Ney Franco não revela a escalação
Napoleão Almeida
Ney Franco não quer dar arma ao rival. Com o elenco todo à disposição, o treinador alviverde guardou para si a escalação que tentará manter um tabu de 14 anos sem derrota para o Paraná no Couto.
Só se sabe que será um Coxa ofensivo. "Na minha cabeça já está definido. Como eu não conversei com os atletas, prefiro não definir. Mas a linha não vai mudar", prometeu, contando com um time que pressione o rival desde o primeiro minuto.
Para tanto, duas alternativas: "Não tem muito mistério: é só definir se joga o Enrico ou o Tcheco e se joga o Rafinha ou o Marcos Aurélio", contou guardando a definição que já diz ter. Tcheco significa mais cadência e qualidade em bolas paradas; Enrico, versatilidade no meio e no ataque. Na outra vaga, Rafinha, que volta de suspensão, é certeza de velocidade e arrancadas, enquanto Marcos Aurélio é melhor nos arremates, sem diminuir o ritmo da equipe.
Apenas minutos antes do jogo o torcedor saberá a formação. "Quem entrar vai dar conta do recado", afirmou o atacante Leonardo.
Roberto Cavalo manterá o 3-5-2
Marcos Xavier Vicente
Assim como nas vitórias sobre Guaratinguetá, Brasiliense e Náutico, o técnico Roberto Cavalo vai manter o esquema tático do Paraná para o clássico com o Coritiba: um 3-5-2 recuado, com pegada forte e contra-ataques rápidos. "Quero agrupar ainda mais a marcação, já que o Coritiba tem qualidade, é entrosado e veloz. Não podemos nos expor", enfatiza.
No primeiro jogo do retorno à Vila Capanema, Cavalo chegou a tentar mudar o esquema, testando o 4-4-2 no empate por 0 a 0 com o Icasa. Por causa do baixo rendimento, decidiu retornar ao 3-5-2, no qual a equipe jogou toda a Série B, mesmo admitindo preferir jogar com dois zagueiros. "O esquema está dando certo graças à marcação, à nossa roubada de bola", argumenta.
Para o clássico, o treinador não contará com o volante Chicão, suspenso. Edimar, que havia substituído Luiz Camargo na partida anterior, segue no time. No ataque a dúvida é Wiliam, que ainda se recupera de uma gripe. Se ele não jogar, Cavalo deve optar por Lima ou Kelvin.
Do lado paranista, o clássico de amanhã com o Coritiba é visto como a decisão da Série B. Do alviverde, a oportunidade de desbancar de vez o rival e coroar uma campanha quase irrepreensível. Apesar dessa disparidade, no discurso o respeito é mútuo.
Para o técnico Roberto Cavalo, a confiança adquirida com uma vitória no clássico não vai apenas melhorar o clima na Vila Capanema que já está bom, com o afastamento da zona de rebaixamento após três vitórias consecutivas. Fará também com que o grupo e a torcida voltem a ter esperanças, mínimas, a bem da verdade, de chegar ao G4 e subir à Primeira Divisão. "Se vencermos, ainda temos chances. Se empatarmos ou perdermos, essa esperança termina. Por isso é como se fosse uma final para nós", enfatiza o treinador.
O clima de final para o Tricolor é entendido pelos coxas-brancas. Enquanto refuta um favoritismo implícito nos números, o técnico Ney Franco elogia o Paraná. "Uma sequência de vitórias aumenta a autoestima do grupo. A gente vê que o ambiente lá está mais leve. Confiança no futebol é tudo", analisa o comandante alviverde.
Por respeito ao clássico, Franco procurou minimizar as vantagens do Coxa. "Não existe favoritismo por jogarmos em casa, com o nosso torcedor, e estar na liderança. Temos de olhar os últimos jogos do Paraná e respeitar esse crescimento." Quem conhece o treinador sabe que não é apenas política. E na prática tem dado certo. "A gente não goleou América-RN e o Vila Nova à toa. Respeitamos eles e levamos a sério os jogos."
O rolo compressor alviverde está programado para tentar furar um respeitado bloqueio paranista. Franco acredita em um clássico com o mandante pressionando os visitantes. "Até pela proposta do nosso jogo e do Paraná nas últimas partidas, com dez homens atrás da linha da bola. Será o Coritiba pressionando pelo gol e o Paraná na competência de se defender e explorar o contra-ataque."
Cavalo não esconde que deve manter essa estratégia no Couto, onde o Paraná não vence há 14 anos. Caso consiga acabar com o jejum, poderá dizer que ainda dá para subir, discurso reforçado pela sequência da tabela: dois atuais ocupantes do G4, o quarto colocado Bahia e o terceiro América-MG.
Na opinião do comandante paranista, o Coxa, líder da competição, com 59 pontos, já está na Série A. Mesmo assim, ele enfatiza que vai pôr o time para jogar de igual para igual com o rival. "É difícil anular a equipe deles porque o Coritiba, além de um bom time, tem um bom plantel. E o Paraná é humilde, é simples, mas tem muita vontade de vencer", ressalta o treinador.
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