Chocante
Fiquei perplexo, chocado, a ponto de não sentir a dor do rebaixamento imediatamente, trocada pelo vergonha de usar as mesmas cores dos marginais. Senhoras apavoradas, crianças chorando, correria com todo mundo se escondendo atrás do quiosque de bebidas, jovens atordoados e, pasmem, alguns defendendo a violência.
Por favor, que nunca mais nenhum dirigente faça promoção com preço de ingresso. Não queremos esses marginais em nossa companhia.
Fernando Saldanha, Curitiba.
Eu vi
Meu nome é Fabiano, tenho 33 anos e infelizmente estava no Couto Pereira domingo. As cenas que presenciei, posso relatar da seguinte maneira: uns 15 torcedores da Império Alviverde agredindo covardemente o roupeiro do Fluminense, com chutes no rosto, nas costelas e nas pernas. Não sei como ele escapou com vida. Eu e mais uns 50 torcedores e torcedoras nos trancamos no banheiro feminino da Mauá para fugir da confusão. Vi crianças e mulheres chorando em desespero total e uma mulher grávida passando mal. Vi o soldado da PM desacordado no gramado ser agredido por outro covarde. Vi cadeiras voando de todos os lados e atingindo pessoas que só tentavam fugir da confusão. Também perdi as contas de quantas bombas escutei explodirem dentro e fora do estádio.
Diante de tudo isso, a minha decisão é que após 26 anos frequentando estádios de futebol, até segunda ordem, eu não piso mais em um, especialmente no Couto Pereira. Eu me envergonho de ter dentro do estádio uma "torcida" como a Império Alviverde, que só nos envergonha por onde passa.
Fabiano Louri, Curitiba.
Desabafo
Domingo pela manhã estava ansioso para ir assistir a mais um jogo do meu time de coração. Alguns parentes na hora do almoço me lembraram para tomar cuidado com a violência e eu de prontidão respondi: "Fiquem tranquilos, será um jogo tranquilo, a torcida do Coritiba tem sido pacífica e a polícia tem feito um ótimo trabalho."
Vocês não imaginam a cara que minha família me fez logo que cheguei em casa, assustado e indignado, acho que nem tanto pelo rebaixamento, mas mais pela vergonha que uns 200 torcedores causaram.
Vou ao estádio há 30 anos e tudo isso me lembrou o final da década de 80, início da de 90, quando os confrontos aconteciam sempre. Estou assustado e não sei quando voltarei ao estádio.
Escrevo à diretoria: sou coxa-branca de coração, amo meu clube, deixo família, amigos e muitos outros programas de lado para ir ao estádio. Há dois anos, desde que vocês assumiram, o que encontro é um clube que mostra deficiência na sua administração e amadorismo nas suas decisões. Cadê o projeto vencer? Peço a renúncia de todos.
À Império Alviverde: a torcida organizada fez festas maravilhosas nesse ano, mas terminou com a imagem de vândalos. O que boa parte desta torcida fez não é digna de colocar os pés dentro de nenhum estádio de futebol tem de pôr essa gente na cadeia.
Repensem para quem vendem camisetas, para quem usa faixa de comando. Torcida é uma só, independentemente do bairro, cidade ou estado. É uma vergonha o que "integrantes" da sua torcida causaram ao meu clube. Nós todos, torcedores de bem, pagaremos caro pelo que fizeram. Estou envergonhado hoje de dizer que sou coxa-branca roxo de coração. Espero que um dia possa voltar a usar minha camiseta e dizer com orgulho: sou coxa-branca.
Gabriel Válter de Souza, Curitiba.
Corredor polonês
Nunca em toda a minha vida de coxa-branca são 38 anos nessa vida sofrida de torcedor eu fui testemunha da barbárie que tomou conta de tudo. O que vi, e nunca mais sairá da minha memória, foi um verdadeiro inferno verde. Eu estava no segundo anel da arquibancada, do lado da Perpétuo Socorro, junto com a minha esposa ao lado de toda a bateria da Império. Tudo na maior paz e festa. Após o apito final, o mundo caiu. Foi um armagedon de pacandaria, tiros, pauladas...
Quando conseguimos sair do estádio, a PM estava no portão. Montaram um corredor polonês daqueles que quem passa apanha: alguns com cassetete, outros com espingarda do tipo 12. Só não fui agredido porque estava com minha esposa, mas quem passava sozinho tomava paulada.
Não reprovo nem apoio nenhum dos lados, mas abuso de força e poder já é demais.
