O brasileiro Royce Gracie (foto) está em Curitiba hoje para um seminário de jiu-jítsu dedicado aos fãs da arte marcial. O lendário lutador falou à Gazeta do Povo sobre o momento do MMA atual, o declínio dos brasileiros e as repetidas lesões em treinos. A aposentadoria de Wanderlei Silva e o retorno de Anderson Silva também foram tratados.
O que você achou da aposentadoria do Wanderlei Silva?
O Wanderlei marcou época no Japão, gostava mesmo de assistir ele lutar no Pride. Ele carregou a bandeira do Brasil na modalidade por muito tempo.
E as críticas dele ao UFC?
Não vi o vídeo dele, mas a condição dada ao atleta pode sempre melhorar. Já melhorou bastante. No começo, [o combate] era cru. Era sem luva, sem tempo, sem limite de peso. Hoje temos regras. A luta é igual para os dois lados.
O que espera do retorno do Anderson Silva ao octógono?
Temos de ver ele entrar no ringue para saber. O Anderson sabe o que tem de fazer. Não é marinheiro de primeira viagem. Se estiver com a cabeça boa, tem tudo para voltar bem.
O longo tempo de inatividade pode atrapalhar?
Às vezes é bom descansar um pouco. Ele está nessa pressão há anos. Nós, como fãs, não queremos que esses caras parem nunca, mas o lutador tem de saber a hora certa. Tem de continuar porque tem vontade. Se lutar só por dinheiro, tem de parar.
O que tem acontecido com os brasileiros no UFC? Atualmente só o José Aldo tem um cinturão...
Está todo mundo treinando, montando estratégia. Uma porção de brasileiros perdeu o título de uma vez, mas há uma nova geração chegando, garotos novos. No Brasil tem muito talento. Não estamos atrás [dos estrangeiros].
Por que as lesões são cada vez mais comuns no MMA?
No treinamento, o técnico tem de empurrar o atleta ao limite, mas ao mesmo tempo tomar conta dele como se fosse um bebê. É uma matemática complexa. Você treina para tentar chegar ao topo, mas pode se machucar e não vale a pena lutar assim .
Como você analisa a evolução do MMA?
No começo, era um estilo contra outro. O jiu-jítsu dos Gracie contra o tae kwon do, o karatê contra o judô, o kickboxing contra o sumô. Hoje, depois de anos provando que o jiu-jítsu é a defesa pessoal mais completa, as coisas mudaram. Não é mais um confronto de artes marciais. É um atleta contra o outro e vence quem está mais preparado, quem consegue estragar a estratégia do adversário. Um xadrez. Planeja-se a luta para o outro errar.