Ronaldinho Gaúcho e o irmão do ex-jogador, Assis, prestaram depoimento na sede Promotoria contra o Crime Organizado, em Assunção, capital do Paraguai. Os dois foram detidos ainda na noite de quarta-feira (4), suspeitos de utilizarem documentos falsos para entrar no país.
O promotor do caso, Federico Delfino, prestou informações sobre a situação do astro do futebol. De acordo com Delfino, que concedeu entrevista coletiva, os passaportes usados por Ronaldinho e Assis pertencem a outras pessoas.
"Foi checada a documentação, que chamou atenção. Para ter a nacionalidade paraguaia, ser paraguaio naturalizado, tem que estar vivendo há algum tempo no país e ter um trabalho. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial. São passaportes originais, mas com dados apócrifos", comentou Delfino.
Entenda o caso
A polícia do Paraguai fez buscas na noite desta quarta-feira na suíte onde está hospedado o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho em um hotel próximo à capital Assunção. Os agentes relataram ter agido após denúncia do Departamento de Identificações da Polícia Nacional por suspeita de que o jogador e o seu irmão, Roberto de Assis Moreira, estivessem portando passaportes falsos.
Foram apreendidos dois passaportes paraguaios considerados presumidamente adulterados e que estavam em nome de Ronaldinho e do irmão. Telefones celulares também foram recolhidos. Um brasileiro de 45 anos foi detido, mas a polícia não detalhou qual seria a sua ligação com o caso. Tanto Ronaldinho quanto Assis foram convocados a prestar esclarecimentos ao Ministério Público na manhã desta quinta-feira.
A operação policial ocorreu na suíte presidencial do Hotel Resort Yacht y Golf Club em Lambaré, vizinho a Assunção. O registro da ocorrência mostra que os agentes chegaram ao local às 21h15.
O craque chegou ao Paraguai vindo do Rio, tendo sido recebido por uma multidão no desembarque no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção. Os passaportes supostamente adulterados teriam sido apresentados pelo ex-jogador e pelo seu irmão no momento de entrada no país, apesar de o Paraguai aceitar o RG brasileiro como documento para acesso ao seu território.
Ronaldinho tinha previsão de participar de alguns eventos e de ação beneficente para crianças, do lançamento de uma biografia, além de uma ação social de uma empresária. O advogado do ex-jogador está indo para o Paraguai.
A denúncia da Polícia Nacional foi levada à procuradoria-geral do país, que coordenou a operação após determinação judicial. O comunicado da polícia ressalta que foi providenciado que eles permaneçam nos quartos, devendo comparecer nesta quinta às 8 horas na sede do Ministério Público. Aos policiais, eles disseram que foram ao Paraguai a convite de Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo, e que depois foram contatados por um representante da fundação "Fraternidade Angelical".
À rádio paraguaia ABC Cardinal, o ministro do Interior, Euclides Acevedo, disse que será aberta uma investigação. "Nós não só estamos querendo investigar a adulteração, mas também as autoridades que permitiram esta irregularidade de procedimento", disse. Ele acrescentou que os documentos teriam sido adulterados "para por os nomes dessas pessoas e que por isso foi feita uma denúncia". "Como autoridades de Estado, não podemos permitir esse tipo de adulteração, seja de quem for."
A Procuradoria paraguaia declarou no início da madrugada desta quinta que foram encontrados vários documentos paraguaios com o nome do jogador e de seu irmão. "A investigação está em curso", informou o órgão.
Problemas com passaporte
Ronaldinho fechou acordo em setembro de 2019 com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para liberar o seu passaporte, que estava retido pela Justiça, o que o impedia de realizar viagens internacionais Ele realizou pagamento, em valor que não foi revelado e acertado em acordo, que permitiu a liberação do documento.
Anteriormente, Ronaldinho e seu irmão Assis haviam sido condenados por crime ambiental em Porto Alegre, em área protegida, no Lago Guaíba. A condenação os multou em cerca de R$ 8,5 milhões. E como não havia feito o depósito do valor, o passaporte do craque havia sido retido pela Justiça, assim como o de Assis.
No ano passado, o ex-jogador foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro como embaixador do Turismo. No fim de outubro, já com o passaporte liberado, viajou para disputar partida festiva em Israel.