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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Leonardo Mendes Júnior – Na segunda-feira foi espalhado para todo o mailing de imprensa do Atlético um e-mail que mencionava o uso do clube pela chapa de situação. No mesmo dia foi colocada no site oficial uma entrevista do candidato Marcos Malucelli à Rádio CBN garantindo a permanência do Geninho. A assessoria dos senhores divulgou comentários dos jogadores e do Geninho declarando apoio à sua candidatura. Esse uso, essa proximidade muito grande da candidatura dos senhores com o clube não acaba sendo nocivo para o processo eleitoral do Atlético?

Marcos Malucelli – Proximidade não tem como deixar (de ter). O Gláucio sim, mas eu estou na condição de vice-presidente de futebol e precisa estar em contato com jogadores, com a comissão técnica diariamente. Se não fosse eu o candidato e fosse alguém que está hoje na oposição - que até ontem era situação e estava no clube -, teria o mesmo contato que estou tendo. Então não a impedimento que qualquer um dos outros dois (José Henrique de Faria e Nelson Fanaya) tenham contato, pois são sócios do clube.

Gláucio Geara: Queria reforçar que tenho um pouco de experiência política nisso... Está certo que o político da família não sou eu, é o meu irmão. Participei de campanhas de candidatos, de todos, até porque gosto disso também. Primeira coisa que eu faço é evitar o envolvimento de qualquer coisa com o clube. Não usamos nada da estrutura do clube, temos um comitê separado, pessoas trabalhando espontaneamente. Não precisamos da estrutura do clube. Em momento algum permiti que se usasse a estrutura do clube. Sei do vazamento de uma informação que foi colocada, que nós estamos apurando, que não foi autorizado por nós. Essa informação desse e-mail... Eu não sei, não me envolvi nisso aí. Estou envolvido nestes dias com o meu processo político. Nós temos um comitê eleitoral com gente de fora do clube.

LMJ - Há 13 anos a vida política, tudo que se refere ao Atlético passa pelo Mário Celso Petraglia, nas diferentes funções que ele já exerceu no clube. Caso vocês sejam eleitos, qual o papel que ele vai ter dentro do Atlético no próximo triênio?

GG - Primeiro, temos um estatuto social que foi recentemente aprovado por uma assembléia. Nesta assembléia, não sei se estiveram lá, Mário Celso Petraglia disse o seguinte: "Eu não sou mais candidato, eu não serei candidato, não vou participar, estou fora". Palavras textuais dele. Daí para cá, na semana passada houve o lançamento de uma outra chapa. Houve uma consulta democrática entre todos os conselheiros que participam da vida do clube: "Alguém quer ser candidato?". Tiveram vários. "Alguém quer montar chapa?"' Foi afunilando até chegar (ao meu nome), para surpresa minha. Eu não era um dos candidatos. Eu tinha coisas particulares, não estava presente, e daí surgiu o meu nome, e eu concordei em aceitar o desafio em nome de meus companheiros, que estão na nossa chapa. E você me perguntou: qual a continuidade dele (Petraglia)? Hoje, ele faz parte do conselho, assinou conosco. 257 assinaram. A diretoria do Conselho Deliberativo é formada de cinco pessoas, dois presidentes e três secretários. Ele faz parte de 257 pessoas. Não podemos rasgar e jogar no lixo a história dele. Seríamos injustos. Ele nos apoiando? Está nos apoiando. Vamos esconder o apoio dele? Não, jamais esconderia o apoio dele. Aceito o apoio dele como aceito o apoio de todos. Não posso, como candidato, escolher eleitor, você não vota em mim. De jeito nenhum Estou aceitando o apoio de todo mundo com muita honra. Cada voto vale um voto. Não existe peso diferenciado do voto. Eu acho que a presença dele no clube... Não sei se ele vai aceitar, mas nós temos um convite para fazer para ele. Nós temos a parte institucional do clube, que é muito bem feita. Não se joga no lixo uma história passada e presente no clube que pode ser futura. Está nos apoiando e eu aceito o apoio dele

LMJ – O senhor mencionou o novo estatuto do clube, que cria as condições necessárias para o surgimento da Fundação Clube Atlético Paranaense. Esse seria o caminho para o Mário Celso Petraglia, conduzir essa fundação?

