Paranaguá Terceiro clube mais antigo do estado, o Rio Branco está perto de escrever o capítulo mais glorioso de sua longa história. Desde que foi fundado, em 1913, o representante do litoral nunca chegou tão forte a uma semifinal de Paranaense. Em 2000, o clube até chegou tão longe, mas não teve forças para encarar o Coritiba. Perdeu duas vezes por goleada 4 a 1 em casa e 5 a 1 no Alto da Glória. Nesta segunda chance de chegar à inédita decisão, o Leão está com as garras afiadas: tem campanha semelhante à dos rivais e segue invencível na Estradinha. Não deve nada aos oponentes. E a torcida já entendeu a mensagem.
Ontem, enquanto os últimos reparos eram feitos em alambrados e tetos do Nélson Medrado Dias, as filas para a venda de ingressos não terminavam do lado de fora. Pequenas em tamanho, mas constantes graças à rápida reposição de interessados em uma vaga no duelo contra o Paraná, domingo, 15h40. A expectativa é que um coro de 6.800 pessoas ajude a comprovar que o litoral tem a bola tão redonda quanto a capital. Por lá, o futebol voltou à moda.
"Esse time conseguiu mobilizar a cidade. O pessoal voltou a sair com bandeira e camisa do clube. Depois de seis anos, montamos um time barato, mas com qualidade e garra que representa bem o nosso litoral", vibrou o bancário Jéferson José Neves, de 37 anos, que estava na fila para garantir a entrada. "Só dá Leão. Vai ser difícil, mas vamos ganhar aqui e segurar em Curitiba. Se passarmos, dá para sonhar com o título", contou o aposentado Osmar Braga, de 56 anos, antes de pegar a bicicleta para voltar para casa com quatro ingressos "para a família".
E nesse ritmo familiar, de união, o Rio Branco vai se impondo. Dentro de seu território, são sete vitórias e um empate, tudo movido a muita garganta. Na primeira fase, a média de público soltando a voz na Estradinha era de 3.269 torcedores. O rendimento em campo parece que convenceu os mais céticos. Perante o Londrina, nas quartas-de-final, 7.845 pessoas lotaram o estádio para empurrar o time do coração e pressionar os visitantes.
Contra o Tricolor da Vila Capanema, a receita não muda. No cardápio, muito calor. Do sol e do alambrado rente ao gramado. A trama envolve até os dirigentes. Perguntado se haveria algum atrativo a mais para a semifinal, o gerente de futebol Abílio Bezerra respondeu em tom de brincadeira, mas nem tanto, que a "única promoção era pressionar o Paraná".
Esse calor contra o adversário também foi tema de conversa na fila do ingresso. A reclamação era com o cenário de violência que estaria sendo pintado no noticiário da capital. "Aqui tem boa vontade para todo mundo", frisou o aposentado Raimundo Quirino, de 75 anos. "Batalha é só na bola", acrescentou.
Na casa do Leão, quem está em alta é outro bicho. Ratinho é vice-artilheiro do estadual, com 10 gols, e primeira resposta para a pergunta de quem é o melhor jogador da equipe. Mas o sucesso do Rio Branco não está nas costas apenas do "roedor". Erick Alves Barreto, estudante de 16 anos, dá a resposta completa. "A diretoria selecionou bem os jogadores e fez uma pré-temporada consistente", falou.
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