Mea-culpa
"Era um lance evitável, mas não queria fazer mal ao Neymar", diz colombiano
O jogador que tirou Neymar da Copa reconheceu que o lance poderia ter sido evitado. O lateral-direito Camilo Zúñiga, no entanto, negou qualquer intenção de machucar o atacante brasileiro. Para ele, não houve maldade no lance. Foi uma infelicidade.
"Era um lance evitável, mas queria marcá-lo. Estávamos atrás no placar e eles estavam entrando forte também. Espero que não seja grave", falou o colombiano antes de conhecer a extensão da contusão do rival, uma fratura na terceira vértebra lombar que vai tirar o avante de combate entre quatro e seis semanas.
Na jogada polêmica, Zúñiga levantou o joelho e atingiu as costas do camisa 10 brasileiro. Neymar saiu chorando de campo aos 42 minutos do segundo tempo, carregado pelos maqueiros, e foi direto fazer exames no hospital.
"Nunca foi minha intenção machucar um jogador. Quando se está em campo só se pensa em defender sua camisa" continuou o colombiano. "Antes de entrar, de marcar, não pensei em fazer mal a ele. Infelizmente aconteceu. Espero que se recupere", afirmou.
Brasil e Colômbia fizeram a partida mais faltosa da Copa-2014: 54 infrações. Mas ficará marcada por um lance que o árbitro Carlos Velasco mandou o jogo correr. A atitude do espanhol diante da joelhada de Zúñiga que tirou Neymar do Mundial revoltou o técnico Luiz Felipe Scolari.
INFOGRÁFICO: Veja a comparação entre James e Neymar
"Aí eu pergunto: nem cartão amarelo? Nada? O Thiago [Silva] vem passando na frente do goleiro e leva amarelo. O Neymar todo mundo sabe que ia ser caçado. Há três jogos a gente vem falando isso", queixou-se o treinador, mencionando o lance que tira o capitão brasileiro da semifinal com a Alemanha.
Quando falou com a imprensa, Felipão não tinha o diagnóstico completo, mas já tratava como grave a situação de Neymar. O treinador chegou a descartar de antemão sua presença diante dos alemães e considerar difícil mesmo tê-lo na final, o que acabou se confirmando. Resultado de um jogo duro de parte a parte.
"Nossos jogadores também dividiram algumas bolas de forma um pouco mais ríspida que o normal. O árbitro poderia coibir o nosso jogo e o deles", disse Felipão, que absolveu Zúñiga. "Não foi intencional. Na hora que o Neymar tomou à frente, o rapaz veio para encerrar o lance."
José Pekerman concordou com a rispidez do jogo, mas aliviou a avaliação de Carlos Velasco. Disse que Brasil e Colômbia fizeram um jogo difícil de conduzir: as 54 faltas produziram quatro cartões amarelos. "Cada um queria ganhar seu duelo e isso produz algum atrito. Não é fácil conduzir um jogo assim. A tensão foi muito alta", amenizou.
A arbitragem tem sido tema recorrente nas entrevistas de Scolari. No jogo de abertura, ele acabou sendo acuado por causa do pênalti que Fred cavou diante dos croatas. Depois, sempre que pôde, falou do apito. Reclamou penalidade em Marcelo no jogo contra o México, das faltas dos chilenos sobre Neymar e do lance que permitiu à Holanda, do seu desafeto Louis Van Gaal, virar contra os mexicanos.
Do pouco que falou sobre bola, Felipão exaltou o primeiro tempo. Fez menção especial à dupla Paulinho e Fernandinho, que protegeu a defesa e conseguiu anular James Rodríguez e Cuadrado na metade inicial do duelo. Lamentou, apenas, que o Brasil não tenha aproveitado essa superioridade para liquidar o jogo.
"Se tivéssemos concluído melhor as duas ou três chances que tivemos com o Hulk, teríamos mais tranquilidade. Fizemos o 2 a 0 e continuamos acelerados. Parece que o time quer fazer 3, 4, mostrar para todo mundo que está bem. Não precisa fazer isso", analisou. "Aí tomamos o gol em um lance que estávamos com a bola e perdemos. Gerou uma intranquilidade momentânea e a Colômbia veio com uma avalanche em cima da nossa equipe", complementou.
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