GG - Não sei. O que posso dizer é o seguinte. Esse estatuto foi feito. O Atlético tinha estatuto antes figurativamente de duas páginas. Hoje tem 107 (artigos). Isso é uma oxigenação do clube. Aqui dentro tem tudo. Quando ele foi feito, não foi feito para perpetuar ninguém, até porque tem uma eleição hoje com duas chapas. Até porque anos atrás votavam 10, 20 pessoas e hoje votam umas 3 mil. Daqui a 3 anos votarão 20 mil pessoas. Mais do que grandes municípios do estado do Paraná. Está prevista uma Fundação, uma Universidade. As pessoas tem me perguntado: "Mas então ele vai ser dono da fundação, dono da universidade? Não. Este estatuto foi baseado no do São Paulo, do Corinthians, do Santos. Pegou tudo que tinha de bom deles dentro da nova lei do Código Civil, dentro da Lei Pelé, dentro do Código de Defesa do Consumidor. Hoje, os clubes de fora têm buscado nosso estatuto para copiar. Quem vai decidir isso (a fundação)? Aqui está escrito. Se nós quisermos fazer uma fundação, temos que aprovar por nossos sócios. Se os sócios não quiserem montar uma fundação, uma universidade ou uma ONG no Atlético. Se nós tivermos que fazer, quem vai dizer são os sócios, que irão votar. Não cabe à diretoria dizer: a partir de amanhã vai existir a fundação. Qualquer um pode se candidatar. Aprova, vota...

MM - Ressaltar também que a fundação é tutelada pelo Ministério Público, segundo o Código Civil. Você não pode usar e abusar da fundação, sob pena de ser punido pelo Ministério Público. Isso é uma garantia a mais para o clube, se vier a ser criada a Fundação. O estatuto só prevê a possibilidade de o Conselho de Administração propor o projeto de criação.

Márcio Reinecken - E vai ser proposto se vocês ganharem?

MM – A estudar.

GG – Não sabemos ainda. Pode ser colocada uma proposta, poderá ser proposto.

André Pugliesi – Candidato Malucelli, recentemente o senhor disse que não seria candidato por ser difícil conciliar o clube com sua atividade profissional. Como chegou à decisão de aceitar a proposta de se candidatar?

MM - É complicado, toma muito tempo. Realmente atrapalha a vida profissional de quem não tem uma vida profissional definida. Tem que se dedicar a outros afazeres e eu disse que não era candidato porque não era candidato realmente naquele momento. Na última semana é que, com o convite que o próprio Fanaya fez para mim, para que eu fosse presidente do Conselho de Administração e ele seria o presidente do Conselho Deliberativo, isso está no jornal de vocês. A partir daquele momento eu disse que não seria candidato, e que por uma dever de lealdade iria consultar os meus companheiros do Atlético, mais notadamente o Petraglia e o Fleury. E se houvesse uma afirmativa, sairíamos numa chapa nossa, não numa chapa de fora. E foi o que aconteceu própria e foi o que aconteceu na última semana. No Recife é que foi proposto para que eu fosse candidato.

Linhares Júnior – O Atlético está pronto para viver sem o Petraglia ou ele ainda é uma figura essencial na vida do Atlético?

MM - O Petraglia ainda é uma figura essencial na vida do Atlético, no meu entendimento. O Atlético não se pode dar ao luxo de afastar o Mário Celso, nem aceitar o afastamento dele de forma integral, total. Em alguns pormenores, alguns momentos ele tem que se fazer presente. Até porque faz 13 anos que ele está lá e tem muito coisa que ainda tem que passar para outro, como já está. Ele não terá mais no Atlético o mesmo poder de decisão que tinha então. Ou que tem ainda, pois até o dia 8 é essa diretoria que comanda o clube. Mas, sem dúvida, se nós vencermos a eleição, ele não terá mais o mesmo poder que tinha. Não vou ficar lá para ser mandado, o Gláucio tampouco. Aliás, foi uma das razões que eu aceitei a direção de futebol, desde que eu tivesse carta-branca e não ficasse lá como um preposto de quem quer que fosse. E isso nós passamos lá, ninguém foi lá. O Mário Celso só foi uma vez ao CT, para acompanhar uma delegação de empresários da Inglaterra que foram ver coisas de patrocínio, que é a parte que compete à presidência. No futebol ele não mais esteve, não se atravessou, não falou nada. Essa mesma carta-branca eu vou ter na presidência do clube. Não vai ser Mário Celso, Fleury ou quem quer que seja que irá mandar. Vamos precisar dele? Vamos precisar. Temos algumas coisas institucionais que precisam da presença dele. Possivelmente seja criado um comitê para a Copa do Mundo e ele deve ser parte integrante desse comitê. Vamos ter relacionamento com o Clube dos 13, CBF, que ainda é importante. Mas já preparando outras pessoas para que assumam estes encargos. Não podemos ficar dependendo no resto da vida do Atlético do Mário Celso Petraglia.

