sr. seja reeleito, qual será a prioridade absoluta da sua gestão?

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As pessoas que moram em áreas de risco social. Eliminar a miséria e retirar todo mundo que mora na beira de rio. Existem 7 mil pessoas que moram em beira de rio. E lógico que têm as prioridades naturais de toda a gestão: saúde, educação, segurança.

Na área da educação, o grande déficit é por vagas em creches. Qual será a meta?

Desde o primeiro dia do segundo mandato até o fim da gestão, nós vamos chegar a 9.380 novas vagas.

Vai zerar a fila? A demanda não vai crescer e a fila se manter?

Quando você começa a fazer creche de qualidade, há pessoas que pagam creche conveniada ou particular que passam a querer deixar os filhos na creche da prefeitura, que tem uma baita de uma estrutura, com educadores preparados, com curso superior. Isso vai criando uma demanda. Pelas nossas contas há 7 mil crianças de 0 a 3 anos para entrar em creche. E será preciso ainda 8 mil vagas escolares para universalizar o ensino de 4 a 5 anos. Para essas duas demandas, temos um projeto do governo federal de construção de 22 creches, que acho que até o final do ano será liberado. Temos também uma discussão com o governo federal de ampliação dos recursos para a educação. Com essas duas situações, conseguiremos atender parte da demanda. Da faixa de 4 a 5 anos, vamos conseguir uma parte com as escolas municipais porque não há muita demanda mais para escolas municipais. Com cinco novas escolas, resolvemos. E temos a questão do contraturno. Planejamos dez grandes centros de ensino integral em regiões de risco. Não dá para pensar em tempo integral para todas porque tem que dobrar tudo.

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O que o sr. sente quando vê crianças pequenas na rua em horário escolar, que ficam com mãe ou vizinhos porque não há creche?

Me incomodo. Mas administração pública tem seus limites. Hoje eu tenho convicção que conseguimos na próxima gestão resolver essas 15 mil vagas dessa forma.

O sr. é médico. Seus adversários têm atacado sua gestão usando fatos e imagens de mau atendimento nos postos de saúde...

Nós temos uma boa rede de saúde em Curitiba. Enfrentamos dificuldades de abril a junho. Tivemos um momento crítico no sistema de atendimento de urgência e emergência por causa da mudança do modelo de contratação de médicos. E também houve problemas na mudança do sistema informatizado nas unidades de saúde. Mas está tudo praticamente resolvido. Contratamos 600 médicos. Mas tem filas sim, na área de especialidades. Não tem oferta de serviço suficiente para dar conta da demanda. Estamos tentando fazer vários mutirões.

A Associação Médica do Paraná tem feito críticas a respeito do sistema de retaguarda e falta de leitos na cidade...

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Inauguramos o Hospital do Idoso, que está funcionando com 70% da sua taxa de ocupação. Temos hoje proposto uma ampliação do Hospital do Trabalhador e a construção de um novo Hospital da Região Norte, que funcionará com o hospital geral e pronto-socorro, ao lado do Aeroporto do Bacacheri. Tem um convênio assinado com o Hospital Pequeno Príncipe para isso, com a construção de 250 leitos, sendo 60 de UTI. Também na área de leitos enfrentamos problemas no Hospital de Clínicas e a crise do Hospital Evangélico, que temos tentado ajudar.

Vamos falar sobre transporte público. Há um déficit no sistema de R$ 60 milhões e a tarifa técnica [que contabiliza todos os custos] é maior do que a tarifa cobrada. Continua o subsídio ou aumenta a passagem? E a tarifa não vai subir com o metrô?

O custo da tarifa no sistema apenas de Curitiba é de R$ 2,60. Quando faz sistema integrado com a região metropolitana, o custo vai a R$ 2,80. O governo do estado está repassando R$ 60 milhões por convênio referente à parte da região metropolitana. Eu sou a favor do subsídio da tarifa de ônibus, pois não é justo penalizar a população. Mas a tarifa vai aumentar em fevereiro. É uma coisa lógica. É quando vence a data-base [dos motoristas e cobradores]. Quanto ao metrô, a gente vem discutindo a modelagem com o governo federal. Está tudo definido: quanto será a tarifa técnica, a TIR [taxa interna de retorno] e a contraprestação da prefeitura, que será menos de R$ 30 milhões por ano, por 15 ou 20 anos. Mas o sistema vai trabalhar com a tarifa para se manter.

Como atrair mais gente para o transporte público? Há uma queda histórica no número de passageiros, ao mesmo tempo em que o trânsito de Curitiba se tornou caótico. Que investimentos devem ser feitos?

Depende dos números. De 2009 para cá, o número de passageiros cresceu 5 milhões. Até 2009 havia caído 12 milhões. Mas vem crescendo recentemente. Paralelo a isso, Curitiba é a cidade com a maior frota per capita de automóvel:1,3 milhão de carros para uma população de 1,7 milhão. Acredito que a gente tem de investir na melhoria da qualidade do transporte coletivo. E temos feito isso, com ônibus novos, o Ligeirão, a proposta do Inter 2 com faixas exclusivas. Além do metrô, claro, que vai garantir uma viagem mais rápida.

