O Atlético chega à decisão do Campeonato Paranaense com uma campanha de recuperação. Teve altos e baixos na primeira fase, ficou devendo melhor futebol, mas acabou consolidando sua trajetória até a final batendo Londrina e Paraná nas fases de mata-mata. Na visão de boa parte da opinião pública, porém, o Rubro-Negro chega menos badalado nos duelos derradeiros com o Coritiba – que aproveitou bem o fato de pegar equipes de menor expressão (Toledo e PSTC) nas quartas de final e semifinal para ganhar moral.
Por causa disso, e por já ter perdido em casa para o arquirrival na Arena da Baixada neste ano, o Furacão é visto com certa desconfiança na decisão. O favoritismo, por ora, é alviverde. O Atlético espera mudar esse cenário no domingo, novamente na Baixada, dando o troco no rival do Alto da Glória. Além de toda a preparação técnica e tática, o fator emocional compõe o trio que será chave nessa reviravolta.
Pensando nisso, elencamos quatro filmes relacionados a esporte que podem ser usados pelo técnico Paulo Autuori para mexer com seus atletas antes da primeira batalha pelo título do Paranaense.
Confira as dicas:
Invictus
É relativamente novo, datado de 2009, mas já se tornou um clássico. A história mostra um presidente Nelson Mandela (Morgan Freeman) obcecado por ver a África do Sul vencer a Copa do Mundo de Rúgbi, disputada em casa. Ele se aproxima do capitão do time, François Pienaar (Matt Damon), para mostrar a importância do título até então inédito. A intenção do líder da nação era usar a paixão pelo esporte para unir brancos e negros, deixando para trás o regime do Apartheid. A seleção era formada basicamente por brancos, o que despertava repulsa da maioria negra do país.
O que explorar
O filme destaca a união por um objetivo. Fora de campo, pelo total apoio do presidente ao time. Dentro de campo, os Springboks (apelido do time sul-africano) dão tudo de si pela equipe e pelos companheiros, o que levou à vitória sobre os superfavoritos All Blacks, da Nova Zelândia. Essa coesão por um ideal, essa união do elenco é fator essencial para que o Atlético volte a ser campeão, encerrando um jejum de sete anos. Esse é o ponto que o técnico Paulo Autuori pode ressaltar com seus comandados.
Somos Marshall (We are Marshall)
O filme de 2006 conta o drama do time universitário de futebol americano da Universidade Marshall, de West Virgínia, nos Estados Unidos, em 1970. Um acidente aéreo matou 37 jogadores, cinco técnicos e 25 torcedores da equipe. Comovente, o longa-metragem mostra a dura reconstrução do time e da comunidade depois da tragédia. O jovem técnico Jack Lengyel (Matthew McConaughey) é contratado para tocar o projeto depois que a direção é convencida pelos estudantes e pela cidade a não suspender o programa do esporte na instituição. Usando um time com atletas jovens, inexperientes, e até advindos de outras modalidades, ele consegue levar a equipe a campo. Uma vitória apertada, por 15 a 13, no último lance do embate contra a Universidade Xavier, na primeira partida em casa da temporada seguinte, simboliza o fim do luto e o sucesso da retomada da vida da universidade, do time e da comunidade.
O que explorar
O filme mostra como é possível superar as dificuldades, por pior que seja o cenário. Para a Universidade Marshall, superar a tragédia para voltar a competir e, principalmente, a vencer valeu como um título. Para o Atlético, o cenário não é lá tão sombrio, convenhamos, mas essa gana de superar os obstáculos faria um bem danado para um elenco que ainda precisa convencer na temporada.
O Milagre de Berna (Das Wunder von Bern)
Para um jogo em palco de Copa do Mundo, nada como outro duelo de Copa do Mundo para se ter como exemplo, certo? O Milagre de Berna é exatamente isso. O filme apresenta a incrível vitória da Alemanha Ocidental na final do Mundial de 1954, na cidade suíça de Berna, sobre a então favorita Hungria. Os germânicos, com um time reserva, já haviam enfrentado os magiares na primeira fase: derrota acachapante por 8 a 3. Sob desconfiança, a Alemanha foi se classificando até conseguir a revanche contra Puskás e cia. Em dez minutos, a Hungria já vencia a decisão por 2 a 0, mas contando com chuteiras com travas, perfeitas para o campo encharcado, e com o adversário tendo se desgastado por encarar uma dura prorrogação na semifinal com o Uruguai, a Alemanha Ocidental virou o placar e sagrou-se campeã, contrariando todas as expectativas.
O que explorar
Cada jogo tem sua história. Assim como a Alemanha perdeu o primeiro confronto para a Hungria e depois deu o troco quando era mais importante, o Atlético pode repetir a dose no Paranaense, se vingando dos 2 a 0 na primeira fase e abrindo boa vantagem para buscar o título no Alto da Glória. A vontade dos jogadores germânicos de “fazer história” sobre um rival muito mais badalado, assim como o respeito pela qualidade dos oponentes, também poderiam servir de incentivo aos atletas rubro-negros. Nenhum adversário é invencível.
Invencível (Unbroken)
Esporte não é exatamente o foco de Invencível, produzido por Angelina Jolie e que estreou em 2014. A película trata da biografia de Louis Zamperini (Jack O’Connell), filho de imigrantes italianos e atleta olímpico norte-americana que viveu poucas e boas como combatente durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de sofrer um acidente aéreo e sobreviver 47 dias à deriva no mar em uma balsa, ele e um companheiro de armas são presos por japoneses. Já exaustos, quase mortos de fome, são levados a uma ilha na qual passam dois anos sendo torturados como prisioneiros de guerra. Zamperini é especialmente maltratado por um oficial inimigo por sua fama como atleta olímpico. Ele resiste até ser libertado graças ao fim da guerra.
O que explorar
Mais do que tudo, o filme é sobre resiliência, sobre a insistência em sobreviver, de sofrer sem desistir. Zamperini pode ser exaltado por Autuori como modelo de perseverança. Outro ponto muito interessante para se tomar como exemplo é a forma como o ítalo-americano encarou as diversas agressões que sofreu no cárcere. Sem se rebelar, sem perder a cabeça. Ao responder às provocações em silêncio, se superando física e emocionalmente para se manter vivo, causou ainda mais descontrole no inimigo. Esse equilíbrio psicológico e emocional é vital para um time que espera colher sucesso em um clássico, não?
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