GG - Não é uma pessoa que podemos subestimar a inteligência dele. Temos falado muito com ele nos últimos dias. Ele tem consciência da situação dele, do que fez, do que deixou de fazer, do que poderia ter feito, e ele sabe da situação dele no clube. Não está se furtando de falar para outras pessoas. É um desgaste que é normal de 14 anos da diretoria, e evidentemente no futebol há resultado de momento, que a torcida é passional, esquece resultados do passado, esquece das conquistas. Como vocês vão se relacionar com ele? Com total independência.

Rodrigo Fernandes - O Atlético tem uma dívida de 15 milhões de reais e a conclusão da Arena custaria 40 milhões e como pagará isso?

MM - O Atlético não tem dívida de 15 milhões. Essa dívida de 15 milhões foi falada pelo Faria e eu pedi para que ele discriminasse o que é essa dívida. Não temos dívida de 15 milhões. O que nós temos é um empréstimo de R$ 4,5 milhões contraído junto à Caixa há questão de dias, que se destina à edificação do primeiro anel da parte que resta da Arena. Empréstimo com carência de 6 meses e 5 anos para o pagamento. Vamos ter obrigação com a Caixa de cerca de R$ 90 mil por mês para cumprir este pagamento. Vezes 60 meses, são 5 milhões e tanto, pois tem o juro. Só que essa construção vai permitir que tenhamos 5 mil cadeiras a mais. Hoje tem mais de 1500 pessoas relacionadas para comprar essas cadeiras, mas com certeza vamos vender essas 5 mil. Nos dá renda média de R$ 40 -- pois a cadeira é R$ 50 e alguns sócios pagam R$ 25, então R$ 40 é a renda média. Com 5 mil cadeiras na faixa de R$ 40 faturaremos R$ 200 mil por mês, o que vai pagar a prestação do empréstimo e sobrar dinheiro para o clube. Isso não é dívida, é investimento, é patrimônio. É um investimento que estamos fazendo que vai se pagar com sobras. O resto são empréstimos judiciais que temos que recorrer a bancos, porque isso é inevitável. Nós temos um empréstimo em banco que pagamos parceladamente. Isso dá em torno de R$ 2 milhões. Temos encargos, compromissos com parceiros. Por exemplo, no caso Dagoberto. Todo mundo, ele sabe veio do PSTC e o dinheiro que o São Paulo depositou em juízo, R$ 5,46 milhões, está na Justiça do Trabalho até que se tenha o julgamento definitivo do processo dele, no TSE, em Brasília. Esse dinheiro pertence metade ao PSTC. É a obrigação que temos com o PSTC quando sair a decisão. A outra metade é nossa. É uma dívida não vencida e o dinheiro está disponível. É o mesmo caso do Guilherme, ex-atleta nosso, é uma obrigação futura. O goleiro Guilherme, que nós vendemos, também era metade do PSTC. Recebemos do Lokomotiv, mas usamos o dinheiro, em concordância com o PSTC, numa dívida que tínhamos em juízo com uma ação antiquíssima de 1983, do Onaireves Moura. Um negócio de bingo do Pavoc, que ele não pagou a comissão dos corretores e essa comissão dos corretores, depois de uma ação judicial... E teve uma perícia, que não acompanhamos, pois não havia advogado, não sabemos o que aconteceu. E estourou em uma dívida de quase R$ 4 milhões. De comissão, que era de 7%. Isso veio depois de 95, contratamos o escritório do Dr. Marçal Justen. Controlamos a situação e fizemos agora um acordo para fazer um pagamento. Precisamos de dinheiro, fizemos a venda do Guilherme, consultamos o PSTC para fazer a venda e eles concordaram em a gente segurar os 50% deles para o pagamento desta dívida. Então, teremos essa obrigação com o PSTC, mas que iremos usar o dinheiro do Dagoberto que está lá na frente. Fora isso, não tem dívida. Eu quero que apresente a dívida.

