Nutrição
Até 2016, a ordem é não fechar a boca
Para o halterofilista Fernando Reis alcançar os 150 quilos que planeja ter e chegar em alto nível à Rio 2016, o técnico dele deu uma ordem: não parar de comer. Na rotina de treino, está estipulado que a cada duas horas Reis tem de fazer uma refeição. Mas nada de frutas ou barras de cereais. É comida mesmo.
"Já no café do manhã, às 7 horas, como um bom prato de arroz, feijão, bife e batata. São quatro pratos desse por dia. E na hora do almoço, volta e meia meu treinador me leva na churrascaria", diz o atleta, que consome de 6 mil a 8,5 mil calorias por dia o equivalente à média aproximada de 2,4 a 3,4 quilos de picanha. "Cheguei a ganhar dois quilos de um dia para o outro. Gosto de comer. Mas para mim não é mais prazer. Virou obrigação", diz.
Com 140 quilos, distribuídos em 1,85 metro de altura, Fernando Reis é o mais forte dos 259 atletas da delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de Londres, cuja cerimônia de abertura será no próximo dia 27. E ele quer que o ponteiro da balança gire ainda mais. O plano é, em quatro anos, chegar a 150 quilos, quando o paulista de 22 anos deseja estar em condições de brigar pelo pódio na Olímpiada do Rio de Janeiro em uma modalidade bem pouco praticada e conhecida no Brasil: o levantamento de peso.
Só nos últimos quatro anos, Reis adquiriu 40 quilos. Em 2010, entrou para a categoria superpesada (acima de 105 quilos), a mais nobre da modalidade. Primeiro ouro brasileiro no levantamento de peso nos Jogos Pan-Americanos, quando quebrou três recordes sul-americanos em Guadalajara, no México, em 2011, e alcançou a marca de 410 quilos no somatório das duas provas (185 quilos na arrancada e 225 no arremesso), Reis pretende fazer de Londres o laboratório para a Rio 2016.
"Quero ficar ranqueado entre os seis primeiros nessa Olímpiada para chegar ao Rio brigando por medalha", afirma o esportista do clube Pinheiros, de São Paulo, bolsista do programa de auxílio a atletas de alto rendimento da Petrobras, que trancou a matrícula do curso de administração da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, para se dedicar aos treinos para a disputa na Inglaterra. "Depois de Londres, volto aos Estados Unidos, termino o curso em dois anos e aí vou ter outros dois anos só para treinar para o Rio", planeja.
Por dia, são de 5 a 6 horas de treino, de segunda-feira a sábado. Para começar no esporte, muito difundido e praticado no Leste Europeu, na Turquia e no Irã o atual campeão mundial superpesado é o iraniano Behdad Salimikordasiabi, de 170 quilos e que ergueu a soma de 464 quilos no Mundial de Paris ano passado , Reis teve a influência do pai, que é coordenador técnico de levantamento de peso do Pinheiros.
Questionado se, pelo físico, nunca pensou em seguir o caminho de se tornar lutador, Reis enfatiza a importância do apoio do pai na escolha da modalidade. "Não caí de paraquedas no esporte. Tive muito apoio da minha família, principalmente do meu pai", ressalta o rapaz, que na infância, com apenas 11 anos de idade, já erguia 20 quilos no halteres.
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