César R. Mehl Júnior, Curitiba.
Imprensa
Eu não estava no estádio. Ao contrário, ouvia o jogo pela rádio. Fiquei impressionado ao ouvir o narrador do jogo xingando o árbitro durante boa parte do segundo tempo. "Ele é um vagabundo." Ouvi essa frase algumas vezes e antes mesmo de acabar o jogo eu já esperava pelo pior. "Ele é um vagabundo, sem vergonha." O mínimo que isso pode causar é revolta dos torcedores contra o árbitro. Eles estão ouvindo uma pessoa, que a princípio entende melhor que eles sobre o assunto, falar mal do árbitro. Não deu outra, os marginais invadiram o campo para agredir o árbitro, ele era o alvo dos microcéfalos.
Entendo que a imprensa deve estar preparada para não insuflar dessa maneira uma massa. O pessoal da rádio devia ter falado palavras de paz, de conforto, pois a queda do Coritiba era uma possibilidade, talvez alertando os "torcedores" para não cometer nada após o apito final. Mas parecia que se o locutor estivesse em campo, ele mesmo agarrava no pescoço do árbitro.
Lamentável. Detalhe: tenho tudo gravado!
Fabiano Souza, Curitiba.
Organizadas
Eu não estava em Curitiba, mas falo como paranaense, um dos muitos que presenciou a barbárie pela televisão. Sou torcedor do Atlético, vou a inúmeros jogos e nunca me envolvi em confusões. Mas as cenas que eu e meus familiares vimos foram assustadoras. Minha mãe se desesperou em ver tudo aquilo na tevê, sendo que a causa foi um rebaixamento para a Série B. Será que é necessário? A cidade de Curitiba, conhecida nacionalmente pela organização e pelo povo correto e íntegro, foi manchada pela ação de torcedores que não souberam diferenciar as alegrias e tristezas do esporte de suas vidas pessoais.
Os agressores estavam, em sua maioria, com uma camiseta, com o escrito Império. Poderia possivelmente ser Os Fanáticos, caso o rebaixamento fosse atleticano. Essas torcidas organizadas acabam sendo as responsáveis. As pessoas que lá estão respiram, vivem, trabalham e se empenham única e exclusivamente para o seu time. Mas essa doação se faz de forma errada, pois a violência e a intolerância estão presentes nesse meio. Sou a favor do fechamento das organizadas, para mim, as principais responsáveis pela violência. A autuação dos envolvidos deve ser feita, através das imagens. Eles têm de ser banidos dos jogos.
Como paranaense, fico chateado pelo rebaixamento do time da capital. Como cidadão, fico pasmo em como a falta de inteligência pode matar.
Flávio Grzybowski, Curitiba.
Indignada
Após o término do jogo, o estádio virou um campo de guerra. Violência por parte de torcedores membros da torcida Império e da polícia. O rebaixamento não dá o direto de a torcida agir de forma selvagem e de a polícia colocar de uma forma irresponsável a segurança de crianças em risco. A parte superior das cadeiras da Mauá, na sua maioria, era ocupada por crianças com seus pais idosos e mulheres. Mesmo assim, sem ter nada com a marginalidade, fomos encurralados por bombas e tiros de borracha, ficando em pânico, pois não sabíamos se era melhor dentro ou fora do estádio, pois a polícia, mal treinada, nos amedrontava em qualquer lugar. Será que o Ministério Público agora vai tomar uma atitude séria ou vai ficar na mesmice, pois torcida organizada já passou de uma organização esportiva para quadrilha?
Cidinha Holmes, Curitiba.
Cair e desabar
Militares feridos, encurralados e sem ação. Não, não é o Iraque ou qualquer país que esteja em conflito. Isso aconteceu na cidade que simboliza a paz e que foi escolhida, entre tantas, como uma das que vão receber o maior evento futebolístico do planeta. Esse desastre aconteceu em Curitiba, mais precisamente no Estádio Couto Pereira. O Coritiba completou no ano de 2009 seus 100 anos. Fracassou no Estadual, na Copa do Brasil, mas se mantinha com uma sobrevida no Brasileiro. Devido a um planejamento tão ruim quanto o time, e tendo um técnico que amplia o significado da palavra "incompetente", não suportou a arrancada fulminante do Tricolor carioca e amanheceu na Série B.
