Quem entra na sede da Torcida Os Fanáticos, um grande galpão em vermelho e preto repleto de lembranças do Atlético ao lado da Arena, se assusta. Lá no meio, entre caveiras e instrumentos da bateria, está um vistoso caixão com as cores do rival Coritiba. "Eles estão mortos, só falta enterrar mesmo", provoca o rubro-negro Dráusio Cordeiro Santos Júnior, o Lombriga, um dos principais colaboradores da organizada. Há também foguetes e cartazes aguardando o desfecho do Campeonato Brasileiro.

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A cena retrata mais um capítulo da longa história de rivalidade entre coxas-brancas e atleticanos. Enquanto os coritibanos apelam para todos os santos para permanecer na elite do futebol brasileiro, os simpatizantes do Furacão tripudiam. Na base do quanto pior, melhor, os rubro-negros deitam e rolam.

"Comigo não existe esse negócio de pensar no futebol paranaense. Por mim, só ficaria o Atlético representando o Sul do país na Primeira Divisão. O Coxa rebaixado? Para o atleticano não há coisa melhor", conta Lombriga, sem conseguir segurar o riso.

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Os Fanáticos elaboraram um sádico plano de gozação caso o rival tropece amanhã contra o Internacional e volte para a Segundona após dez anos. A semana promete ser dura para o povo do Alto da Glória. A torcida pretende criar uma grife "Coxinha, rebaixado" com adesivos e camisetas alusivos à derrocada verde e branca. Existe ainda a intenção de enterrar simbolicamente o rival, numa procissão que vai sair da Boca Maldita até a Praça do homem nu – tradicional ponto de comemoração das conquistas do Coritiba.

"Pra quem sempre foi anti-Coxa, só posso comemorar. Costumo dizer que tenho dois times: o Atlético e quem enfrenta o Coritiba", desdenha o vice-presidente da organizada, Juliano Rodrigues, que se dividirá entre torcer pelo Furacão no duelo contra o São Paulo no Morumbi e secar o co-irmão.

Já os paranistas optam pela neutralidade na sadia briga da rivalidade. Não escondem uma pontinha de felicidade com o desespero do Alviverde. Porém, baseado na experiência de quem se habitou a ver o time brigar para não cair nos últimos anos, se mostram um pouco mais solidários do que os colegas da Baixada.

"Só quero que o Paraná vença o Vasco e termine como a melhor equipe do estado. Os coxas sempre tiraram sarro do meu time. Agora estão desesperados para escapar de um lugar para onde a gente não quer nunca mais voltar", afirma o presidente da Fúria Independente, maior organizada ligada ao Tricolor, Márcio Alexandre Silvestre.

Enquanto isso, Os Fanáticos convidam seus associados para comparecer à sede da torcida amanhã, às 18 horas, para acompanhar um barulhento foguetório. "Vamos celebrar o sexto lugar no Atlético no Brasileirão", brinca Lombriga, novamente aos risos.

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