Árbitro
Os insultos discriminatórios ao árbitro Márcio Chagas da Silva, que teve inclusive o carro amassado no estacionamento, no jogo Esportivo x Veranópolis, em Bento Gonçalves, serão investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Se identificados, os autores das ofensas podem ser acusados por crimes de racismo e injúria qualificada por racismo. A pena é de um a três anos de reclusão em regime semiaberto. O Esportivo não será punido pela Federação Gaúcha, mas ainda pode ser castigado pelo Tribunal de Justiça Desportiva, na semana que vem. O presidente do clube, Luís Oselame, pediu desculpas públicas pela falta de educação dos torcedores.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) interditou ontem o estádio Romildo Vítor Gomes Ferreira, em Mogi Mirim (SP), até a decisão final do processo disciplinar instalado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) para averiguar os insultos racistas recebidos por Arouca.
Na resolução, o presidente do TJD, Mauro Marcelo de Lima e Silva, alega que o comportamento discriminatório de torcedores do Mogi Mirim "macula de forma indelével a disciplina desportiva e os princípios básicos de civilidade e humanismo".
O presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, garantiu que fará "o possível para que mais este caso de desrespeito ao próximo e ao ser humano de um modo geral não fique impune". O julgamento será realizado no próximo dia 17 e, independentemente do resultado, o Mogi Mirim não poderá jogar em seu estádio no dia seguinte contra o Paulista.
Jogador e presidente do Mogi Mirim, Rivaldo não concordou com a punição e disse que a diretoria do clube já se movimenta para recorrer da decisão que interditou o estádio. O pentacampeão mundial também prometeu tentar identificar os responsáveis pelos xingamentos a Arouca através das câmeras de segurança do estádio "Não podemos controlar a boca dos torcedores. O clube é responsável caso haja briga, invasão de campo ou objetos jogados em campo".
Para Rivaldo, o Mogi Mirim foi punido prematuramente apenas com base no noticiário esportivo. "Se ocorreu a agressão, não sabemos como ela foi feita e por quem. Quer dizer que se eu estiver no espaço determinado a um time adversário do Mogi, no estádio deste clube, e ofender um jogador contrário, o time mandante vai ser punido? Não entendo ser este o caminho".
Ontem Arouca voltou a se manifestar sobre o assunto, em vídeos divulgados pelo Santos. O jogador cobrou punições para os gestos de racismo no Brasil. Ele declarou que imaginava que casos assim diminuíssem com a repercussão do racismo sofrido por Tinga, no Peru, mas se decepcionou pois isso não aconteceu.
Arouca foi xingado de macaco por três torcedores conforme relato de repórteres de rádio depois da vitória por 5 a 2 sobre o Mogi Mirim. Já Tinga sofreu com racismo na derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso por 2 a 1, no dia 12 de fevereiro, em Huancayo, no Peru. Quando tocava na bola, a torcida adversária fazia gestos e sons imitando símios.
Em vídeo divulgado no canal oficial do Santos no Youtube, o jogador cobrou providências. "As pessoas têm de ser punidas com rigor. Não quero isso aí para a minha filha de 3 anos, no futuro", reclamou.
Arouca também citou sua trajetória no Peixe. "Tenho a pele negra, cabelo afro e visto o mesmo manto branco que vestiu o Rei", afirmou, em referência a Pelé, e se dizendo orgulhoso de suas origens africanas.