Ontem, o que foi encontrado não era o Alto da Glória, pois não havia nada de glorioso no estado lamentável que aqueles que se intitularam torcedores deixaram a casa do Alviverde paranaense. Ao trilar do apito final, marginais camuflados de coxas-brancas invadiram o gramado e transformaram o palco do esporte mais belo do mundo em cenário de guerra. Aqueles seres humanos esquecem qualquer valor recebido e se comportam como selvagens, manchando a imagem de torcida empolgante, elogiada em todo o Brasil.
Sair da elite do futebol não pode significar o fim do mundo, por mais complicado que seja aceitar. Os times que retornam de lá, sempre reformulados, tendem a um crescimento extraordinário. Agora, o fatídico evento de domingo não foi apenas uma queda, foi um desabamento. Seja ele moral, psicológico ou ético.
"Obrigado" aos protagonistas daquelas cenas. Seremos vistos de uma maneira muito boa no exterior. "Obrigado" por prejudicarem seriamente o clube. A imagem daquele garotinho agarrado ao braço do pai, tremendo de medo, ficará gravada na memória de todos. Simplesmente não merecem ter o prazer de pisar num estádio de futebol nunca mais.
Dagoberto (17anos) e Fernanda (16 anos), Curitiba.
Exemplos
Lamentáveis as cenas de selvageria ocorridas na outrora cidade modelo do país. Num dia em que o Rio de Janeiro deu um espetáculo à parte, tratando-se de torcidas de futebol, os torcedores do Coxa demonstraram ao país e ao mundo o quanto o fanatismo, seja futebolístico, religioso ou político, pode transformar pessoas corretas em bandidos indecentes num simples momento de euforia.
Parabéns à torcida do Fluminense, que mais do que ajudar o seu time nos momentos mais difíceis, mostrou ao país o quanto uma torcida pode ser civilizadamente o 12º jogador em campo.
Sandro Ferreira, Ponta Grossa.
Luto
Triste tarde de domingo. O que seria apenas uma tarde de lazer tornou-se a batalha do Alto da Glória. Mais um péssimo título para a cidade considerada de 1º mundo, capital ecológica, etc. Já não bastasse a ida do Coritiba para a Segunda Divisão, seus "torcedores" emporcalharam o futebol já de pequena expressão que é o nosso, com a quebradeira geral no seu próprio estádio, transformando-o numa praça de guerra.
Os policiais eram 700 mas no campo, onde havia mais de 30.000 torcedores, havia apenas 50 heróis que no exercício de seu árduo trabalho não puderam barrar a ira de uma cambada de péssima qualidade, que deve ser punida exemplarmente com serviços destinados à comunidade. Isso para que, se é que ainda dá tempo, aprendam a viver em coletividade.
Fica mais uma vez o alerta para que em dias de jogos, as autoridades coloquem seus colaboradores aonde devem estar para segurança de todos e de tudo que estes animais quebram. Imaginem só o que o mundo dirá de um país que vai sediar uma Copa do Mundo, em 2014?
Newton Luiz Colleti, Curitiba.
Turbinados
Muito se fala sobre as torcidas dentro dos estádios. De que adianta não servir cerveja dentro dos estádios quando nas cercanias correm soltos o "tubão", a maconha e outras drogas? E não há ninguém para coibir. Eles já chegam turbinados. Está na hora de as autoridades começarem a pensar em atitudes mais severas e não deixar livre como está.
Luiz Mário, Curitiba.
Estou fora
Há muitos anos o espetáculo protagonizado pela barbárie é a marca registrada do futebol brasileiro. A ira de pessoas frustradas aliada à incompetência de diretorias que só vêem cifrões, mais alguns atletas de intenções duvidosas, tudo contribui para o quadro de violência que enluta o que deveria ser a válvula de escape das agruras do dia a dia. Pobre futebol, paupérrimos torcedores, miseráveis espetáculos de ódio e dor. Campo de futebol, estou fora há muitos anos!
Mauro Xavier Biazi, Guarapuava.
Saudades
Parabéns à atuação da PM, pois, com meia dúzia de gatos pingados, conseguiu conter a chamada torcida organizada, que pelo que se viu de organizada não tem nada. Concordo com o fim das organizadas. Sou atleticano e Fanáticos e Império nos tornam torcedores vulneráveis nos estádios. E pensar que os clubes subsidiam os ingressos para esses vândalos. Saudades do tempo que assistia ao Furacão sentado na arquibancada. Levantando somente nos lances de perigo. Hoje sou proprietário de duas cadeiras e eu e meu filho somos obrigados a ver o jogo em pé. Fim das organizadas já.
Gérson Luiz Kluppell, Curitiba.