Opinião
Emoção muito além da luta
Era a última chance de pegar o microfone na sessão de perguntas e respostas do UFC Rio, ontem, antes da pesagem oficial. Em pé na arquibancada, a menina devia ter por volta de 25 anos até que tentou se segurar, mas não conteve o choro. Sentados lá na frente, os marmanjões Vítor Belfort, Júnior Cigano, Lyoto Machida, José Aldo, e até o experiente Royce Gracie simplesmente não tiveram reação. Os lutadores apenas ouviram, estáticos, ela falar sobre a importância do UFC na vida dela, ainda mais depois do falecimento do pai. O programa dos dois era assistir às lutas do evento todos os sábados. Agora ela continua o hábito sozinha.
Emocionada, a moça enxugou as lágrimas, viu a pesagem, gritou o nome de seu lutador preferido, vaiou os adversários gringos e entrou no clima do UFC. Hoje ela verá de perto o maior espetáculo de MMA do mundo. Ontem, foi aplaudida por seus ídolos.
Fernando Rudnick, repórter
Lembranças de 20 de janeiro de 2006 e de 22 de setembro de 2007, marcantes para dois lutadores paranaenses, entrarão no octógono do Ultimate Fighting Championship (UFC) hoje à noite, na HSBC Arena, no Rio de Janeiro.
Protagonistas da segunda edição brasileira do principal campeonato de artes marciais mistas (MMA), Anderson Silva (paulista radicado no Paraná) e o curitibano Maurício Shogun Rua, mesmo em momentos distintos de suas carreiras, têm uma oportunidade em comum contra os desafiantes Yushin Okami e Forrest Griffin. É a hora da revanche.
Derrotado pelo japonês há cinco anos em uma decisão controversa desqualificação por chute ilegal em torneio realizado no Havaí, Silva vê no novo confronto a possibilidade de continuar sua hegemonia no UFC. Desde o revés, o lutador de 36 anos não perdeu mais em 14 duelos, oito deles defendendo o cinturão dos pesos médios. Foi o início da trajetória para se tornar uma lenda do MMA.
"Quando lutei com Okami, não tinha grande experiência no cage [ringue com grades]. Agora tenho experiência, técnica, finalização...", elenca Silva, sem citar que não costuma se dar bem contra japoneses perdeu para Ryo Chonnan e Daiju Takase no início da carreira.
Um ano e nove meses depois de ver seu antigo companheiro de academia Chute Boxe lamentar, Shogun também sentiu o dissabor da derrota logo em sua estreia no UFC. Com um mata-leão, foi finalizado por Griffin em Anaheim, na Califórnia.
"Com certeza foi uma derrota muito amarga. Saí muito chateado [do ringue]. Mas treinei bastante para superar. Vou lutar bem e superar tudo", espera o ex-campeão dos meio-pesados, que soma três vitórias e duas derrotas após ser parado pelo americano.
A última, para Jon Jones, não só decretou a perda do cinturão como também escancarou que o brasileiro não passava pela melhor fase da carreira, ao contrário do que fez no Pride ou, mais recentemente, quando nocauteou Chuck Lidell em 2009.
"Espero que não seja esse o cara que vai aparecer [Shogun 100%], mas tenho de estar preparado para ele", diz o rival.
Mas para mostrar que está de volta à velha forma ou para aumentar a maior supremacia do esporte, Shogun e Anderson Silva terão de encarar os dois lados da moeda de lutar em casa. O UFC não era realizado no país desde 1998, o que dá dimensão do apoio, mas também da pressão hoje à noite.
"É 50 a 50 [pressão e apoio]. Todo mundo fala comigo e me pergunta se estou pronto. Estou pronto e empolgado", garante Silva. "Tem as duas coisas, mas espero não contar a parte da pressão", admite Shogun.
Com ou sem pressão, cada um com sua motivação, tudo leva a crer que as revanches serão de arrepiar. "Anderson Silva está lutando por seu legado. Yushin Okami está lutando por respeito. Griffin e Shogun vai ser uma guerra. Acho que vai ser bom", fecha Dana White, presidente do UFC.
Ao vivo
A RedeTV! transmite o card principal do UFC Rio a partir das 22h. A programação do SporTV inicia às 21h, com algumas lutas preliminares. O canal pago Combate começa a transmissão às 18h e mostrará todos os duelos.
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