Na origem inglesa, nasceu com o nome de rugby. No "aportuguesamento", virou rúgbi. Pronuncia-se algo como "râguebi". Boa parte dos brasileiros ainda não sabe bem ao certo como se joga esse esporte, tão popular na Europa e na Oceania, mas sabe da sua existência. Parece exagero, mas só isso é suficiente para atletas e dirigentes da modalidade comemorarem.
"A população já sabe pronunciar o nome. O próximo passo é aprender como se joga", diz o presidente da Federação Paranaense de Rugby, Mauro Calegaro. Nacionalmente, a campanha publicitária da Topper contribuiu para divulgar o esporte. Outra conquista foi o patrocínio de R$ 99 mil por ano, até 2016 valor não confirmado pela empresa de material esportivo.
Apesar de ser uma receita assustadoramente menor que a de outras modalidades (a natação nacional, por exemplo, recebeu dos Correios R$ 10 milhões na temporada 2009/2010), a verba permitiu à Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) criar um plano de metas para as seleções nacionais.
No Paraná, pequenos avanços também são comemorados. Ontem o estado teve seu primeiro campeão em uma competição realizada com seis equipes, devidamente federadas, para jogar o rúgbi union (o mais tradicional, com 15 atletas em cada time). "Até então, tínhamos de improvisar. Uma equipe emprestava atletas para a outra, ou reduzíamos para 13, 10 ou 7 de cada lado", lembra Calegaro.
Times mais novos vêm ganhando força, resultado do esforço de amadores. Principal equipe da capital, o Curitiba Rugby Clube (CRC) existe há 26 anos e acompanha o surgimento de adversários pelo interior, como os Lobos Bravos, de Ponta Grossa; o Londrina Rugby Clube; o Cianorte Rugby; o Cascavel Rugby e o Hawks Maringá Rugby.
O time maringaense, que ontem disputou a final do Paranaense com o CRC, é, de certo modo, um retrato do rúgbi no estado: cresce, mas está longe de sair do amadorismo. Foi formado há quatro anos, quando o professor Anselmo Alexandre Mendes enviou um e-mail aos amigos. "Não sei como fazer aquela barreira dos dois times [o scrum]... Sou cru cru no rugby, mas sonho em formar uma equipe em minha cidade...", dizia a mensagem.
As primeiras partidas eram no gramado em frente à Catedral de Maringá. O advogado Marcelo Gimenes Valenzuela, hoje coordenador da equipe, conta que o convite inicial foi para um jogo de futebol. "Quando cheguei lá, a bola era oval!", lembra. Apesar da peça que lhe pregaram, seguiu treinando.
Hoje o Hawks tem o segundo campo oficial do Paraná, resultado de uma parceria com a prefeitura, que cedeu o espaço em um parque. Os custos com treinos, uniformes, viagens e competições, porém, saem do bolso de cada atleta.
Em geral, os treinos são à noite, após a jornada de trabalho dos jogadores. "Essa é a realidade do rúgbi no país. Mas até mesmo na Argentina, onde é muito popular, o esporte é amador. Quem se profissionaliza vai jogar na Europa", compara Calegaro.
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