RF - A Arena sai por R$ 40 milhões?

MM - Nós temos R$ 4,5 milhões para fazer o primeiro aneç, são mais 5 mil lugares. Depois (no segundo anel), mais 10 mil lugares, não dá 40 (milhões). Salvo que nós tenhamos que adaptar a Arena aos encargos da Fifa. Vai modificar (o projeto) e aí certamente chegará a este número. Nós temos o vestiário atrás do gol. O caderno da Fifa fala em entrada pelo centro do gramado. Se terminarmos por nossa conta, sem pensar na Copa do Mundo, não precisaremos trazer o vestiário para a área central. Deixa como está. Está pronto. Se nós nos adaptarmos ao caderno da Fifa, sai mais caro. Temos a sala de imprensa de 120m². Precisaríamos de uma de 300m². Teremos que ter uma zona mista de 500m². Uma área de estacionamento de 2.000 lugares, nós temos hoje 500, com ampliação passaremos a 1.000. Temos que ter área de estacionamento para ônibus de delegações visitantes. Hoje o ônibus entra e manobra de ré; a Fifa exige que o ônibus entre direto e não faça manobra para ficar a 1,5 m da porta de acesso do visitante. Isso tudo vai (fazer) chegar ao valor alto.

Tiago Recchia - Não acha que a Arena foi mal planejada?

MM – Não, absolutamente, de jeito nenhum. Nenhum estádio do Brasil atende às exigências da Fifa hoje. Quando construímos a Arena, o caderno de encargos da Fifa era um, o de 1997, àquele caderno nós estamos enquadrados. Em 2002, eles alteraram o caderno de encargos. Vocês têm que ver que em 1998, os estádios da Copa (da França) foram todos reformados e só Saint-Dennis foi construído. Em 2006, que foi a (Copa) da Alemanha, foram todos construídos, pois mudou o encargo da Fifa.

LMJ - Como os senhores pretendem financiar essa conclusão da Arena? Com recursos do clube, parceria ou financiamento público?

GG – É um processo que está começando agora. Tem coisas que dependem do governo municipal, do governo estadual e do governo federal. Não é só o Atlético terminar o estádio que está tudo legal. Tem uma série de fatores políticos daqui para a frente que vão ter que ser conduzidos, com verbas federais, estaduais. O Atlético é o candidato.

MM - Temos que reconstruir a cidade.

LMJ – Mas o que diz respeito ao clube é o estádio. Qual o plano dos senhores para concluir a Arena com e sem Copa?

GG – Com Copa, com patrocinadores. Como eles também estiveram na Alemanha. Todos os estádios tiveram seus investidores. Claro, temos que ver que o mundo entrou numa recessão que está começando a cair no esporte. O Tiger Woods tinha um patrocínio de US$ 20 milhões com a GM e perdeu. O São Paulo (está) discutindo a renovação do patrocinador da camisa. Vamos ter problemas lá para frente, inclusive no Brasil. Há uma situação mundial lá na frente.

MM - Como Londres, que se arrependeu de ter se candidatado e ganhado a Olimpíada de 2012. O governo londrino não conseguiu arrecadar um terço do que tinha planejado arrecadar.

Eduardo Klisiewicz – Como ficam as parcerias do Atlético, com PSTC, Capa, parcerias que a oposição chama de sombrias? E as categorias de base?

MM – Quais seriam as sombrias?

EK – A oposição cita a Ferroviária de Araraquara.

MM - Parceria com Ferroviária de Araraquara nós não temos. Nós temos parceria com o PSTC desde 1998, era o Ademir Adur o presidente. Parceria com o Uniclinic e com o Porto, de Pernambuco, que já eliminamos. Então nós só vamos manter a única que nos deu jogador. A Uniclinic deu um único jogador que foi o Rogerinho, que vendemos para o Kuwait. Temos uma meia dúzia de jogadores que não sabemos o que vai dar. Com o Capa vamos eliminar. Termina o contrato no final do ano, não deu vantagem nenhuma para a gente. Nunca tivemos parceria com a Ferroviária de Araraquara. Nós emprestamos alguns jogadores e mais nada. Ouvi dizer que jogadores foram para lá e de lá seguiram para a Alemanha. É mentira. Os que foram acabaram voltando, não vendemos um único jogador. Me aponte um único jogador nosso que tenha ido para a Ferroviária de Araraquara e que de lá tenha saído, surrupiando os direitos do Atlético, tenha ido para qualquer time do mundo. Qualquer. É mentira de quem falou, e quem falou foi o Faria e ele mentiu. Isso não é verdade. Se fosse verdade isso - estou há seis anos no clube - e se eu soubesse, teria saído do clube no dia seguinte. Não admito e não vou admitir que façam qualquer falcatrua dentro do Atlético. Comissão mal paga, participação em jogadores. Isso não tem e não terá enquanto eu estiver lá dentro.

