Ir a grandes shows, nacionais e internacionais, em estádios de futebol definitivamente não é uma tradição curitibana. Azar de Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná Clube, os três principais times da cidade. Na semana passada, o São Paulo confirmou ao jornal "Estado de São Paulo" um lucro de R$ 5 milhões pelo aluguel do Morumbi para quatro megashows. De longe, os dirigentes paranaenses apenas "invejam" a receita extra e importante do time paulista - algo em voga no futebol brasileiro. Há muito boa vontade, mas pouca realização, tanto dos clubes quanto do poder público e dos produtores.
"É algo que deveria ser viabilizado aqui, muito interessante e bom para todas as partes envolvidas. Sou um parceiro deste tipo de ideia desde o primeiro momento, gosto deste tipo de espetáculo e nós temos pré-disposição a tornar viável este tipo de iniciativa", disse o diretor executivo de marketing do Furacão, Paulo Verardi, à Gazeta do Povo. Todavia, este tipo de posicionamento, também encontrado junto aos dirigentes coxas-brancas e paranistas, logo esbarra no que realmente movimenta este tipo de evento: dinheiro e público.
"Em outros mercados maiores, como em São Paulo e Rio de Janeiro, é conhecido o custo, por exemplo, para você apenas cobrir o gramado de um estádio. Com todo o equipamento de proteção, algo complexo de ser feito, já se contrai um custo de R$ 100 mil, valor que logo de cara inviabiliza qualquer possibilidade", argumentou o gerente de marketing do Coxa, Roberto Pinto Júnior. "Em um estádio grande você consegue colocar mais gente e em grandes mercados é possível cobrar ingressos mais caros, situações estas que viabilizam o espetáculo. Acho que o mercado de Curitiba não atende a estes dois critérios", completou.
Os três clubes da capital foram categóricos em afirmar que consultas sempre acontecem, embora praticamente nenhuma dê em alguma coisa. "Sempre pedem para esse tipo de show espaços para mais de 50 mil pessoas, algo que Curitiba praticamente não tem a oferecer. É uma pena vermos, por exemplo, espetáculos serem trazidos para o Teatro Guaíra ou ao Positivo e terem sessões dobradas por falta de espaço, e não de público. Sempre estamos abertos a negociar, mas acho que faltam mesmo são produtores ousados", analisou o gerente social do Paraná, Luiz Carlos Casagrande.
Falta de envolvimento total dos clubes também atrapalha
Mesmo abertos a cessão dos seus estádios, os clubes batem na tecla de que os custos com a infraestrutura que garanta a integridade do local é da produção. A reportagem consultou o empresário Manoel Poladian, um dos maiores realizadores de espetáculos de grande porte no Brasil, e ele foi claro: mais do que custos, é preciso também apoio do poder público. A situação curitibana seria agravada com a dependência da cidade pela Pedreira Paulo Leminski, espaço que hoje só realiza espetáculos mediante uma série de exigências e autorizações.
"É preciso ter o apoio das autoridades, ter patrocínios fortes, uma cobertura de mídia expressiva e a participação dos clubes no empreendimento. Uma produção dessas é caríssima. No caso de Curitiba, as próprias autoridades criaram uma rejeição ao vetar uma apresentação do Deep Purple, com alegações pífias de falta de segurança, deixando assim 15 mil pagantes frustrados", exemplificou o produtor.
Mesmo sem uma cultura de grandes shows, ainda há esperança, de acordo com Poladian. "É preciso aparecer diretores empreendedores e marqueteiros inteligentes, pois receitas alternativas são viáveis não só com shows, bem como com eventos específicos, não deixando ociosos seus patrimônios. Somente falar não adianta, o importante é realizar", concluiu.
Mesmo com tantas dificuldades, os espaços esportivos curitibanos já tiveram alguns espetáculos que fizeram história. A Arena da Baixada recebeu uma multidão de jovens recentemente, em um show do grupo mexicano RBD. Já o Couto Pereira sediou, em 1996, o grandioso festival "Monsters of Rock", com atrações como Iron Maiden, Helloween, Skid Row e Motorhead.
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