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O duelo entre Portugal e Holanda pelas oitavas-de-final da Copa da Alemanha não desperta apenas o interesse sobre a disputa dentro de campo. Fora dele, o confronto entre os dois técnicos - o holandês Marco Van Basten e, representando Portugal, o brasileiro Luiz Felipe Scolari - também chama atenção. Isso porque hoje, às 16 horas (horário de Brasília), em Nuremberg, encontram-se duas trajetórias no futebol completamente diferentes.

Com a bola nos pés, o que sobrava de categoria para o habilidoso atacante da Laranja Mecânica, do Ajax e do Milan, faltava no caso do rústico zagueiro do Aymoré e Caxias (RS), que jamais chegou a atuar numa equipe de maior representatividade. Sendo assim, naquela época, Copa do Mundo para Felipão só mesmo pela telinha. Já Van Basten representou a Holanda em 1990, na Itália.

E aí que o jogo começa a virar para o gaúcho de Passo Fundo. Primeiro, porque se não fosse pelo nome entre os titulares, o craque holandês teria passado despercebido na história das Copas. Foram quatro jogos e nenhum gol marcado em 90, performance fraca para quem era chamado de San Marco pela torcida do Milan, obra dos milagres que fazia na grande área.

Porém, à beira do campo, Felipão põe o adversário desta tarde no bolso: um título mundial conquistado com o Brasil em 2002 e três vitórias na primeira fase à frente de Portugal (chegando ao recorde de 10 vitórias consecutivas em copas), em mais de 20 anos como treinador, contra um Van Basten ainda principiante na carreira, embora promissor.

"Mesmo sendo um jogador de poucos recursos técnicos, o Felipe sempre teve personalidade, liderança, por isso alcançou o sucesso", afirma César Bagatini, 54 anos, aposentado, ex-goleiro que jogou com Felipão no Caxias de 1974 a 79. Sobre a (falta de) intimidade do amigo com a bola, Bagatini, lembra um apelido que se tornou célebre. "Ele era o Rosca, porque só acertava na orelha da bola".

Contrariando a fama que acompanha os defensores tidos como voluntariosos, viris, com pegada, ou, no popular, "grossos" mesmo, Scolari não era desleal. E, num confronto virtual com Van Basten, ataque contra defesa, não faria feio. "Ele era vigoroso mas não era violento, marcava muito bem", aponta Paulo Roberto Segatto, 55 anos, também ex-colega de Caxias, hoje empresário.

Apesar da lealdade assegurada pelos companheiros de antigamente, o já bigodudo na época também sabia utilizar recursos pouco convencionais. Em 1979, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, Felipe desferiu uma cotovelada no lateral-esquerdo Dionísio, na partida entre Caxias e Internacional.

"Num escanteio ele veio cabecear e me acertou, eu revidei e acabei sendo expulso pelo árbitro", recorda o ex-lateral-esquerdo Dionísio Filho, ex-jogador, hoje comentarista da Rádio Banda B e colunista da Gazeta do Povo no caderno Copa do Mundo 2006.

Apesar do incidente, Dionga reconhece as qualidades de Scolari à beira do gramado. "Como jogador, ele era limitado tecnicamente, tinha mais força física, mas como treinador já comprovou sua categoria. Tem tudo para continuar brilhando."

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