RF – Por que o Atlético não revela jogador 100% seu na base?

MM - Não terminei. Categoria de base. A comissão técnica que cuidava de juniores e mais alguns coordenadores de base foram embora. Contratamos o Ricardo Drubvski que foi coordenador de base do Cruzeiro, com muita experiência. Ele acompanhava essas equipes do Cruzeiro, do São Paulo e Vitória em excursão. Levava o Cruzeiro para excursão para 20 torneios na época, como o Atlético está faendo, sempre está fazendo em algum lugar do mundo. E nenhum (jogador) ficou lá por conta de empresário, nada. Estamos reformulando, trocamos alguns treinadores, trocamos alguns captadores, antigo olheiro. Há uma reformulçao, e até o final do ano vai ser maior ainda. Vamos ainda diminuir a quantidade de jogadores. Temos 82 jogadores de categorias de base, só no júnior e no juvenil. São 82, sendo que jogam 11 por categoria, são 22, mais 22 no banco. Então já dispensamos alguns, seguindo critérios técnicos, aquela parte toda do computador. Vamos fazer também reformulação do profissional. Vai ficar lá uma quantidade menor de jogadores, mas com qualidade. Quem não tiver qualidade, vai embora, não importa quem indicou.

RF – O Atlético tem, por exemplo, o Patrick, artilheiro da Copa Tribuna, que é 50% do clube e 50% do PSTC.

MM - O menino é bom, o que vamos fazer? Eles têm um olho clínico em Londrina. Uma cooperativa de médicos. Eu não conheço eles, só o Mário Iramina, os outros não conheço. Os jogadores que vêm de lá são os que dão certo. Dagoberto, Alan Bahia, Kléberson, Guilherme, Pimba... Vem de lá, não vem ninguém do Porto e do Uniclinic; veio o Rogerinho... Agora no fim do ano, só vai ficar a parceria com o PSTC, pois essa é a única que comprovadamente dá resultados. Eles falam que o PSTC tem o Petraglia, não tem. Até onde eu sei, não tem. Todo mundo fala e ninguém prova. Se alguém provar se tem, nós acabamos com a parceria. Embora isso traga prejuízo técnico e financeiro para o clube. Então, é balela, não tem. A coisa é série e, se não fosse, eu não faria. Não sou cartola, não sou dirigente, não tenho a intenção de ficar eterno presidente do Atlético e nem ser candidato a vereador, deputado. Sou atleticano. Se eu perder a eleição, primeiro jogo eu estou lá com a bandeira, no meu camarote torcendo, quem quer que seja o presidente. Sou atleticano sempre. Eu não tenho a intenção de fazer carreira no Atlético.

Airton Cordeiro - Qual sua posição como presidente do Atlético no relacionamento com a imprensa?

MM – Eu sou contra isso (problemas de relacionamento ou proibição de cobertura de veículos). Comigo na posição de presidente do Conselho Administrativo não vai ter isso. Estou falando publicamente para quem quiser ouvir e ler Pela liberdade de imprensa que a própria lei assegura.

GG – Para reforçar a posição do Marcos Malucelli, digo que de minha parte também. Diria a você que teremos novos tempos de relacionamento. Sou muito aberto a críticas. Nós precisamos de vocês, assim como vocês precisam de nós. Na segunda-feira, a primeira coisa que eu fiz após o anúncio da candidatura foi ir à torcida os Fanáticos. Eu fui. Almocei com os Ultras. É tão boa essa convivência democrática. Vamos divergir, vai haver crítica, mas não com agressividade.

Carneiro Neto – O Atlético trocou várias vezes de técnico e preparador físico, tem dezenas de jogadores. Não tinha um acompanhamento da diretoria ao futebol ou esse era um departamento à parte, ao qual os senhores não tinha acesso? O futebol do Atlético virou um caos.

