A restrição no número de torcedores visitantes nos clássicos paulistas teve efeito totalmente contrário ao esperado pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Militar: os episódios de violência que, em tese, deveriam diminuir, acabaram aumentando. Quem atesta a crescente hostilidade é o major José Balestiero Filho, subcomandante do 2º Batalhão de Choque da PM.

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Balestiero participou do comando dos clássicos entre São Paulo e Corinthians, dia 15 de fevereiro, no Morumbi, e entre Corinthians e Santos, no último domingo, no Pacaembu. E em ambas as partidas houve enfrentamento da torcida visitante (em número muito inferior) com a PM.

"Há um clima hostil. Os torcedores não estão aceitando a restrição de ingressos", afirmou o major da PM. "Não posso dizer com 100% de certeza de que esse foi o motivo para o que aconteceu no Pacaembu. Mas no Morumbi foi uma demonstração categórica."

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Ainda de acordo com o oficial, a PM não encontrou explicação para a briga de domingo - o assunto foi discutido em uma reunião informal realizada nesta segunda-feira. "Foi uma ação inesperada. Mas ainda faremos uma reunião formal com os envolvidos, para tentar achar um denominador comum", explicou Balestiero.

Com a experiência de quem já esteve no comando do 2º Batalhão de Choque da PM e hoje é responsável pelo departamento de prevenção à violência da Federação Paulista de Futebol (FPF), o coronel Marcos Marinho afirmou, com certo cuidado, que houve excesso na atuação de alguns policiais na confusão de domingo.

"Houve um pequeno exagero na reação", avaliou Marcos Marinho. "Assim que se deu a dispersão dos torcedores, eles (os policiais) poderiam ter parado (a ação)."

O número cada vez menor de rivais no estádio do mandante é apontado como uma das soluções para diminuir a violência. O promotor Paulo Castilho é ferrenho defensor da cota de apenas 5% - o regulamento prevê 10% - dos ingressos para os visitantes. Justifica que a PM teria maior facilidade para controlar um grupo restrito. Mas não é isso que tem acontecido.

Os 4,9 mil corintianos que foram ao Morumbi e os 2,1 mil santistas que estiveram no Pacaembu deram muito trabalho à PM. Coincidência ou não, a maior parte desses torcedores é ligada às torcidas uniformizadas. Os presidentes de Corinthians e Santos, respectivamente Andrés Sanchez e Marcelo Teixeira, admitiram ter repassado a maioria dos ingressos às agremiações.

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O último clássico da fase de classificação do Campeonato Paulista será realizado no próximo sábado. São Paulo e Palmeiras se enfrentam no Morumbi. E mais uma vez, a torcida visitante, no caso a palmeirense, terá direito a apenas 10% da carga total de ingressos.

Mas o comando da PM adianta: haverá reforço na segurança. "Vamos aumentar o efetivo no Morumbi", comentou Balestiero. A expectativa da FPF, contudo, é de que não haja bate-boca entre dirigentes dos dois clubes antes do jogo. Isso porque o Palmeiras aceitou a restrição no número de entradas.

"Achamos os 10% justos e não vamos lutar por mais. Se o São Paulo quiser dar, vai ser por livre iniciativa. Nosso estádio é menor, e sempre damos 10% aos visitantes. Não há motivo para criar clima de guerra", admitiu Toninho Cecílio, diretor de futebol do Palmeiras.