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Ricardinho: desde 2007 afastado da seleção, levantador não quer mais alimentar falsas esperanças de vestir a camisa do Brasil | Shizuo Kambayashi/AE
Ricardinho: desde 2007 afastado da seleção, levantador não quer mais alimentar falsas esperanças de vestir a camisa do Brasil| Foto: Shizuo Kambayashi/AE

"Vai voltar para a seleção?" Há três anos, essa é a pergunta que o levantador Ricardinho mais recebe por onde passa. Se até há pouco tempo a resposta seria um "quem sabe?" ou "espero que sim", depois do Mundial da Itá­­lia, o jogador de 34 anos decidiu: nunca mais.

Feliz por voltar a jogar no Brasil em 2010, o jogador de Ma­­rin­­gá diz que a decisão é em fa­­vor de sua família. Mas não es­­conde a decepção por não estar entre os 14 que disputaram e venceram a última competição. Se estivesse no grupo, seria tricampeão do mundo.

"Ele [Bernardinho] me chamou de volta. Eu estava lá, na Itália, quietinho fazia uns dois anos e meio. Ele me motivou. Minha volta era certa, pelo que tinha sido me passado. [Ricar­­di­­nho entrou na lista de pré-convocados, mas os levantadores escolhidos foram Bruno e Marlon]. Tive de dar um basta. Se não, não trabalho direito. Minha filha na escola se sente pressionada por perguntarem se o pai volta ou não", afirma.

Ricardinho não defende a seleção nacional desde 2007, quanto conquistou seu sexto título na Liga Mundial. Foi cortado às vésperas do Pan do Rio por uma discussão com Bernardinho. Mas a torcida brasileira já pode ver o levantador, conhecido pela velocidade na ar­­mação das jogadas – em um estilo que já foi chamado de "vôlei maluco" – atuando. Depois de seis anos jogando na Itália, Ricardinho defende o Vôlei Futuro, de Ara­­çatuba (SP), como um dos principais reforços para a temporada 2010/2011 da Superliga, que começa em 6 de novembro.

Já em quadra para a disputa das semifinais do Paulis­ta, amanhã ele terá um desafio a mais em quadra: enfrenta o Pinheiros/Sky, de seus ex-companheiros na seleção Murilo, Marce­­li­­nho e... Giba. Após o incidente que afastou Ricardinho da seleção, ele e o oposto romperam a amizade.

Publicamente, não se falaram mais. Na última terça-feira, du­­rante o evento de lançamento da Superliga, em um restaurante de São Paulo, o encontro dos dois foi o mais esperado. E não passou de um constrangido cumprimento de mãos quando todos os jogadores campeões mun­­diais foram convidados a subir ao palco.

Enquanto Giba diz não querer uma conversa com Ricardinho diante dos jornalistas, o levantador afirma seguir adiante. "Vai ser aos poucos. A gente se cumprimenta. A melhor coisa é ficar assim e não ficar procurando sa­­ber se ainda há o que acertar. Vai ser legal [enfrentá-lo]. No tempo em que a gente se falava a rivalidade já existia, agora acho que vai ser igual", fala.

Satisfeito por estar de volta a seu país, o paulista radicado no Paraná e campeão olímpico em Atenas (2004) afirma que a decisão de se "repatriar" também foi pensando no bem-estar da família – esposa e duas fi­­lhas, de 13 e 8 anos. E diz-se feliz. "Muito feliz. Estou em minha melhor fase, bem tecnicamente, com maior tranquilidade."

Tranquilidade que não quer dizer menos cobrança em quadra. "Essa é minha característica", defende. No time de Ara­­ça­­tuba, quer enquadrar os atacantes ao seu estilo de jogo. "Temos o Lucão, o Vissotto [ambos campeões mundiais na Itália] que mostraram a mesma vontade da geração anterior. Isso mostra que fizemos escola. Vou ter de fazer esses gigantes [de mais de 2 metros de altura] acelerarem o jogo", fala.

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