MM - O Gláucio não acompanhava o futebol e eu também não acompanhava o futebol antes de ser vice-presidente. Eu conheci o CT há pouco tempo. Antes ficava no clube na área de coordenação jurídica. No vestiário do Atlético eu nunca tinha entrado. Nunca fui lá antes do jogo e depois do jogo na Arena. Evidentemente, o futebol era comandado por quem administrava o setor e os outros componentes da administração podiam dar seu palpite, mas não tinham poder de decisão. O poder de decisão só passou para outra mão depois que eu assumi, em setembro. Evidentemente eu fazia minhas críticas, mas eu não tinha poder de decisão. Já alteramos bastante coisa lá dentro e hoje ainda estamos conseguindo sair da situação em que estávamos.

CN – Precisou o Atlético estar na situação que se encontra para fazer uma abertura dentro do próprio clube para a própria diretoria?

MM – É possível. A verdade é que mudou o conceito, estávamos numa situação ruim e quem sabe por isso mesmo chegamos a essa situação que você citou no final da pergunta.

CN – Essa abertura de tamanha magnitude que vai ter até eleição se deu em razão de quê? Uma desistência do Petraglia de deixar de ser o dono do clube?

MM – Acho que ele chegou à conclusão que essa época de um só comandar não tem mais. Até mesmo alguns clubes que vocês constantemente citam, de onde pessoas que mandavam e faziam saíram. E chegou a um ponto em que ele cansou. Não é fácil comandar um Atlético por um ano, três anos. E 13 anos então? E pegando do jeito que pegou. Quem pegar hoje, pega em uma situação boa; Vocês sabem como era em 95.

GG – Poderia ter aparecido (outro candidato) nas eleições, mas ninguém montava chapa. O direito de cada um não foi tirado de votar. Em todas as eleições foi publicado edital, mas não apresentavam chapa. E aí foi indo, foi indo, foi indo.

LJ – Algumas pessoas da oposição falam em medo do Petraglia. O que o Petraglia tem de tão assustador?

MM – Eu não tenho medo do Petraglia.

GG – Eu também não. Sou companheiro dele de faculdade, fizemos cursinho e nos formamos juntos.

AC – E a Fundação?

MM - Sobre a fundação, o senhor chegou atrasado e seu colega já perguntou (risos na sala). Já está respondido, mas essa fundação está prevista no estatuto e consistirá ao Conselho de Administração elaborar um projeto da fundação com patrimônio, finalidade e direção e encaminhar ao Conselho Deliberativo para ele apreciar e aprovar ou não.

CN – E por que o Atlético precisa de uma fundação?

Não estamos dizendo que o Atlético precisa de uma fundação, mas admite a hipótese. Porque se você não colocar, mais tarde vai ter que mudar o estatuto para colocar. A fundação está presente no Código Civil, é tutelada pelo Ministério Público. Nós temos que preservar o nosso patrimônio. O Atlético não é o mesmo do nosso tempo de jovem. Tem estádio, a Arena, que vale muito dinheiro, o único ônus que tem lá é agora a garantia que nós demos para caixa dos dois terrenos que eram do colégio como garantia do empréstimo, pois são matrículas separadas. O CT, sem nenhum centavo de dívida. É um patrimônio de 100 milhões de dólares. Nunca iríamos imaginar que o Atlético teria um dia um patrimônio desses. Temos que preservar este patrimônio. A fundação poderá ser uma forma de assegurar.

CN - A fundação então está mal entendida. Vocês querem evitar que alguém dirigente amalucado venda o patrimônio do clube.

MM – Claro. Se você tiver isso dentro de uma fundação, ele não pode ser vendido. Salvo que os conselheiros deliberem e o Ministério Público acompanhe a alienação, a transação. Tem que ter a aprovação do conselho. É isso que queremos. Submeter nosso patrimônio à tutela do Ministério Público e pertencerá à Fundação CAP. Não iremos dar nosso patrimônio para ninguém.

AC - E a fundação será destinada Petraglia....

MM - Não, não fala isso.

AC – É o que se comenta.

MM – Ah, é o que se comenta. Não pode. A Fundação é do Atlético.

AC – O próprio Faria disso aqui ontem.

MM – Mas você acredita em tudo o que o Faria disse?

AC – Estou pegando os argumentos dele para perguntar a você.

