Traje
Estilo formal é vetado pela mulher
O compromisso de reabilitar o Tricolor mudou a rotina do atleta Ricardo Pinto. Corredor de rua, agora está sem tempo para uma das suas atividades preferidas. "Corria quase todos os dias. Agora está mais difícil. No domingo, consegui correr 10 km", conta ele, que no ano passado completou a maratona de Curitiba.
A prática esportiva interfere até no seu estilo. "Uma vez tentei vestir um blazer para comandar um time. Mas minha mulher não deixou. Diz que não combina comigo, nem com o futebol", conta.
À exceção do estilo mais formal à beira do gramado ele usa jeans e camiseta do clube , Ricardo Pinto se enquadra na avaliação do técnico ideal em pesquisa feita por cientistas ingleses. Eles seriam magros, esportivos nos treinos e alinhados nos jogos. "Pelo menos barrigudo ninguém vai me ver", brinca.
Uma semana foi suficiente para amenizar o caos. Falta muito trabalho para Ricardo Pinto fazer no ainda lanterna do Campeonato Paranaense. Mas o clima já é outro, como ele mesmo identificou no almoço entre a comissão técnica, jogadores e diretoria do Paraná realizado ontem, um dia após a primeira vitória no Estadual, contra o Cascavel. Para quem não vencia jogos oficiais desde novembro, dois triunfos em cinco dias bateu também o Gurupi-TO, pela Copa do Brasil garantiram a melhor largada possível dele no comando. "Estou feliz", resume.
Ao contrário da apreensão esperada para quem assumiu o Tricolor em uma das piores crises da sua história, Ricardo Pinto conta ter se surpreendido ao chegar à Vila Capanema na semana passada. "Vi muita coisa boa. A estrutura interna é moderna e poucos conhecem. Me agradou a forma de atuação, a simplicidade e a transparência da diretoria, a proposta de trabalho", lista.
Qual o motivo, então, de tamanho desastre em campo? "Juro que perguntei a mesma coisa", revela o treinador. A conclusão foi a falta de tranquilidade e alegria dos atletas.
Diagnóstico feito, o tratamento foi psicológico. "Precisávamos conscientizar os jogadores de que eles sabiam jogar futebol", explica o comandante, adepto da motivação. Uma faceta ausente no seu maior ídolo, o técnico Muricy Ramalho, hoje no Fluminense. "A situação dele é diferente. Treina atletas ricos, consagrados. Nós, aqui, trabalhamos com jogadores que ainda buscam espaço, reconhecimento", compara.
Diante disso, a bola ficou em segundo plano no processo de resgate da autoestima. "No Paraná, era isso que precisávamos agora. Pelo pouco tempo e até pelas chuvas, que atrapalharam o trabalho, a parte tática ficou quase na teoria. Eu não sabia se iria conseguir", confessa.
Fã de biografias citou a leitura das histórias de Beethoven e Chico Xavier , ele usou exemplos de sucesso e do cotidiano para reverter o peso da péssima campanha paranista. Antes de enfrentar a Serpente, na conclusão do primeiro turno estadual, levou à concentração tricolor o ultramaratonista Rafael Bonatto.
"Ele é meu amigo, foi lá pela amizade e contou sua experiência. Um dos seus feitos foi correr 27 maratonas em 27 dias. Vi os atletas com os olhos arregalados", relata o treinador.
Com o rumo aparentemente encontrado, Ricardo Pinto agora assume a necessidade de modernizar o estilo de jogo, treinar exaustivamente algumas jogadas e aprimorar a marcação, "que está muito falha".
Ele também promete ficar alerta ao comportamento dos jogadores. "Joguei por 20 anos. Também fui malandro. Podem até tentar, mas não vão me enganar. Dá para ver no olhar quem está comprometido", avisa, usando outra frase de efeito do seu repertório.
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