"Se tudo der certo, eu volto a jogar pelo Paraná na Série B". A frase é do atacante Renaldo, projetando o retorno ao clube pelo qual disputou a artilharia do Brasileiro de 2003. Ele afirma estar se preparando física e psicologicamente para voltar a jogar pelo time, "ou outro clube grande", e conta que chegou a ser convidado para voltar ao ex-clube já no Paranaense deste ano. No entanto, preferiu se preparar no Serrano, na pequena Prudentópolis, para chegar com força máxima e disputar a camisa 9.
No time do interior, Renaldo vive um sentimento duplo. Curte um certo anonimato em meio à torcida, mas muitas vezes sente saudade da badalação a que estava acostumado. "Minha rotina aqui é treinar, comer, dormir e treinar", resume o atleta, hoje com 38 anos.
O dia a dia do jogador se resume ao trajeto do hotel ao estádio, a cinco minutos de carro, pela manhã; de lá novamente ao hotel até o horário de almoço, em um restaurante no centro; à tarde, mais treino e, à noite, confere as notícias do esporte em seu laptop.
No máximo, faz uma visita à Igreja Universal, da qual é fiel, três vezes por semana um de seus principais companheiros é o pastor Salles Santos. "Aqui não tenho lugares para ir, e Curitiba fica a 200 quilômetros", diz. Os períodos de folga, no entanto, não foram suficientes para ele conferir as belezas naturais da cidade. "O povo faz uma propaganda danada das cachoeiras, mas eu não pude ainda ir em lugar nenhum, treinando em dois períodos e jogando no fim de semana", lamenta. "Estou doido para conhecer, dizem que é muito bonito, mas aqui só vejo campo e bola", conta.
A torcida do time é tão pacata quanto a cidade. Para um jogador que passou pela tietagem das equipes da capital e pela rotina de entrevistas, viagens e programas de televisão, ele é praticamente um desconhecido andando pelas ruas da cidade. "Se fosse em Curitiba, nossa, eu não poderia nem jantar em um restaurante. Aqui as pessoas reconhecem a gente, cumprimentam, mas preferem não se aproximar muito. É uma característica da cidade", aponta.
Mas, em uma rápida volta pelo centro com a reportagem da Gazeta do Povo, Renaldo é facilmente reconhecido. Em meio a um grupo de bate-papo entre amigos, o serranista e também paranista Juliano Cristo logo reconhece o atacante. "Quando me falaram que ele ia jogar aqui, não acreditei. E agora ele está aqui falando com a gente", surpreende-se. "Lembro dele no Paraná e esperamos que faça um bom trabalho", torce.
Levado ao Serrano pela Amaral Esportes, ele é o titular do ataque da equipe, fundada em 2007 e estreante na elite. Renaldo é a vitrine da empresa, que trabalha com vários jogadores do Leão da Serra. O craque é o chamariz para novos atletas. Em Prudentópolis, reencontrou o amigo e lateral-esquerdo Gune, ex-companheiro de Atlético. Gune toma conta da escolinha de futebol do Furacão na cidade, a maior do Atlético no Brasil, com 400 alunos, e também é representante da Amaral Esportes, indicado por Renaldo.
O ponto da resenha entre os torcedores é na lataria do Varico. "Isso aqui no sábado vira uma festa, vem secretário de esportes, vice-prefeito, todo mundo que gosta de futebol na cidade", conta Gune. Alvari Machado da Luz, o Varico, acredita que o time é bom e pode se classificar entre os oito primeiros. Atleticano, ele acompanha a carreira do ídolo desde 92.
"Eu ia a Curitiba para ver ele jogar. Um cara como ele, pode até amarrar os pés, que ainda joga muito. É a nossa esperança de gols", incentiva.
Em 2009, Renaldo disputou a Copa do Brasil pelo Dom Pedro, de Brasília. Atualmente com 458 gols, ele diz não fixar metas. "Mas, se chegar a uns quinhentinhos, está bom", projeta, ansioso pela estreia oficial amanhã, contra o Coritiba, na Vila Capanema.
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