MM – Não, você é pessoa muito inteligente, foi constituinte. Sabe que isso que ele tem dito não é verdade. Ele está dizendo, mas não está mostrando para você. Nós nunca falamos sobre isso (fundação). Hoje que estamos falando. Não deixaremos só sob tutela do nosso conselheiro, pois aí pode dar interesse. Tem que ter o Ministério Público preservando o patrimônio do Atlético.

CN – O futebol do Atlético, em parte, decaiu por causa dessa obstinação pela Copa do Mundo, sob a desculpa de que com a Copa a Arena fica pronta. Qual a importância da Copa do Mundo para o Atlético?

MM - O mais importante de tudo para nós será o futebol. A conclusão do estádio, a Copa do Mundo, todo o resto é depois. Se antes a gente investia em tijolo, agora vamos investir em chuteira. Mas chuteira de primeira qualidade, não a chuteira antiga. Vamos investir em jogador, em qualidade, em detrimento à quantidade que hoje nós temos.

GG - A Copa do Mundo é importante, mas não depende só do Atlético. Depende do município, estado, (governo) federal, patrocinadores e tal. Então, o que nós precisamos hoje? Ninguém mais quer voltar àquele estádio velho, que no fundo dos gols existia uma cerquinha de madeira ou banheiro nojento. O Atlético não é um time de futebol, é um clube de futebol. Segundo nós temos que ter uma casa de espetáculos, uma arena. Não somos nós que estamos pedindo, isso é o torcedor. Não só o nosso, o de todos. O Coritiba vai implodir o estádio dele para construir um novo, e acho o estádio do Coritiba bom. O torcedor liga a televisão, vê um jogo na Inglaterra com todo mundo ssentado, campo maravilhoso, sem fosso e pensa: "Eu não tenho isso. Eu quero ter isso, quero conforto". Há dez anos, eu não teria coragem de levar minha neta de 5 anos a um campo de futebol, ou minha mulher, minha filha. Hoje, 50% dos freqüentadores são mulheres, famílias. Temos que ter uma casa de espetáculo. Ninguém quer parar o carro a 2 quilômetros para ser roubado, quer parar embaixo. Minha mãe tem 98 anos de idade, foi ver um jogo do Atlético. Eu parei na porta do elevador, ela desceu, tomou o elevador e desceu na cadeira. Isso era possível tempos atrás? Não. Há necessidade de investimento de todos os lados, falando de Copa do Mundo. Então, você tem aquele primeiro anel que está sendo construído. Economicamente ele é rentável, pois vai ser vendida aquela cadeira. A venda de cadeiras dá receita para o clube. Vai ser necessário um planejamento. Não para três anos, para dez. Nosso mandato é de três anos. Cumprido isso, vem outro, sou favorável à renovação. Vai outro lá, tomara que vá bem. Como atleticano, não posso esperar que o clube vá mal para depois me avaliar: "Se eu estivesse lá..."

LMJ – Como será a relação do Atlético com os clubes rivais e com a Federação? Os senhores alugariam a Arena para o Coritiba enquanto ele estiver construindo seu estádio?

GG - O representante deles falou que o último clube que eles procurariam seria o Atlético Paranaense.

MM - Eles disseram que preferem jogar na Suburbana com portões abertos.

GG - Não somos nós que iremos oferecer.

MM – A relação com os clubes será dentro do conceito de associação e temos um representante para isso que é a Futpar. E com a Federação vai depender da Federação.

Robson de Lazzari – O Coritiba saiu da Futpar.

MM – E saiu por quê? Encontrei o Jair Cirino um dia depois e ele me disse que saiu porque pretende ter uma relação mais estreita com a Federação. Porque tem um vice-presidente que é do Coritiba, acha que vai prestigiar a Federação e por isso ele saiu.

LJ - Sobre o risco de rebaixamento, há um plano B?

MM – Não temos plano B. É plano A, Série A.

LJ – Mas e se isso acontecer?

MM – Não tem risco de acontecer. É Série A. Não tem plano para a Série B.

RL - Quem cuidará do futebol?

Por enquanto no Conselho de Administração só tem duas pessoas confirmadas que trabalharão comigo: o Ênio Fornéa e a Yara Eisenbach. Ainda serão escolhidos de três a nove nomes.

AP – O senhor não ficará mais tão próximo do futebol?

MM - Não tem confirmado. Vamos esperar segunda-feira, ver quem eu vou ter no Conselho de Administração. Eu não quero é que o futebol volte ao que era, então tem que tomar cuidado para por alguém lá, porque não são todos.

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