No dia 27 de março de 2002, Ronaldo voltava a vestir a camisa da seleção brasileira em amistoso contra a Iugoslávia. A camisa 9 não era do atacante desde outubro de 1999, quando encarou a Holanda, em Amsterdã. O joelho avariado não o deixava jogar.

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Na mesma época, à beira da Copa passada, o atacante passava sua última temporada na Itália. Na rodada decisiva, em 5 de maio, contra a Lazio, jogou mal, foi substituído e viu o escudeto escapar pelas mãos com o tropeço por 4 a 2. Num choro convulsivo, isolado no banco de reservas, o jogador desabava com o revés.

Assim foi a vida do Fenômeno antes de disputar o Mundial da Coréia/Japão. Em meio à desconfiança generalizada, fora de forma e tido como ex-atleta, protagonizou a conquista do penta. Tornou-se o artilheiro do evento (8 gols). E renasceu. Mas hoje, quatro anos depois, prestes a buscar o hexa na Alemanha, em evidente declínio técnico, Ronaldo coloca seu poder de superação novamente na berlinda.

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A recente manchete do jornal As, de Madri, parece emblemática: "Pesam os anos; pesam os quilos". Refere-se ao atacante, de 29 anos, com apenas 11 gols em 29 rodadas do Campeonato Espanhol. No embalo dessas críticas, o astro francês Michel Platini (que o chamou de gordo) e Pelé (citando a confusa vida particular do astro) reforçaram a crise.

Atenção e carinho

Há 82 dias da estréia brasileira na Copa, quem conhece a reação de Ronaldo sai em sua defesa. É o caso do técnico Luiz Felipe Scolari. Foi Felipão – hoje no comando de Portugal – que deu de ombros para os prognósticos e apostou cegamente no artilheiro.

"O Ronaldo precisa de atenção e carinho. Ele fez o que nós pedimos, cumpriu o que estava estabelecido nos treinos, e lhe demos o que ele necessitava. Trata-se de um jogador extremamente dedicado nos momentos decisivos", atesta Scolari, via assessoria de imprensa, à Gazeta do Povo.

Até mesmo o jogador já manifestou esse entendimento. "A Copa é a grande motivação de todo jogador. Eu sei que o momento não é bom, mas eu vou me preparar e calar a boca de muita gente", disse, em recente entrevista ao jornal O Globo.

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Guru da seleção brasileira, o engenheiro Evandro Mota reforça esse discurso. "Estamos falando de um vencedor e esse perfil de pessoa busca desafios. Todo esses problemas são ótimos, excelentes para a equipe nacional – talvez, não para o próprio Ronaldo. Está sendo instigado a mostrar o seu valor. E toda vez que isso acontece, ele consegue", analisa.