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As linhas de ônibus que serão substituídas pelo metrô têm capacidade hoje para transportar 300 mil passageiros. Com o metrô, serão 470 mil passageiros, e essas linhas serão suprimidas. Não é um investimento muito alto, de R$ 2,5 bilhões, apenas para atender a essa diferença de 170 mil? Especialistas dizem que o sistema atual, com melhorias, poderia fazer a mesma coisa, e com investimento menor.

O metrô não é uma obra de transporte coletivo para curto prazo, é para sempre. A gente acredita no desenvolvimento da Região Sul da cidade. Nós definimos esse trajeto inicial, da CIC Sul, até o Centro da cidade, para dar início. Mas a extensão das linhas é obra para 20, 30 anos. E o recurso que pegamos foi específico para metrô, não para ser usado em outro modal.

Outra questão levantada é o tempo que se levará para fazer uma obra subterrânea? E não há perigo de a obra demorar muito por causa do solo de Curitiba [encharcado]?

Como a obra do metrô é uma parceria público-privada, há uma previsão de concessão de 35 anos, com 4 de obra. Se empresa demorar 6 anos para construir, vai explorar por 29 anos. Se demorar 10 anos, terá 15 anos de exploração. E vai ter prejuízo. Quanto ao solo, foram feitos todos os estudos necessários. Não haverá atraso por conta do solo.

O sr. acha que o transporte público melhorou após a licitação [para a contratação das empresas de ônibus]? Por que os indicadores de qualidade que já deveriam ter sido divulgados, conforme previa o edital, ainda não foram?

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Não sei por que a Urbs não fez ainda. Vou cobrar.

O sr. pretende revisar planta de imóveis do IPTU ou fazer o reajuste apenas pela inflação?

Continua o reajuste apenas pela inflação.

Qual será a política de reajuste ou de plano de cargos e salários para o funcionalismo?

Talvez a Secretaria de Recursos Humanos não tenha sido tão feliz em divulgar melhor as várias vantagens que os servidores tiveram nos últimos anos, com gratificações incorporadas ao salário. Agora, cabe refazer ao longo da futura gestão um plano novo. Será segmentado nas grandes categorias: saúde e educação (para a Guarda Municipal já fizemos separadamente). Nos demais, será em conjunto.

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Na área habitacional, há reclamações que as casas populares são muito pequenas, com 30, 32 metros quadrados. E em alguns bairros, inclusive no Centro, há problemas com enchentes. Como a prefeitura vai agir nessas frentes?

As casas seguem um projeto padrão do Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Quanto às enchentes, a gente conseguiu, principalmente no último ano, fazer uma intervenção forte, especialmente no Rio Barigui, retirando pessoas que moram na beira do rio. Temos o PAC Drenagem, do governo federal, que está possibilitando o desassoreamento do parque Tingui, Barigui e São Lourenço.

O sr. pretende ampliar a participação popular nas decisões do Executivo?

Já fazemos audiências públicas. Vamos manter.

Como será o enfrentamento da questão das drogas? O sr. concorda com a possibilidade de internamento compulsório de dependentes?

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Na questão das drogas a gente trabalha com três elementos: a autoridade policial, a prevenção e a assistência. Autoridade é repressão ao tráfico. Na área de prevenção, temos investindo bastante nos Clubes da Juventude, Clubes da Gente, Bola Cheia. Mas ainda não dá conta de tudo. Na área de assistência, temos 160 leitos de comunidade terapêutica. Estamos contratando mais e temos parceria com o Ministério da Saúde. Então a tendência é chegarmos a mil leitos nos próximos anos. Também há outras ações de assistência, como ampliação dos centros de atendimento psicossocial com atendimento 24 horas. E a construção de casas para hospedar pessoas em tratamento. Sobre a internação compulsória, ela é muito complexa. Posso ser favorável, porque a pessoa perde a noção, pelo estado em que está. Mas muitas vezes a família acaba se aproveitando da situação, não sabe como resolver e quer transferir o assunto para o poder público. É uma discussão que deve ser feita com muita cautela.

Por que o sr. quer ser reeleito prefeito?

Assumi a prefeitura há dois anos. Fui vice do Beto Richa por uma gestão inteira e metade da outra. Acho que estou fazendo uma grande transformação na cidade. Tenho um bom plano de governo para Curitiba e nesses próximos quatro anos podemos fazer um grande salto, tanto na qualidade de vida da cidade como na sua infraestrutura urbana e social.

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Vida Pública | 5:02

Jornalistas da Gazeta do Povo entrevistaram o candidato à prefeitura de Curitiba Luciano Ducci (PSB). Ele foi o terceiro dos quatro principais concorrentes à prefeitura a ser sabatinado.

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Sabatina com Luciano Ducci